Page 160 - Revista da Armada
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foram objecto de ensaios em tanque com modelo à escala, efectua-
dos em Inglaterra pela "Wolfson Unit".
Enquanto nas lanchas antigas o material de construção é PRFV
(Plástico Reforçado a Fibra de Vidro), nas novas lanchas é o alumínio
naval. A experiência das antigas "Argos" provou que a construção em
PRFV está estruturalmente apta, tendo, contudo, surgido alguns pro-
blemas ao nível da interferência electromagnética (EMI), só parcial-
mente solucionados. No entanto, a opção do alumínio não obedeceu
a um requisito pré-estabelecido. Derivou unicamente do facto de
fazer parte da proposta que, no cômputo global, se entendeu como
sendo a mais vantajosa, isto é, a que obteve maior pontuação resul-
tante da avaliação pela aplicação da análise multi-critério, o que
obviamente extravasa a ponderação de aspectos meramente técnicos.
A construção em alumínio é uma área tecnologicamente nova para a
Marinha, havendo inerentemente alguma expectativa quanto ao
desempenho estrutural do casco, quer na vertente operacional quer
na vertente da manutenção. Por outro lado, é de esperar que os pro- Casa das Máquinas.
blemas de EMI sejam obviados pelo facto das novas construções
serem em alumínio, um material que contrariamente ao PRFV não é contínua de 1800hp a 1900RPM, que através de uma caixa
"transparente" às radiações electromagnéticas. redutora inversora ZF BW460-S, com uma relação de redução
Embora a estrutura das lanchas não tenha sido projectada em de 2.529:1, acciona uma linha de veios e hélice de passo fixo,
função de requisitos exactamente iguais, verifica-se que o peso da da série Gawn KCA, 4 pás e 1.175 m de diâmetro, o que permi-
estrutura em PRFV das lanchas antigas 31 ton é superior, em cerca tirá atingir uma velocidade de 28 nós em provas.
de 7 toneladas, ao peso da estrutura em alumínio das novas "Argos" O sistema de propulsão das novas "Argos" foi desenvolvido em
24 ton. A estrutura em alumínio tem a vantagem de ser uma estrutura torno da mesma filosofia das "Argos" antigas, tendo apenas os motores
mais leve, mas exige que sejam tidos cuidados específicos na sol- propulsores MTU 12V396TE84 (1743hp a 1940RPM) sido substituí-
dadura e nos detalhes construtivos, quer na fase de desenvolvimento dos pelos motores "Cummins", com sistema de comando mecânico
do projecto quer na fase de execução, por forma a contrariar a vulne- Kobelt com cabos flexíveis, mais simples e fiável que o sistema de
rabilidade deste material na área da protecção catódica e da resistên- comando electrónico dos motores "MTU".
cia à fadiga, provocada pela reversão de tensões.
Não obstante serem navios mais pequenos, as "Argos" antigas têm Produção de Energia
um deslocamento na condição carregado superior ao das novas lan- A produção de energia a bordo é assegurada por 2 grupos elec-
chas, explicado pelo maior peso da estrutura e pela maior capacidade trogéneos "diesel-alternador", com motor Cummins 6BT-5.9-G1(M) e
de combustível associada a uma maior autonomia: alternador Leroy Sommer LSAM 44.1M4, de igual potência 75kVA e
totalmente redundantes. A distribuição a 220V/50Hz, monofásica,
Comprimento Total...............27,20m Propulsão será obtida a partir da produção em 380V/50Hz, trifásica, através de 2
Comprimento entre PP..........25,20m As novas lanchas bancos de transformadores de 40kVA, igualmente redundantes.
Boca Máxima.......................5,90m serão propulsionadas As lanchas serão equipadas com 3 grupos de baterias marítimas de
Pontal de Construção............3,20m por duas linhas inde- chumbo/ácido de 24VDC, iguais 504Ah/10h e redundantes, com-
Deslocamento Carregado......97ton pendentes, cada uma postas por 4 elementos de 6VDC, sendo cada grupo servido pelo seu
Calado (Carregado)...............1,45m composta por um carregador automático de baterias, iguais e com uma potência de
Velocidade Máxima..............28nós motor Cummins KTA- 1.2kW. Um grupo serve para arranque do motor de propulsão e ge-
Velocidade Cruzeiro.............15nós 50M2, do tipo diesel rador de EB, outro para o motor de propulsão e gerador de BB, e o
Autonomia (15nós) ...............1350milhas marítimo, 16 cilin- terceiro para alimentação dos sistemas de 24V, incluindo os sistemas
Potência Propulsora..............2x1743hp dros em "V", ciclo de de emergência.
Guarnição ............................1of+1sg+8pr 4 tempos, sobreali- Nas lanchas antigas a produção de energia é também assegurada
Tanques Combustível...........20mcub mentados, com refri- por 2 grupos electrogéneos "diesel-alternador", com motor Cummins
Aguada de Reserva ...............5mcub geração do ar (inter- 6B-5.9-G-(M) e alternador Stamfor UCM 224G23, de igual potência
Tanques Águas Sujas.............Não tem cooler), capaz de de- (60kVA) e totalmente redundantes. A distribuição a 220V/50Hz,
bitar uma potência bifásica, é obtida a partir da produção em 380V/50Hz, trifásica,
através de 2 bancos de transformadores de 10kVA,
também redundantes. Nestas lanchas os grandes con-
sumidores são alimentados directamente a partir da
produção, o que explica a menor potência dos trans-
formadores.
Na configuração inicial, as lanchas antigas foram
equipadas com 2 grupos de baterias marítimas de
24VDC 295Ah/20h e 2 grupos de baterias de 24VDC
75Ah/20h. Os grupos de baterias de 295Ah/20h
servem para arranque dos motores de propulsão e
geradores, enquanto os grupos de 75Ah/20h servem
para alimentação dos sistemas de 24V e sistemas de
emergência.
O facto dos pequenos consumidores nas novas lan-
chas serem alimentados com corrente monofásica,
permite a introdução de protecções diferenciais, privi-
legiando deste modo a segurança do pessoal em
detrimento da continuidade do funcionamento dos
Fase intermédia da construção. equipamentos.
14 MAIO 2000 • REVISTA DA ARMADA