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Em 21 de Dezembro de 1992 foram dados os primeiros passos na  EVOLUÇÃO DOS EFECTIVOS
         admissão de pessoal feminino, com o recrutamento de um primeiro  FEMININOS POR RAMO E CATEGORIA
         contingente de 80 jovens em regime de contrato.
           Concorreram 168 candidatas às 80 vagas abertas ao concurso, para  RAMO  CATEGORIA  1994  1996  1998
         as classes de Comunicações, Abastecimento, Condutores mecânicos            N    %    N    %    N    %
         de automóveis, Despenseiros, Radaristas, Condutores de Máquinas e  Oficiais  0027 017,6 0043 018,1 0055 017,8
         Electricistas.                                                   Sargentos  -   -    -    -   0003 001,8
           A Escola de Alunos de Marinheiros, em Vila Franca de Xira, aco-  MARINHA  Praças  0126 082,4 0194 081,9 0251 081,2
         lheu assim o primeiro grupo de recrutas a fim de frequentar o 1º Curso  TOTAL  0153 100,0 0237 100,0 0309 100,0
         de Formação Básica para Praças (CFBP).                           Oficiais  0093 016,8 0100 010,0 0166 010,7
           O curso teve a duração de 24 dias úteis, com cerca de 5 horas de  Sargentos  0145 026,2 0339 034,0 0414 026,6 Dados publicados na edição Nº 88, Nação e Defesa - Mulheres nas FA.
         instrução diária, envolvendo Infantaria, Educação Física e Natação,  EXÉRCITO  Praças  0315 057,0 0559 056,0 0978 063,0
         Regulamentos, Armamento portátil, Primeiros Socorros, Marinharia,  TOTAL  0553 100,0 0998 100,0 1558 100,0
         Organização, Segurança e Procedimentos.
           À semelhança do que aconteceu com o primeiro grupo de praças   Oficiais  0052 008,6 0052 007,4 0072 011,1
         feminino, em Fevereiro de 1993 foram admitidas na Escola Naval  FORÇA AÉREA  Sargentos  0007 001,2 0026 003,7 0032 004,9
         para frequentar o Curso de Formação Básica de Oficiais (CFBO)     Praças  0545 090,2 0627 088,9 0544 084,0
         durante cinco semanas, as primeiras 18 Oficiais femininas destinadas  TOTAL  0604 100,0 0705 100,0 0648 100,0
         a ingressar nas classes Técnico Superior Naval (TSN) e Técnico Naval  TOTAL  1310   1940      2529
         (TN), para as quais foram exigidas habilitações académicas ao nível        Quadro 2
         de licenciatura e bacharelato.
                                                              A PROFISSIONALIZAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS

                                                                É esperado que a nova legislação relativa à total profissionalização
                                                              das Forças Armadas, assim como a crescente necessidade de pessoal
                                                              melhor qualificado, eliminem as diferenças que ainda se verificam
                                                              entre pessoal masculino e feminino, através da consolidação do
                                                              quadro legal e do estabelecimento de medidas práticas com vista à
                                                              equidade efectiva.
                                                                Para nos falar um pouco sobre este assunto, entrevistámos a 2TEN
                                                              TSN RC Cidália Anjos, licenciada em Gestão de Recursos Humanos,
                                                              que ingressou na Marinha em 1993, fazendo parte do primeiro grupo
                                                              de Oficiais femininas na Marinha. Começou por prestar serviço na
                                                              Superintendência dos Serviços do Pessoal, no Centro de Estudos do
                                                              Pessoal, como Técnica de Recursos Humanos e desde Fevereiro
         Numa aula do Curso de Formação Básica para Praças (CFBP).  deste ano que desempenha funções na DSP, no Gabinete de Estudos
                                                              e Planeamento, ficando em acumulação na SSP para assessoria do
           Presentemente, das primeiras 18 Oficiais admitidas, duas já saíram  Superintendente nos assuntos relativos ao acompanhamento do
         da Marinha.                                          serviço militar feminino na Marinha. Neste âmbito, colabora ainda
           As áreas de licenciatura e bacharelato dos TSN e TN que estão  com a Comissão Permanente dos Uniformes e tem representado a
         actualmente a prestar serviço na Marinha são:        Marinha no Ministério da Defesa Nacional e integrado a delegação
           Matemática Aplicada, Matemática, Direito, Química, História,  nacional nas conferências do "Committee on Women in the NATO
         Psicologia Clínica, Arquitectura, Gestão de Recursos Humanos, Ges-  Forces".
         tão, Línguas e Literatura, Economia, Física, Engenharia Informática,  Na opinião desta Oficial, com a profissionalização das Forças
         Engenharia Química, Psicologia Social, Ciências da Nutrição,  Armadas "e à semelhança do que já acontece noutros países, os
         Medicina Dentária, Ciências da Comunicação, Gestão e Adminis-  ramos provavelmente virão a deparar-se com dificuldades em atrair e
         tração Pública, Geologia, Engenharia de Máquinas, Engenharia Téc-  reter homens e mulheres, consequentemente penso que as suas preo-
         nica de Construção Civil, Secretariado, Engenharia Electrónica, Elec-  cupações irão direccionar-se no sentido de que as Forças Armadas
         trónica e Telecomunicações, Contabilidade e Gestão Hoteleira.  precisarão de ambos e, como tal, deverão ter lugar para homens e
                                                              mulheres, considerando as características específicas de cada um".
           Os Quadros 1 e 2 mostra-nos os dados disponíveis sobre o cresci-  Com a total profissionalização, mais do que homens ou mulheres,
         mento global dos quantitativos, bem como as distribuições por ramo
         e categoria, que nos permite fazer uma análise sobre a posição e
         localização institucional das mulheres militares.
           A Marinha (ramo com uma menor presença de mulheres em ter-
         mos absolutos), revela uma evolução extremamente moderada,
         sendo a tendência para alguma estabilidade em torno dos 12% do
         total dos efectivos femininos nas Forças Armadas.


                   EVOLUÇÃO DOS EFECTIVOS
              FEMININOS NAS FORÇAS ARMADAS
                  MARINHA    EXÉRCITO  FORÇA AÉREA  TOTAL
           ANO
                   N    %    N     %    N    %     N    %
           1994   153  11,7  5530  420  604  460  1310  100
           1996   237  12,2  9980  51,4  705  36,3  1940  100
           1998   323  12,8  1558  61,6  648  25,6  2529  100
                               Quadro 1                       As primeiras Cadetes TSN e TN RC desfilando na Escola Naval.

         14 AGOSTO 99 • REVISTA DA ARMADA
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