Page 305 - Revista da Armada
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RA – E os Noruegueses? tes elementos da guarnição que seguiam com cos e modernizações, entre as quais um novo
CVM – Reavaliaram a situação e retomaram ele a bordo e que ficaram em melhores condi- motor de 1.000 HP que é fisicamente muito me-
em 2002 os embarques de cadetes naquele seu ções após o acidente. Das 88 pessoas no avião, nor que o anterior.
navio. Numa apresentação efectuada no final sobreviveram 36. Da “Sagres”, faleceu um 1º RA - Não era, pois, um navio exclusivamen-
de 2005, os resultados revelavam já que o de- Sargento… te à vela…
senvolvimento da capacidade de liderança nes- Antes de regressar a Portugal, o navio foi ain- CVM – Não, não! Tinha motor!
sas 10 a 11 semanas é superior a qualquer outra da sujeito a intervenções e as Cruzes de Cristo RA – Com a potência do anterior.
actividade individual da Escola Naval e que os foram cozidas sobre as velas notando-se, nas fo- CVM – Superior. O anterior motor tinha
cadetes que participaram nestas viagens no SL tografias, a diferença entre os brancos dumas e 750 HP
obtiveram resultados mais elevados dos que os doutras. Na Praça de Armas… RA – Disse-nos o Cte António Gonçalves
de anos anteriores. que este, hoje um raro exemplar
RA – A pensar nas modernís- do património industrial-marí-
simas fragatas espanholas «Al- timo, está a salvo, em Vila Fran-
varo de Bazan», as F100, que en- ca. Museologicamente acaba por
comendaram! Que apresentação ser uma notável jogada de ante-
foi essa? cipação. No GAMMA, o Grupo
CVM – Foi numa reunião da dos Amigos do Museu de Mari-
Sail Training International, em La nha, precisamos de Amigos com
Coruña, Espanha. Nela foi ain- essa garra.
da referido o interesse expres- Além dessa, que outras moder-
so por outros ramos das Forças nizações?
Armadas Norueguesas, incluin- CVM – Várias e muito signifi-
do o embarque de uma semana, cativas. Na minha viagem ao Bra-
já efectuado, com elementos do sil em 1980, fomos sem ar condi-
Exército, no “SL”. cionado, de que hoje dispomos, e
RA – A “Guanabara”? Os Brasi- com restrições de água... tínhamos
leiros deram-lhe algum uso? Faina durante a largada da Regata Torbay-Lisboa. escassos minutos para o banho nas
CVM – Navegou entre 1948 e 1959, tendo RA – Sim. Sim. Reparámos! casas de banho a vante. Agora existe gerador de
rea lizado várias viagens de instrução, não ape- CVM –Até 1978 as velas, em lona, eram subs- osmose inversa e chuveiros junto às cobertas
nas no âmbito da Marinha de Guerra, mas tam- tituídas individualmente e as cruzes eram ma- de cadetes. Os alojamentos dos sargentos pas-
bém da Marinha Mercante e do Colégio Militar nufacturadas e cozidas a bordo, mas nesse ano, saram para vante da coberta dos cadetes e ins-
do Brasil e efectuado o transporte de pessoal para a 1ª volta ao mundo, em 78/9, recebeu-se talaram-se duas ETAR. Na área da segurança,
para as várias escolas de formação localizadas uma andaina completa, outra em 1982 – a últi- foram introduzidos os sistemas de controlo das
junto à costa. ma em lona, ainda fabricada na Cordoaria Na- portas hidráulicas nas anteparas estanques…
Foi ainda empregue em acções de represen- cional — e antes da 2ª viagem de circum-nave- RA – A chapa e as madeiras dos conveses…
tação da Marinha Brasileira. gação, em 83/84, uma já em “dacron”. À semelhança do que ocorrera nos anos 30,
RA - Como ocorreu a transição para a nos- RA – A do Cte Homem de Gouveia? voltou a fazer-se viagens antes da admissão
sa Armada? na Escola Naval?
CVM – Em Portugal era notória a necessi- CVM – Em 1980, não havia viagem de
dade de encontrar uma solução para a velha adaptação de candidatos e a de instrução
«Sagres», já muito degradada ... era no fim do 1º ano. Depois, já como oficial
RA – Em 1959! 1 de guarnição, apanhei viagens de adaptação
CVM - … e, acerca da sua substituição de candidatos.
por outro navio escola, há, aliás, um artigo As de instrução de cadetes, têm variado
muito interessante, do Cte Serra Brandão, entre o 1º, o 2º e, também, o 3º ano. Actual-
num «Diário de Notícias» de 61, já publica- mente, de acordo com o que está definido,
do na Revista da Armada, em que a propó- a viagem de instrução na “Sagres” é feita
sito da polémica entre um navio de guerra no final do 2º.
e um grande veleiro, ele defendia esta so- RA - É a que vão fazer agora?
lução. Na aquisição da actual “Sagres” foi CVM – Sim. No ano passado para dar
fundamental o papel do Dr. Pedro Teotónio aos candidatos, em apenas 11 dias, um
Pereira, então Ministro da Presidência, que, retrato tão abrangente quanto possível do
como Embaixador de Portugal no Reino que é ser oficial da Marinha, fomos ao Fun-
Unido, esteve na base da realização da pri- chal e foi muito interessante, até porque a
meira regata de grandes veleiros, de Torbay maior parte dos candidatos nunca tinha
para Lisboa, em 1956. ido à Madeira.
RA – Cuja integração na Marinha de RA – Só por isso vale a pena concorrer
Guerra veio a acontecer… à Naval!
CVM - ...por Portaria de 30 de Janeiro de CVM – Recordo particularmente um can-
62, com cerimónia de aumento ao efectivo didato dos Açores a dar-me as suas impres-
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em 8 de Fevereiro . O grosso da Guarnição Subindo aos mastros. sões da ilha da Madeira, que não conhecia.
foi buscá-lo ao Rio de Janeiro na «Corte Real». CVM – Exacto. Recordo em cadete de tra- Esta vertente de muitos dias só a ver mar,
RA – A antiga? Bem nos lembramos … balhar com lona e a diferença que faz para o acaba por lhes dar uma melhor ideia da nossa
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E o resto da guarnição? “dacron”. dimensão marítima, da natureza arquipelá-
CVM – Foi de avião com o Cte Silva Horta. RA – Molhada parecia … pedra. gica do país, tudo isso fica marcado mais pro-
RA – Não ocorreu um acidente na aterra- RA – E entre nós? fundamente.
gem, no Recife, em que tiveram uma acção CVM – Na Marinha Portuguesa navegou RA – Essa era uma preocupação do Serviço
conspícua no salvamento de passageiros? todos os anos excepto em 1987 e 1991, anos em Militar Obrigatório. De deslocar os jovens de
CVM – O Cte Silva Horta e os doze restan- que sofreu, no Arsenal do Alfeite, grandes fabri- forma que melhor fizessem ideia do todo na-
REVISTA DA ARMADA U SETEMBRO/OUTUBRO 2007 15