Page 269 - Revista da Armada
P. 269
Em 21 de Dezembro de 1992 foram dados os primeiros passos na EVOLUÇÃO DOS EFECTIVOS
admissão de pessoal feminino, com o recrutamento de um primeiro FEMININOS POR RAMO E CATEGORIA
contingente de 80 jovens em regime de contrato.
Concorreram 168 candidatas às 80 vagas abertas ao concurso, para RAMO CATEGORIA 1994 1996 1998
as classes de Comunicações, Abastecimento, Condutores mecânicos N % N % N %
de automóveis, Despenseiros, Radaristas, Condutores de Máquinas e Oficiais 0027 017,6 0043 018,1 0055 017,8
Electricistas. Sargentos - - - - 0003 001,8
A Escola de Alunos de Marinheiros, em Vila Franca de Xira, aco- MARINHA Praças 0126 082,4 0194 081,9 0251 081,2
lheu assim o primeiro grupo de recrutas a fim de frequentar o 1º Curso TOTAL 0153 100,0 0237 100,0 0309 100,0
de Formação Básica para Praças (CFBP). Oficiais 0093 016,8 0100 010,0 0166 010,7
O curso teve a duração de 24 dias úteis, com cerca de 5 horas de Sargentos 0145 026,2 0339 034,0 0414 026,6 Dados publicados na edição Nº 88, Nação e Defesa - Mulheres nas FA.
instrução diária, envolvendo Infantaria, Educação Física e Natação, EXÉRCITO Praças 0315 057,0 0559 056,0 0978 063,0
Regulamentos, Armamento portátil, Primeiros Socorros, Marinharia, TOTAL 0553 100,0 0998 100,0 1558 100,0
Organização, Segurança e Procedimentos.
À semelhança do que aconteceu com o primeiro grupo de praças Oficiais 0052 008,6 0052 007,4 0072 011,1
feminino, em Fevereiro de 1993 foram admitidas na Escola Naval FORÇA AÉREA Sargentos 0007 001,2 0026 003,7 0032 004,9
para frequentar o Curso de Formação Básica de Oficiais (CFBO) Praças 0545 090,2 0627 088,9 0544 084,0
durante cinco semanas, as primeiras 18 Oficiais femininas destinadas TOTAL 0604 100,0 0705 100,0 0648 100,0
a ingressar nas classes Técnico Superior Naval (TSN) e Técnico Naval TOTAL 1310 1940 2529
(TN), para as quais foram exigidas habilitações académicas ao nível Quadro 2
de licenciatura e bacharelato.
A PROFISSIONALIZAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS
É esperado que a nova legislação relativa à total profissionalização
das Forças Armadas, assim como a crescente necessidade de pessoal
melhor qualificado, eliminem as diferenças que ainda se verificam
entre pessoal masculino e feminino, através da consolidação do
quadro legal e do estabelecimento de medidas práticas com vista à
equidade efectiva.
Para nos falar um pouco sobre este assunto, entrevistámos a 2TEN
TSN RC Cidália Anjos, licenciada em Gestão de Recursos Humanos,
que ingressou na Marinha em 1993, fazendo parte do primeiro grupo
de Oficiais femininas na Marinha. Começou por prestar serviço na
Superintendência dos Serviços do Pessoal, no Centro de Estudos do
Pessoal, como Técnica de Recursos Humanos e desde Fevereiro
Numa aula do Curso de Formação Básica para Praças (CFBP). deste ano que desempenha funções na DSP, no Gabinete de Estudos
e Planeamento, ficando em acumulação na SSP para assessoria do
Presentemente, das primeiras 18 Oficiais admitidas, duas já saíram Superintendente nos assuntos relativos ao acompanhamento do
da Marinha. serviço militar feminino na Marinha. Neste âmbito, colabora ainda
As áreas de licenciatura e bacharelato dos TSN e TN que estão com a Comissão Permanente dos Uniformes e tem representado a
actualmente a prestar serviço na Marinha são: Marinha no Ministério da Defesa Nacional e integrado a delegação
Matemática Aplicada, Matemática, Direito, Química, História, nacional nas conferências do "Committee on Women in the NATO
Psicologia Clínica, Arquitectura, Gestão de Recursos Humanos, Ges- Forces".
tão, Línguas e Literatura, Economia, Física, Engenharia Informática, Na opinião desta Oficial, com a profissionalização das Forças
Engenharia Química, Psicologia Social, Ciências da Nutrição, Armadas "e à semelhança do que já acontece noutros países, os
Medicina Dentária, Ciências da Comunicação, Gestão e Adminis- ramos provavelmente virão a deparar-se com dificuldades em atrair e
tração Pública, Geologia, Engenharia de Máquinas, Engenharia Téc- reter homens e mulheres, consequentemente penso que as suas preo-
nica de Construção Civil, Secretariado, Engenharia Electrónica, Elec- cupações irão direccionar-se no sentido de que as Forças Armadas
trónica e Telecomunicações, Contabilidade e Gestão Hoteleira. precisarão de ambos e, como tal, deverão ter lugar para homens e
mulheres, considerando as características específicas de cada um".
Os Quadros 1 e 2 mostra-nos os dados disponíveis sobre o cresci- Com a total profissionalização, mais do que homens ou mulheres,
mento global dos quantitativos, bem como as distribuições por ramo
e categoria, que nos permite fazer uma análise sobre a posição e
localização institucional das mulheres militares.
A Marinha (ramo com uma menor presença de mulheres em ter-
mos absolutos), revela uma evolução extremamente moderada,
sendo a tendência para alguma estabilidade em torno dos 12% do
total dos efectivos femininos nas Forças Armadas.
EVOLUÇÃO DOS EFECTIVOS
FEMININOS NAS FORÇAS ARMADAS
MARINHA EXÉRCITO FORÇA AÉREA TOTAL
ANO
N % N % N % N %
1994 153 11,7 5530 420 604 460 1310 100
1996 237 12,2 9980 51,4 705 36,3 1940 100
1998 323 12,8 1558 61,6 648 25,6 2529 100
Quadro 1 As primeiras Cadetes TSN e TN RC desfilando na Escola Naval.
14 AGOSTO 99 • REVISTA DA ARMADA