Page 268 - Revista da Armada
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As mulheres
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                nas Forças Armadas
                nas Forças Armadas








         As profundas transformações sociais                  unidades navais impunha que o ingresso de cidadãos do sexo femini-
         e organizativas que se têm verificado nos últimos    no na Marinha se processasse gradualmente, em ordem a conseguir a
                                                              sua integração progressiva e adequada. De referir, que esta mesma
         tempos, fizeram com que as Forças Armadas,           Portaria foi revogada pela Portaria nº. 1232/93 de 30 de Novembro.
         uma instituição tradicionalmente masculina,            Em condições de igualdade com os cidadãos do sexo masculino,
         se adaptassem a um novo modelo com inclusão          os cidadãos do sexo feminino podem voluntariamente candidatar-se
                                                              à prestação do serviço efectivo nas seguintes categorias, formas de
         do recrutamento feminino. Assim, também              prestação de serviço e classes:
         aconteceu em Portugal, onde actualmente,
         a presença das mulheres nas Forças Armadas            A) OFICIAIS:             • Enfermeiros e Técnicos
         são uma realidade que veio para ficar.                1) Quadros permanentes:    de Diagnóstico
                                                               • Marinha (M);             e Terapêutica (H);
                                                               • Engenheiros Navais (EN);  • Técnicos Navais (TN).
                                                               • Administração Naval (AN);
               o início da década de 90 as perspectivas para a integração fe-  • Médicos Navais (MN);   C) PRAÇAS
               minina nas Forças Armadas Portuguesas alteraram-se de forma  • Farmacêuticos Navais (FN).  1) Quadros permanentes:
                                                                                        • Condutores de máquinas (CM);
         Nsubstancial, relativamente àquela que havia sido a participa-                 • Comunicações (C) ;
         ção histórica das mulheres em actividades militares. E foi precisamente  2) Regime de contrato   • Radaristas (R);
                                                               e regime de voluntariado:
         nessa altura que foram criadas as condições que abriram em definitivo  • Técnicos Superiores Navais      • Electricistas (E);
         as Forças Armadas à prestação de serviço militar pelas mulheres.  (TSN);       • Abastecimento (L);
           Esta situação resultou fundamentalmente de dois actos legislativos  • Técnicos Navais (TN).  • Condutores mecânicos
         concorrentes: uma nova Lei de Serviço Militar e uma portaria regulado-  B) SARGENTOS:  de automóveis (V);
         ra da prestação de serviço militar pelas mulheres.    1) Quadros permanentes:  • Taifa (TF).
           A nova Lei de Serviço Militar aprovada em 1991, preconizou um  • Electrotécnicos (ET);   2) Regime de contrato e regime
         serviço efectivo normal na sua generalidade, por um período de 4  • Maquinistas Navais (MQ);   de voluntariado:
         meses, em simultâneo com um serviço militar, em regime de contrato,  • Enfermeiros e Técnicos   • Condutores de máquinas (CM);
         para homens e mulheres, durante um tempo mínimo  de 24 meses e  de Diagnóstico   • Comunicações (C);
         máximo de 8 anos, antecedido de um período de voluntariado. É tam-  e Terapêutica (H).  • Radaristas (R);
                                                                                        • Electricistas (E);
         bém esta lei que cria as condições legais que irão permitir, nomeada-  2) Regime de contrato e regime  • Abastecimento (L);
         mente a partir de  1992, o ingresso das mulheres nas Escolas de  de voluntariado:  • Condutores mecânicos
         Formação de Oficiais e Sargentos com destino aos Quadros  • Electrotécnicos (ET);  de automóveis (V);
         Permanentes das Forças Armadas.                       • Maquinistas Navais (MQ);  • Taifa (TF).
           A partir dessa altura, a situação modificou-se rapidamente com a pro-
         gressiva emissão de regulamentação específica fixando as classes,
         armas e serviços e especialidades abertas às mulheres, em cada ramo  De salientar, que o regime de prestação de serviço e o desenvolvi-
         das Forças Armadas.                                  mento das carreiras do pessoal militar feminino regulam-se pelas nor-
                                                              mas estatutárias aplicáveis ao pessoal militar masculino detentor da
         O CASO DA MARINHA                                    mesma categoria e classe, com salvaguarda dos princípios constitu-
                                                              cionais aplicáveis à protecção da igualdade dos cidadãos e da função
           A especificidade do serviço naval, nomeadamente no que se refere  social da maternidade.
         ao serviço embarcado, levou à publicação da Portaria nº 163/92 de
         13 de Março, considerando que a adaptação das infra-estruturas das  A PRIMEIRA INCORPORAÇÃO FEMININA DA MARINHA

                                                                                             Em 15 de Junho de 1992,
                                                                                           após concurso público, o
                                                                                           primeiro cidadão do sexo
                                                                                           feminino, Maria da Graça,
                                                                                           entrou na Escola Naval, pa-
                                                                                           ra frequentar o Curso de
                                                                                           Preparação Básica de Ofi-
                                                                                           ciais (CPBO) e ingressar na
                                                                                           Classe de Farmacêuticos
                                                                                           Navais dos Quadros Per-
                                                                                           manentes do Activo dos
         A primeira incorporação de Praças do sexo feminino na Armada.                     Oficiais da Armada.  ✎
                                                                                       REVISTA DA ARMADA • AGOSTO 99  13
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