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REVISTA DA ARMADA | 524

                        O REFORÇO DE UMA CULTURA DE


                        SEGURANÇA NO MAR





          SITUAÇÃO ATUAL                                      tindo o aviso antecipado de um eventual acidente, assim como
                                                              uma resposta mais rápida das autoridades em caso de necessi-
             permanência no mar constitui um risco acrescido para pes-  dade. Com estes planos de cooperação pretendemos também:
         A soas e bens, quer seja em atividade profissional ou em lazer.   •  Complementar os procedimentos estabelecidos no âmbito da
          Se analisarmos em particular um setor de atividade marítima – a   busca e salvamento;
          pesca – constatamos que as condições de trabalho e de vida a   •  Definir  orientações  relativamente  ao  modo  de  atuação  dos
          bordo das embarcações de pesca ocorrem num espaço reduzido,   vários intervenientes no salvamento, incluindo a associação de
          com duração e ritmos de trabalho intensos, sujeitos a condições   armadores, os armadores ou seus representantes.
          climáticas que facilmente se podem tornar adversas. Todos estes   •  Praticar através de exercícios, apresentações, sessões informa-
          fatores  contribuem  para  a  ocorrência  de  acidentes  a  bordo  e   tivas  com  periodicidade  mínima  anual  os  procedimentos  de
          ainda para o agravamento das suas consequências.      emergência e de segurança, envolvendo as embarcações, os
           A segurança no mar tem sido uma prioridade para os órgãos   seus representantes em terra, as Associações, a Capitania do
          locais da DGAM – as Capitanias dos Portos – que existem há mais   Porto e o MRCC Lisboa.
          de  2  séculos  e  que  têm  desempenhado  um  relevante  serviço   Para além destes planos de cooperação, a Autoridade Marítima
          público, quer como conservatórias do registo de embarcações   entendeu exercer, ainda de modo mais ativo, o papel que desem-
          e de marítimos, quer na prevenção e reparação dos acidentes   penha nesta matéria, edificando mais iniciativas que contribuam
          marítimos, através das vistorias periódicas de manutenção e de   para o reforço de uma cultura de segurança no mar, a saber:
          ações de busca e salvamento.
           Com o mesmo objetivo, foi criada pelo Despacho Conjunto nº   MAR SEGURO
          7029/2010, de 16 de março, a Comissão Permanente de Acom-
          panhamento para a Segurança dos Homens do Mar (CPASHM)   O Programa “Mar Seguro” tem como conceito promover, junto
          que, sendo constituída por várias entidades com competências   da comunidade piscatória e através de ações de sensibilização, a
          nas áreas da pesca, segurança, formação, saúde, trabalho, segu-  divulgação de uma cultura de segurança no mar, incutindo uma
          ros, etc., se reúne periodicamente para analisar e discutir todas   atitude sustentada de precaução, prevenção de acidentes e pru-
          estas  matérias,  no  sentido  de  promover  a  segurança  dos  que   dência.
          usam o mar.                                          O Instituto de Socorros a Náufragos, órgão regulador do salva-
            Para além da análise de acidentes e estatísticas, de condições   mento marítimo, socorros a náufragos e assistência a banhistas,
          de  trabalho  e  planos  formativos,  têm  sido  tomadas  diversas   constitui-se como o promotor deste programa, tendo o apoio da
          medidas para reduzir os riscos, sendo de destacar as recomenda-  CPASHM, e, como parceiro, a Associação Pró Maior Segurança dos
          ções para melhoria das condições de acessibilidade e permanên-  Homens do Mar (APMSHM), que apoiou o lançamento deste pro-
          cia nos portos, obrigatoriedade do uso dos coletes salva-vidas   grama, designadamente com a produção de um filme pedagógico
          nas embarcações de pesca local, costeira e pesca lúdica, cons-  alusivo ao programa.
          tituição das caixas de primeiros socorros e ações de formação   Os conteúdos programáticos são divididos em quatro áreas temáticas:
          associada, entre outras.                            Dispositivo de Salvamento Marítimo em apoio ao pescador
                                                               Sempre que o pescador sai para o mar deve estar ciente de que não
          PLANOS DE COOPERAÇÃO ENTRE                          está sozinho e que existe uma Estação Salva-Vidas (ESV) com pessoal
          ASSOCIAÇÕES E AS CAPITANIAS DOS PORTOS              especializado e pronto a acudir em situação de emergência.
                                                               Objetivo – Dar a conhecer a localização das ESV, os meios disponíveis
           Apesar  de  todo  este  esforço,  constatamos  que  os  acidentes   e os principais contactos.
          continuam a acontecer. A atividade da pesca no mar é provavel-  Ida ao mar – Regras e cuidados
          mente uma das ocupações profissionais mais perigosas. Apesar do   Antes da saída para o mar, o pescador terá que preparar cuidadosa-
          número de acidentes com embarcações nesta atividade ser infe-  mente a viagem.
          rior ao de outras, o número de mortes continua a superar os valo-  Objetivo – Dar a conhecer as principais regras e cuidados a ter
          res médios obtidos para todas as outras atividades profissionais,   quando se vai para o mar.
          com exceção para o primeiro semestre deste ano, em que ainda
          não ocorreram acidentes mortais na pesca.
           Há que mobilizar capacidades e sinergias para reduzir ao mínimo
          os acidentes e mortes. Assim, para além das entidades que dia-
          riamente  contribuem  para  a  segurança  de  toda  a  comunidade
          marítima, a Autoridade Marítima pretende chamar a esta causa
          todas as associações do setor da pesca para, em articulação com
          as Capitanias dos Portos, estabelecer planos de cooperação para
          contribuírem para o aviso antecipado de acidentes.
           Esta aproximação é fundamental para o reforço da segurança
          de  quem  anda  no  mar.  Os  planos  de  cooperação  incluem  um
          pequeno conjunto de procedimentos que permitem um maior
          conhecimento de situação da faina num dado momento, permi-


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