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PROPULSÃO                                                               As habituais (não previstas) interferên-
           A propulsão é conseguida através de dois                            cias entre diferentes componentes de apres-
         motores propulsores marca Scania, mod. DI12                           tamento, que sistematicamente surgiam na
         43M, que debitam 460 Kw ás 2200 rpm, accio-                           última fase das construções, desapareceram
         nando, através de veios universais, dois jactos                       por completo. As pré manufacturas passa-
         de água Utradynamics, mod. UJ376.                                     ram a ser feitas com base em modelos geo-
           Este tipo de propulsão, ainda que compor-                           métricos obtidos à escala natural a partir do
         tando um custo inicial superior quando com-                           modelo virtual desenvolvido. Foi possível
         parado com a propulsão convencional por hé-  Mod. virtual - propulsão.  aumentar de forma substancial a quantida-
         lices, para além da excelente manobrabilidade,   O sistema instalado, da marca VECO, é com-  de de pré-manufacturas produzidas numa
         permite, devido à ausência de apêndices e ao  posto por duas unidades com uma capacidade   fase bastante mais prematura do desenvol-
         baixo calado da lancha, praticar fundos muito  de  frio de 15232 e 21500 Btu/h.  vimento da obra, eliminando-se totalmente a
         baixos, características fundamentais para uma                         necessidade de cérceas obtidas a bordo.
         lancha de fiscalização costeira, tornando-a par-  ESTABILIDADE
         ticularmente adequada à missão de patrulha   A lancha cumpre, com margem, os critérios  DESEMPENHO
         em águas costeiras com a possibilidade de  de estabilidade intacta segundo as normas da   As provas a cais e de mar realizadas per-
         abordar facilmente outras embarcações.  IMO, Resolução A167. Embora não aplicáveis,  mitiram atestar o óptimo desempenho da pri-
                                            porque demasiadamente exigentes para em-  meira lancha, que cumpriu a totalidade dos
         GERAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO             barcações com esta dimensão, cumpre ainda os  requisitos, tendo mesmo excedido com uma
         DE ENERGIA ELÉCTRICA               critérios de mau tempo da mesma Resolução.  margem muito confortável alguns deles.
           As lanchas classe “Bolina” possuem duas                               A velocidade máxima, na condição car-
         redes de produção de energia eléctrica. Uma  PROTECÇÃO CATÓDICA       regada, conforme estabelecida no MDE se-
         rede primária a 24 V DC, assegurada por dois   Para assegurar uma adequada protecção  riam 23.5 nós, tendo a embarcação atingido
         geradores de 120 A, acoplados aos motores  contra a corrosão, dispensando a necessária  na corrida da milha, em condições de mar e
         propulsores. A rede de 24 V DC alimenta todos  substituição periódica dos zincos, determi-  vento mais gravosas que as previstas, a ve-
         os sistemas operacionais da Lanchas.   nante num sistema de protecção por ânodos  locidade de 25.5 nós. A velocidade máxima
           A rede secundária de energia eléctrica a 231  sacrificiais, as lanchas possuem um moderno  foi de cerca de 28 nós.
         V, 50 Hz, é assegurada por um GE de 14 KVA,  sistema de protecção catódica por cor-
         que alimenta os sistemas de recreio, cozinha, ar  rentes impostas da marca PROYTEC.
         condicionado e carregadores de baterias.
                                            MANUFACTURAS
                                              Apesar de o Arsenal do Alfeite ser, na
                                            sua essência, um estaleiro de reparação
                                            naval, não tendo nem o “lay-out” nem a
                                            estrutura mais adequada para a realiza-
                                            ção de construções, a opção estratégica
                                            de manter pequenas construções com o
                                            objectivo de permitir uma actualização   Manufactura do casco.
                                            dos métodos de concepção e trabalho,
                                            obrigou à adopção de novos métodos na for-  Os níveis de vibração medidos também fi-
                                            ma de desenvolver o projecto e, sobretudo de  caram abaixo dos valores limite permitidos
                                            realizar as manufacturas.          pelos requisitos e pelas normas (aplicáveis a
         Estudo ergonómico 3-D.               Com o objectivo enunciado, o Arsenal op-  navios maiores), o que não é comum em em-
                                            tou por adquirir ferramentas de “software”  barcações desta dimensão, com uma elevada
         NAVEGAÇÃO E COMUNICAÇÕES           para a criação do modelo do casco (NUPAS)   potência instalada e uma casa das máquinas
           As lanchas dispõem de Software de carto-  e para os modelos de encanamentos e apres-  com um comprimento relativamente grande,
         grafia (Chartplotter) e registo de dados via  tamento (CADMATIC), compatíveis com a  colocada sob a ponte de comando.
         interface NMEA 0183 marca MAXSEA, mo-  prática utilizada nos Estaleiros de Viana do   O relatório do IH, produzido na sequência
         delo POWER .                       Castelo. Esta nova metodologia, ao permitir  das provas de governo e manobra,  considera
           Este sistema permite a interligação do sis-  a integração da concepção com as manufac-  muito boa a manobrabilidade, tal como a ca-
         tema de instrumentação B&G (anemómetro,  turas, veio a traduzir-se não só numa econo-  pacidade de paragem. Neste mesmo relatório
         sonda, odómetro) ao DGPS SIMRAD GN33D  mia de mão de obra, mas também, sobretudo,  também foi evidenciada a muito rápida reac-
         e ao radar SIMRAD RA42.            numa melhoria da qualidade do produto.  ção do navio à alteração do ângulo de leme e a
           O sistema funciona também como colector   O novo sistema construtivo eliminou defi-  boa capacidade de aguentar a guinada.
         de todos os dados (Data Logger) para poste-  nitivamente a necessidade da traçagem “ao
         rior análise.                      solo”, utilizada no AA até uma data recen- DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
                                            te, levando ao encerramento da tradicional   A lancha possui uma dimensão da casa
         AR CONDICIONADO                    “Sala do Risco”.                   de máquinas e uma distribuição de peso
           Na sequência do acordo assinado entre o es-                         que permite contemplar outras alternativas
         taleiro e a DN, com o objectivo de reduzir cus-                       de motorização. Até à data, foram estuda-
         tos foi decidido não equipar a primeira lancha                        das duas novas versões para 30 e 45 nós. A
         com um sistema de ar condicionado, embora                             primeira das duas foi objecto de uma pro-
         aquela esteja preparada para a sua instalação.                        posta contemplando uma série de 18 em-
           Tendo-se verificado, durante a fase de pro-                          barcações para o Iraque, encontrando-se
         vas (que decorreram no Verão), que tal siste-                         ainda em análise.
         ma era fundamental para garantir o normal                                                             Z
         desempenho da tripulação, optou-se por                                                Paulo Santana Pinheiro
         equipar, logo de raiz, a segunda lancha da                                                      Eng. Naval
         série, a UAM “Nortada”.            Mod. virtual da estrutura (NUPAS).      C/ Div. Estudos e Projectos do Arsenal do Alfeite
                                                                                     REVISTA DA ARMADA U FEVEREIRO 2006  13
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