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REVISTA DA ARMADA | 523
          GESTÃO DE RECURSOS DA PONTE



          2017: O ANO DA MUDANÇA














































          “Tell me and I will forget, show me and I may remember, but   cada situação são tão ou mais determinantes para o sucesso da
          involve me and I will understand”.                  missão que os conhecimentos técnicos sobre o navio. Mas que
                                                  Provérbio chinês  competências são estas que o comandante do navio e os elemen-
                                                              tos da sua guarnição devem ter?
             comandante de um navio, qualquer que seja a sua missão,   A compreensão do erro como principal responsável pela ocor-
         O militar, mercante ou de recreio, tem sempre a mesma preo-  rência de incidentes e/ou acidentes e os vários acidentes ocorri-
          cupação: garantir que a sua navegação decorre sem incidentes e   dos nas últimas décadas (ex. falha de resposta num incêndio no
          que os seus conhecimentos e os da sua equipa, os preparativos e   Túnel da Mancha em 1996 ou o naufrágio do Costa Concordia
          a partilha de informação, são suficientes para garantir o sucesso   em 2012) têm demonstrado que a resolução de problemas de
          da viagem. Mas será a responsabilidade partilhada peça chave   segurança não pode assentar apenas na tecnologia ou no conhe-
          para estes navegadores?                             cimento técnico dos indivíduos. O fator humano é cada vez mais
           Liderar a equipa a bordo, olhando para as necessidades de cada   determinante, conforme explanado na Resolução A.850(20) da
          um e articulando-as com os objetivos operacionais atribuídos;   International  Maritime  Organization  (IMO),  a  Human Element
          “passar a palavra” do que é verdadeiramente importante para a   Vision, Principles and Goals for the Organization em que é apre-
          guarnição, apostando na comunicação vertical e horizontal; gerir   sentado o comprometimento da IMO em “aumentar significati-
          as dificuldades associadas ao aparecimento da fadiga e ao stress   vamente a segurança marítima (…) abordando o fator humano
          gerado pelas situações do dia a dia; garantir que o planeamento   para melhoria do desempenho”, contribuindo para “diminuir a
          é do conhecimento de todos e devidamente executado; tomar,   possibilidade de erro humano tanto quanto possível” formando
          em todas as situações, decisões fundamentadas e baseadas na   quem opera em ambiente marítimo para “aumentar o seu conhe-
          solução apoiada por todos e, acima de tudo, ter consciência da   cimento e consciência do impacto do fator humano em operações
          realidade que o rodeia, em cada momento, em todos os momen-  seguras com navios e para ajudá-los a fazer o que é correto”.
          tos… Estas são as preocupações do comandante do navio, seja   O ano de 2017 assinala uma mudança de paradigma no que à
          em terra ou no mar. A garantia de chegada a bom porto e do cabal   certificação e treino em ambiente marítimo diz respeito. Graças
          cumprimento da missão pressupõe muito mais do que conheci-  às alterações à Standards of Training, Certification and Watch-
          mentos de navegação, de operação e tática ou do funcionamento   keeping for Seafarers (STCW) de 1978 introduzidas pela STCW
          da plataforma. Garantir que os comportamentos de todos são os   Convention  &  Code  2010  Manila  Amendments (International
          mais adequados, contribuir para a minimização da cadeia de erro   Maritime  Organization,  2010),  são  definidos  “novos requisitos
          e  disponibilizar  a  informação  que  todos  necessitam  saber  em   para o treino da consciência do ambiente marítimo e para o treino


                                                                                                 NOVEMBRO 2017  11
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