Page 230 - Revista da Armada
P. 230

MACAIS
                                              MACAIS


                             Rede AIS da Macaronésia



           Macaronésia – Região biogeográfica que  sição, exactidão de posicionamento, rumo,  mais distantes, pois são os que representam
         inclui as ilhas Selvagens e os arquipélagos  proa, velocidade e marcha da guinada), da-  o menor risco.
         dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Ver-  dos estáticos (nome do navio, número interna-  O AIS constitui, por isso, uma excelente aju-
         de e que partilha muitas características bio-  cional, indicativo de chamada, comprimento,  da para evitar colisões entre navios com ele
         lógicas e contém comunidades de plantas e  boca e tipo de navio) e dados relacionados  equipados, complementando de forma eficaz
         animais únicas.                    com a viagem [calado actual, tipo de carga,  a informação fornecida pelo radar.
           Macaronésia do Grego (makáron = afortu-  porto de destino e Estimated Time of Arrival   Esses benefícios levaram a Organização Ma-
         nado + nesoi = ilhas) Ilhas Afortunadas.  (ETA)]. Os dados estáticos e os dados relacio-  rítima Internacional a aprovar uma emenda à
                                            nados com a viagem são transmitidos a inter-  Convenção Safety Of Life At Sea (SOLAS) que
         O QUE É O AUTOMATIC                valos superiores ou iguais a 6 minutos, pois  estabeleceu a obrigatoriedade de instalação,
         IDENTIFICATION SYSTEM (AIS)?       trata-se de informação relativamente estável.  até ao final de 2004, de transponders AIS nos
                                            Quanto aos dados dinâmicos, o seu intervalo  seguintes navios:
         O                                                                                     s NAVIOS DE PASSAGEIROS
               AIS é muito sim-
                                                                                               s NAVIOS COM MAIS DE
               plesmente um
               transponder, i.e.
         um equipamento que                                                                   300 toneladas envolvi-
                                                                                              dos em viagens interna-
         transmite e recebe, via                                                              cionais e
         rádio, informação rele-                                                               s NAVIOS DE CARGA COM
         vante de segurança ma-                                                               mais de 500 toneladas,
         rítima, permitindo a cada                                                            quer efectuem ou não via-
         navio receber de forma                                                               gens internacionais.
         rápida e precisa dados
         importantes sobre todos                                                              DESVANTAGENS
         os navios próximos, tam-                                                             E LIMITAÇÕES
         bém equipados com AIS.                                                               DO AIS
         Além de receberem essa
         informação, todos os na-                                                              No entanto, os AIS tam-
         vios que possuam o trans-                                                            bém têm algumas limita-
         ponder também transmiti-                                                             ções, a maior das quais
         rão os dados importantes                                                             tem a ver com a grande
         sobre a sua identificação                                                             dependência relativamen-
         e comportamento. Esta                                                                te ao sistema GPS. Não só
         informação é transmiti-                                                              a posição enviada pelos
         da contínua e automa-                                                                transponders AIS é deri-
         ticamente, podendo ser   Transponder AIS e respectiva cablagem.                      vada do receptor GPS de
         recebida por todos os                                                               bordo, como sobretudo
         equipamentos AIS na zona, pelo que nos po-  de transmissão decresce automaticamente à  a organização das janelas de tempo em que
         demos referir a estas transmissões como uma  medida que aumenta a velocidade do navio,  cada navio pode transmitir é feita com recurso
         radiodifusão.                      diminuindo ainda mais se o navio estiver a  ao tempo GPS. Dessa forma, em caso de falha
           A bordo, a informação AIS pode ser visua-  efectuar uma manobra. Podemos ter períodos  do GPS (quer seja uma falha do sistema pro-
         lizada num indicador próprio ou sobreposta  de transmissão de 3 minutos, para navios atra-  priamente dito ou apenas uma falha do equi-
         no display de um radar ou de uma carta elec-  cados ou fundeados, enquanto que navios de  pamento de bordo), o sistema AIS do navio em
         trónica de navegação, sendo que esta última  alta velocidade, a guinar, radiodifundirão os  causa deixa de funcionar, pois não consegue
         alternativa é a mais comum, visto permitir  dados dinâmicos de 2 em 2 segundos.  organizar os períodos de transmissão, de acor-
         centralizar toda a informação relevante num   O AIS emprega uma moderna técnica de  do com a técnica acima descrita (Self-Organi-
         único display.                     auto-organização dos períodos de transmis-  sed Time Division Multiple Access).
           Com o radar, os navios não conseguiam  são, designada por Self-Organised Time Di-  Outra desvantagem advém da possibilida-
         obter o tipo de informação veiculada nos  vision Multiple Access, que não necessita de  de de os AIS transmitirem dados corrompidos
         AIS, pois o radar apenas permite detectar  qualquer intervenção humana. Esta técnica  ou incorrectos, que poderão resultar de inter-
         a posição relativa dos contactos nas proxi-  permite dividir cada minuto em 2.250 perí-  faces mal feitos a bordo do navio transmissor,
         midades, sem qualquer informação adicio-  odos de transmissão, os quais são atribuídos  de avaria nos equipamentos que fornecem in-
         nal . Agora, com os AIS, é possível saber,  de forma “inteligente” para que não haja so-  formação ao AIS ou, simplesmente, de interfe-
           1
         em tempo real, a informação relevante de  breposição entre as transmissões AIS, dentro  rências que tenham corrompido um sinal cor-
         todos os navios equipados com o respecti-  de cada zona. Como o AIS funciona em 2  rectamente radiodifundido. Acresce ainda que
         vo transponder. As transmissões são feitas  frequências distintas (ver nota 2), existem  será muito difícil que algum dia venhamos a
         na banda do VHF marítimo , pelo que os  4.500 períodos de transmissão por cada mi-  ter todos os navios equipados com estes trans-
                               2
         AIS têm um alcance semelhante ao do ra-  nuto, que os navios e outros transmissores  ponders, o que significa que o radar continuará
         dar, com a vantagem de implicarem custos  podem usar. Em média, o AIS pode servir  a ser necessário, pois só ele conseguirá detec-
         muito mais baixos.                 em simultâneo 450 navios numa dada área,  tar todas embarcações numa dada área. Para
           A informação transmitida pelos AIS divide-  sendo que o sistema, quando atinge o seu  minimizar este problema, as autoridades têm
         -se em 3 categorias: dados dinâmicos (po-  limite, elimina automaticamente os navios  instalado transponders AIS em navios e embar-

         12  JULHO 2006 U REVISTA DA ARMADA
   225   226   227   228   229   230   231   232   233   234   235