Page 51 - Revista da Armada
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PROPULSÃO As habituais (não previstas) interferên-
A propulsão é conseguida através de dois cias entre diferentes componentes de apres-
motores propulsores marca Scania, mod. DI12 tamento, que sistematicamente surgiam na
43M, que debitam 460 Kw ás 2200 rpm, accio- última fase das construções, desapareceram
nando, através de veios universais, dois jactos por completo. As pré manufacturas passa-
de água Utradynamics, mod. UJ376. ram a ser feitas com base em modelos geo-
Este tipo de propulsão, ainda que compor- métricos obtidos à escala natural a partir do
tando um custo inicial superior quando com- modelo virtual desenvolvido. Foi possível
parado com a propulsão convencional por hé- Mod. virtual - propulsão. aumentar de forma substancial a quantida-
lices, para além da excelente manobrabilidade, O sistema instalado, da marca VECO, é com- de de pré-manufacturas produzidas numa
permite, devido à ausência de apêndices e ao posto por duas unidades com uma capacidade fase bastante mais prematura do desenvol-
baixo calado da lancha, praticar fundos muito de frio de 15232 e 21500 Btu/h. vimento da obra, eliminando-se totalmente a
baixos, características fundamentais para uma necessidade de cérceas obtidas a bordo.
lancha de fiscalização costeira, tornando-a par- ESTABILIDADE
ticularmente adequada à missão de patrulha A lancha cumpre, com margem, os critérios DESEMPENHO
em águas costeiras com a possibilidade de de estabilidade intacta segundo as normas da As provas a cais e de mar realizadas per-
abordar facilmente outras embarcações. IMO, Resolução A167. Embora não aplicáveis, mitiram atestar o óptimo desempenho da pri-
porque demasiadamente exigentes para em- meira lancha, que cumpriu a totalidade dos
GERAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO barcações com esta dimensão, cumpre ainda os requisitos, tendo mesmo excedido com uma
DE ENERGIA ELÉCTRICA critérios de mau tempo da mesma Resolução. margem muito confortável alguns deles.
As lanchas classe “Bolina” possuem duas A velocidade máxima, na condição car-
redes de produção de energia eléctrica. Uma PROTECÇÃO CATÓDICA regada, conforme estabelecida no MDE se-
rede primária a 24 V DC, assegurada por dois Para assegurar uma adequada protecção riam 23.5 nós, tendo a embarcação atingido
geradores de 120 A, acoplados aos motores contra a corrosão, dispensando a necessária na corrida da milha, em condições de mar e
propulsores. A rede de 24 V DC alimenta todos substituição periódica dos zincos, determi- vento mais gravosas que as previstas, a ve-
os sistemas operacionais da Lanchas. nante num sistema de protecção por ânodos locidade de 25.5 nós. A velocidade máxima
A rede secundária de energia eléctrica a 231 sacrificiais, as lanchas possuem um moderno foi de cerca de 28 nós.
V, 50 Hz, é assegurada por um GE de 14 KVA, sistema de protecção catódica por cor-
que alimenta os sistemas de recreio, cozinha, ar rentes impostas da marca PROYTEC.
condicionado e carregadores de baterias.
MANUFACTURAS
Apesar de o Arsenal do Alfeite ser, na
sua essência, um estaleiro de reparação
naval, não tendo nem o “lay-out” nem a
estrutura mais adequada para a realiza-
ção de construções, a opção estratégica
de manter pequenas construções com o
objectivo de permitir uma actualização Manufactura do casco.
dos métodos de concepção e trabalho,
obrigou à adopção de novos métodos na for- Os níveis de vibração medidos também fi-
ma de desenvolver o projecto e, sobretudo de caram abaixo dos valores limite permitidos
realizar as manufacturas. pelos requisitos e pelas normas (aplicáveis a
Estudo ergonómico 3-D. Com o objectivo enunciado, o Arsenal op- navios maiores), o que não é comum em em-
tou por adquirir ferramentas de “software” barcações desta dimensão, com uma elevada
NAVEGAÇÃO E COMUNICAÇÕES para a criação do modelo do casco (NUPAS) potência instalada e uma casa das máquinas
As lanchas dispõem de Software de carto- e para os modelos de encanamentos e apres- com um comprimento relativamente grande,
grafia (Chartplotter) e registo de dados via tamento (CADMATIC), compatíveis com a colocada sob a ponte de comando.
interface NMEA 0183 marca MAXSEA, mo- prática utilizada nos Estaleiros de Viana do O relatório do IH, produzido na sequência
delo POWER . Castelo. Esta nova metodologia, ao permitir das provas de governo e manobra, considera
Este sistema permite a interligação do sis- a integração da concepção com as manufac- muito boa a manobrabilidade, tal como a ca-
tema de instrumentação B&G (anemómetro, turas, veio a traduzir-se não só numa econo- pacidade de paragem. Neste mesmo relatório
sonda, odómetro) ao DGPS SIMRAD GN33D mia de mão de obra, mas também, sobretudo, também foi evidenciada a muito rápida reac-
e ao radar SIMRAD RA42. numa melhoria da qualidade do produto. ção do navio à alteração do ângulo de leme e a
O sistema funciona também como colector O novo sistema construtivo eliminou defi- boa capacidade de aguentar a guinada.
de todos os dados (Data Logger) para poste- nitivamente a necessidade da traçagem “ao
rior análise. solo”, utilizada no AA até uma data recen- DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
te, levando ao encerramento da tradicional A lancha possui uma dimensão da casa
AR CONDICIONADO “Sala do Risco”. de máquinas e uma distribuição de peso
Na sequência do acordo assinado entre o es- que permite contemplar outras alternativas
taleiro e a DN, com o objectivo de reduzir cus- de motorização. Até à data, foram estuda-
tos foi decidido não equipar a primeira lancha das duas novas versões para 30 e 45 nós. A
com um sistema de ar condicionado, embora primeira das duas foi objecto de uma pro-
aquela esteja preparada para a sua instalação. posta contemplando uma série de 18 em-
Tendo-se verificado, durante a fase de pro- barcações para o Iraque, encontrando-se
vas (que decorreram no Verão), que tal siste- ainda em análise.
ma era fundamental para garantir o normal Z
desempenho da tripulação, optou-se por Paulo Santana Pinheiro
equipar, logo de raiz, a segunda lancha da Eng. Naval
série, a UAM “Nortada”. Mod. virtual da estrutura (NUPAS). C/ Div. Estudos e Projectos do Arsenal do Alfeite
REVISTA DA ARMADA U FEVEREIRO 2006 13