Page 380 - Revista da Armada
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ACADEMIA DE MARINHA
X Simpósio de História Marítima
X Simpósio de História Marítima
Os mares do Oriente. A Presença Portuguesa “circa” 1507.
Os mares do Oriente. A Presença Portuguesa “circa” 1507.
ecorreu nos dias 24, 25 e 26 de Outu- testemunhos visuais da acção desenvolvida e se assistiu a um grande florescimento cul-
bro, no auditório da Academia de Ma- pela Fundação C. Gulbenkian na recuperação tural, artístico e arquitectónico.
Drinha, o X Simpósio de História Marí- e restauro do património histórico de Portu- Seguiu-se a conferência do Prof. Doutor
tima, subordinado ao tema em título. gal no Oriente. António Manuel Lázaro “Do descobrimento
Neste ano de 2007 perfazem-se 500 da Ilha de S. Lourenço”. Na sua co-
anos sobre o início das relações de Por- municação recorreu à documenta-
tugal com a Pérsia e a Arábia, forma- ção disponível e, no rasto de outros
lizadas através da celebração de um investigadores, contribuiu para elu-
tratado assinado por Afonso de Al- cidar o que foi o lento processo do
buquerque e pelos soberanos daque- descobrimento da ilha outrora cha-
les dois países, conforme palavras do mada de S. Lourenço, actual ilha de
Presidente da Academia de Marinha, Madagascar.
VALM Ferraz Sacchetti na sua alocu- No dia 25 de Outubro teve início a
ção na sessão de abertura. 3ª Sessão que foi iniciada pela comu-
Esta foi presidida pelo Almirante Mesa da presidência na Sessão de Abertura. nicação “O poder militar das Armadas
CEMA, contando com a presença, do de Portugal” apresentado pelo Acadé-
Adido Cultural, em representação do Embai- O Arq.º Sousa Campos debruçou-se sobre mico Senhor Manuel Carrelhas. A dissertação
xador da República do Irão, do Adido de Defe- os vários núcleos do vasto património cons- versou essencialmente sobre a arquitectura e
sa Nacional, em representação do Embaixador truído pelos portugueses, começando por construção dos navios que constituiram as
da República de Moçambique, estando pre- destacar as realizações arquitectónicas no li- Armadas que se destinavam à Índia.
sentes também o Vice-Presidente pela classe toral da antiga Pérsia, designadamente a ex- A conferencista seguinte Prof. Doutora
de História Marítima, Prof. Doutor Contente traordinária Fortaleza de Ormuz, iniciada por Maria Cristina Carrington dissertou sobre
Domingues, o Presidente da Comissão Cien- Afonso de Albuquerque há 500 anos, e aca- “Guarda-te de Martim Afonso – o lado negro da
tífica do Simpósio, Prof. Doutor Dias Farinha, bando nos expressivos vestígios seiscentistas expansão num ensaio histórico de Reinhold Sch-
o Presidente do Conselho de Administração de Bandar-e-Cong. Na sua comunicação deu neider”. Nesta comunicação procurou fazer
do Banco Espírito Santo, diversos Académi- a conhecer os traços arquitectónicos actuais uma abordagem literária e histórica do “do-
cos e convidados. dos monumentos em Ormuz, Keshm e La- mínio dos mares do Oriente”, na perspectiva
O Presidente da Academia começou por rak que completam o triângulo estratégico do daquele escritor alemão da primeira década
agradecer a presença do ALM CEMA, dos controlo do Golfo Pérsico. Salientou, por fim, do Séc. XX, grande conhecedor da história e
representantes dos Embaixadores, dos con- literatura portuguesas.
ferencistas convidados e outras entidades, Seguiu-se a apresentação da comunicação
especialmente do Cte. António Ricciardi, do Cor. Valdez dos Santos sobre “Afonso de
Presidente do Conselho de Admi nistração Albuquerque e a sua 1ª viagem à Índia”. O ora-
do Banco Espírito Santo que mais uma vez dor descreveu a vida de Afonso de Albu-
apoiou esta actividade académica. querque desde a sua infância, das primeiras
Informou que tinham sido recebidas 16 co- expedições a Marrocos, das suas navegações
municações apreciadas pela Comissão Cientí- e conquistas no Oriente e da sua experiência
fica, e distribuídas por sete sessões, conforme que lhe permitiu nesta sua 1ª viagem mos-
consta do programa do Simpósio. trar os seus vastos conhecimentos de mari-
Por último, agradeceu a presença dos Almi- nharia e navegação e, mais tarde, durante o
rantes, Académicos e todos os convidados, o seu governo na Índia, da sua especial intui-
que significa para a Academia um grande es- ção para a Marinha e o Mar.
tímulo e muito encorajamento no prosseguir O mestre Fernando Cabral Martins de Al-
destas iniciativas. meida dissertou seguidamente sobre “A con-
Seguiu-se a conferência de abertura, profe- solidação do estabelecimento comercial Luso no
rida pelo Prof. Doutor Dias Farinha, subordi- Índico”. Para se compreender a dinâmica do
nada ao tema “Sobre o início da presença portu- O Prof. Doutor Dias Farinha na conferência de abertura. estabelecimento comercial dos portugueses
guesa no Golfo”, onde se abordaram aspectos o conhecimento que importa trazer a debate no Índico, o orador fez uma brevíssima aná-
diversos da nossa política diplomática na re- sobre todo este património, o que decerto con- lise da evolução dessa actividade.
gião do Golfo Pérsico e as vicissitudes sofridas tribuirá para a salvaguarda de valores cultu- A 4ª Sessão iniciou-se com a dissertação
nos princípios da nossa presença no Índico. rais fundamentais para a compreensão e para do Doutor Gaspar Rodrigues sobre “A re-
Deu-se seguidamente início à 1ª Sessão o relacionamento das civilizações. organização da estrutura militar do Estado da
onde foram apresentadas as conferências in- Na tarde do dia 24 decorreu a 2ª Sessão, Índia com D. João de Castro”.
tituladas “Memórias recuperadas” do Dr. José em que o primeiro orador, a conferencista, Seguidamente o 1TEN Carlos Valentim,
Blanco e “A mítica fortaleza de Ormuz e mais dois Dra. Sepideh Radfar, apresentou o tema “O apresentou a sua comunicação intitulada “O
fortes na entrada do Golfo Pérsico” do Arquitecto Irão na época dos Safávidas”, explicando que o poder naval turco em meados do séc. XVI num
João de Sousa Campos. estabelecimento desta dinastia, no início do Auto de Inquisição de Lisboa”. Foi com base
O primeiro conferente partiu de um texto século XVI, foi um dos eventos mais impor- num documento encontrado na Inquisição
de Eduardo Lourenço sobre os Descobrimen- tantes da história do Irão, período em que o de Lisboa que o orador analisou o interro-
tos Portugueses, apresentado e comentando país adoptou o xiismo como religião oficial gatório de um cristão-novo à luz das estraté-
18 DEZEMBRO 2007 U REVISTA DA ARMADA