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MACAIS
MACAIS
Rede AIS da Macaronésia
Macaronésia – Região biogeográfica que sição, exactidão de posicionamento, rumo, mais distantes, pois são os que representam
inclui as ilhas Selvagens e os arquipélagos proa, velocidade e marcha da guinada), da- o menor risco.
dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Ver- dos estáticos (nome do navio, número interna- O AIS constitui, por isso, uma excelente aju-
de e que partilha muitas características bio- cional, indicativo de chamada, comprimento, da para evitar colisões entre navios com ele
lógicas e contém comunidades de plantas e boca e tipo de navio) e dados relacionados equipados, complementando de forma eficaz
animais únicas. com a viagem [calado actual, tipo de carga, a informação fornecida pelo radar.
Macaronésia do Grego (makáron = afortu- porto de destino e Estimated Time of Arrival Esses benefícios levaram a Organização Ma-
nado + nesoi = ilhas) Ilhas Afortunadas. (ETA)]. Os dados estáticos e os dados relacio- rítima Internacional a aprovar uma emenda à
nados com a viagem são transmitidos a inter- Convenção Safety Of Life At Sea (SOLAS) que
O QUE É O AUTOMATIC valos superiores ou iguais a 6 minutos, pois estabeleceu a obrigatoriedade de instalação,
IDENTIFICATION SYSTEM (AIS)? trata-se de informação relativamente estável. até ao final de 2004, de transponders AIS nos
Quanto aos dados dinâmicos, o seu intervalo seguintes navios:
O s NAVIOS DE PASSAGEIROS
AIS é muito sim-
s NAVIOS COM MAIS DE
plesmente um
transponder, i.e.
um equipamento que 300 toneladas envolvi-
dos em viagens interna-
transmite e recebe, via cionais e
rádio, informação rele- s NAVIOS DE CARGA COM
vante de segurança ma- mais de 500 toneladas,
rítima, permitindo a cada quer efectuem ou não via-
navio receber de forma gens internacionais.
rápida e precisa dados
importantes sobre todos DESVANTAGENS
os navios próximos, tam- E LIMITAÇÕES
bém equipados com AIS. DO AIS
Além de receberem essa
informação, todos os na- No entanto, os AIS tam-
vios que possuam o trans- bém têm algumas limita-
ponder também transmiti- ções, a maior das quais
rão os dados importantes tem a ver com a grande
sobre a sua identificação dependência relativamen-
e comportamento. Esta te ao sistema GPS. Não só
informação é transmiti- a posição enviada pelos
da contínua e automa- transponders AIS é deri-
ticamente, podendo ser Transponder AIS e respectiva cablagem. vada do receptor GPS de
recebida por todos os bordo, como sobretudo
equipamentos AIS na zona, pelo que nos po- de transmissão decresce automaticamente à a organização das janelas de tempo em que
demos referir a estas transmissões como uma medida que aumenta a velocidade do navio, cada navio pode transmitir é feita com recurso
radiodifusão. diminuindo ainda mais se o navio estiver a ao tempo GPS. Dessa forma, em caso de falha
A bordo, a informação AIS pode ser visua- efectuar uma manobra. Podemos ter períodos do GPS (quer seja uma falha do sistema pro-
lizada num indicador próprio ou sobreposta de transmissão de 3 minutos, para navios atra- priamente dito ou apenas uma falha do equi-
no display de um radar ou de uma carta elec- cados ou fundeados, enquanto que navios de pamento de bordo), o sistema AIS do navio em
trónica de navegação, sendo que esta última alta velocidade, a guinar, radiodifundirão os causa deixa de funcionar, pois não consegue
alternativa é a mais comum, visto permitir dados dinâmicos de 2 em 2 segundos. organizar os períodos de transmissão, de acor-
centralizar toda a informação relevante num O AIS emprega uma moderna técnica de do com a técnica acima descrita (Self-Organi-
único display. auto-organização dos períodos de transmis- sed Time Division Multiple Access).
Com o radar, os navios não conseguiam são, designada por Self-Organised Time Di- Outra desvantagem advém da possibilida-
obter o tipo de informação veiculada nos vision Multiple Access, que não necessita de de de os AIS transmitirem dados corrompidos
AIS, pois o radar apenas permite detectar qualquer intervenção humana. Esta técnica ou incorrectos, que poderão resultar de inter-
a posição relativa dos contactos nas proxi- permite dividir cada minuto em 2.250 perí- faces mal feitos a bordo do navio transmissor,
midades, sem qualquer informação adicio- odos de transmissão, os quais são atribuídos de avaria nos equipamentos que fornecem in-
nal . Agora, com os AIS, é possível saber, de forma “inteligente” para que não haja so- formação ao AIS ou, simplesmente, de interfe-
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em tempo real, a informação relevante de breposição entre as transmissões AIS, dentro rências que tenham corrompido um sinal cor-
todos os navios equipados com o respecti- de cada zona. Como o AIS funciona em 2 rectamente radiodifundido. Acresce ainda que
vo transponder. As transmissões são feitas frequências distintas (ver nota 2), existem será muito difícil que algum dia venhamos a
na banda do VHF marítimo , pelo que os 4.500 períodos de transmissão por cada mi- ter todos os navios equipados com estes trans-
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AIS têm um alcance semelhante ao do ra- nuto, que os navios e outros transmissores ponders, o que significa que o radar continuará
dar, com a vantagem de implicarem custos podem usar. Em média, o AIS pode servir a ser necessário, pois só ele conseguirá detec-
muito mais baixos. em simultâneo 450 navios numa dada área, tar todas embarcações numa dada área. Para
A informação transmitida pelos AIS divide- sendo que o sistema, quando atinge o seu minimizar este problema, as autoridades têm
-se em 3 categorias: dados dinâmicos (po- limite, elimina automaticamente os navios instalado transponders AIS em navios e embar-
12 JULHO 2006 U REVISTA DA ARMADA