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REVISTA DA ARMADA | 523


          O REGRESSO À TERRA NOVA





          A MISSÃO ATRIBUÍDA

             Marinha, em cooperação com a Direção-
         A-Geral de Recursos Naturais, Segurança e
          Serviços Marítimos (DGRM), tem empenhado
          ao longo dos últimos anos os seus navios em
          missões de fiscalização da atividade piscatória
          ao largo dos Grandes Bancos do mar da Terra
          Nova. A última missão foi realizada no passado
          mês de agosto, a bordo do NRP Viana do Cas-
          telo, sob coordenação da Autoridade Nacional
          de Pesca.
           Atualmente estas ações de fiscalização são rea-
                                            2
          lizadas numa área de cerca de 2.700.000 Km ,
          onde os navios da Marinha percorrem mais de
          7.000 milhas náuticas em águas internacionais
          no Atlântico Noroeste, numa área denominada
          por  “área  da  convenção”  Northwest  Atlantic
          Fisheries Organization, NAFO.
           Assim, na tarde do dia 1 de agosto, pelas
          16h00, o NRP Viana do Castelo iniciou a sua
          missão, embarcando na Base Naval de Lisboa
          (BNL) um elemento coordenador da Agência Europeia de Con-  O mar da Terra Nova é ponto de passagem de depressões tropi-
          trolo de Pescas (EFCA), dois inspetores de pesca da DGRM e um   cais e de tempestades subtropicais, a que estão associados ven-
          inspetor de pesca da Letónia.                       tos intensos e mar alteroso, resultado do resquício dos furacões
           Tendo em conta as nossas responsabilidades e os desafios ope-  formados mais a Sul, muitos deles na América Central, e que vão
          racionais que se avizinhavam, o NRP Viana do Castelo, estando   perdendo força à medida que se movimentam para Nordeste, ao
          pronto e capaz, definiu como desígnio fazer jus ao seu lema “NO   longo da costa Leste dos Estados Unidos da América. A navega-
          MAR SEMPRE VIGILANTES”, só que desta vez no MAR DOS GRAN-  ção nesta área obriga por isso à monitorização contínua da evo-
          DES BANCOS DA TERRA NOVA.                           lução das condições meteorológicas, com especial prudência e
                                                              atenção.
          SINERGIAS COM A AUTORIDADE NACIONAL                  Situação que se veio a confirmar com a presença do furação
          DE PESCA                                            GERT, que passou na área NAFO nos dias em que o navio esteve
                                                              atracado em St. John´s.
           Os navios da Marinha proporcionam aos inspetores embarca-  Acresce ainda que o nevoeiro é o maior obstáculo à segurança,
          dos os meios logísticos e equipamentos de segurança necessá-  em especial para a operação das semirrígidas que transportam
          rios para o desempenho da sua missão, cabendo ao Comandante   os inspetores, tendo o NRP Viana do Castelo experimentado dias
          do navio a responsabilidade do plano detalhado de navegação,   seguidos de navegação sob nevoeiro cerrado.
          por forma a realizar a fiscalização às embarcações selecionadas,
          em segurança e em tempo.                            FISCALIZAÇÃO NA ÁREA NAFO
           O planeamento das fiscalizações foi assumido como a fase mais
          importante do processo, o qual muito suportado pelas capacida-  O dia 6 de agosto marcou o dia de entrada na área NAFO, dan-
          des satélite disponíveis a bordo, não só permitia o esclarecimento   do-se assim início à monitorização dos navios que se encontra-
          da sea picture, mas também garantia a troca de informação com   vam nesta área. Durante grande parte da missão na área de ope-
          as autoridades canadianas. Os oficiais de bordo, em conjunto com   rações,  as  adversas  condições  meteoceanográficas  verificadas,
          o coordenador, reuniam-se diariamente para debater, escolher   bastante típicas nesta região, e o número diminuto de embarca-
          os alvos a fiscalizar no dia seguinte; este processo terminava com   ções de pesca, dificultaram a realização de ações de fiscalização
          apresentação dos alvos, das janelas de tempo para efetuar a fisca-  em grande número.
          lização (fiscalizações com duração entre 3 a 4 horas) e da sugestão   Assim, no dia 7 de agosto realizou-se a primeira ação de fisca-
          de navegação para as próximas 24 horas, tendo em conta os fato-  lização, abordando um navio de pesca português, sucedendo-se
          res meteoceanográficos versus posição geográfica dos alvos.  mais tarde uma segunda fiscalização, especificamente a um navio
                                                              espanhol, culminando num total de seis navios fiscalizados.
          O DESAFIO CONSTANTE DA METEOROLOGIA
           Embora agosto seja climatologicamente um mês mais “bené-  PRESENÇA NAVAL EM ST. JOHN´S
          volo”,  comparativamente  com  os  restantes  meses  do  ano  no   Além das atividades operacionais de apoio à fiscalização, outra
          Atlântico Noroeste, especialmente em termos de temperaturas   tarefa do navio é garantir a presença da Marinha Portuguesa no
          mais amenas e de melhor estado do mar, não deixa de constituir   Canadá, tendo sido para esse fim concretizada uma visita logís-
          elevado desafio para toda a guarnição.              tica ao porto de St. John´s.


          8   NOVEMBRO 2017
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