Page 189 - Revista da Armada
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PESSOAL metemos erros, como todos os que produzem, mas teremos, sempre,
a humildade de os reconhecer e corrigir.
Se a renovação da Esquadra é inadiável, ela não pode ser dissocia-
da de um incremento significativo da capacidade de recrutar e reter as FUTURO
pessoas que são indispensáveis ao cuidado acrescido com o material de
alta tecnologia de que dispomos. Para isso, há que tornar mais apelativa No próximo ano teremos um ambicioso programa a cumprir, que vai
uma profissão exigente e difícil, onde o mar impõe as suas regras e onde exigir muito de todos nós. Realço, apenas, as duas missões seguintes:
a família e o tempo livre ficam sempre em segundo plano. – Em Janeiro de 2009 assumiremos o comando de uma das Forças
Como sabem, está em curso um estudo com o objectivo definido de Navais Permanentes da NATO, que já comandámos por duas vezes.
“corporizar um modelo de carreiras moderno que promova a valori- Trata-se, antes de mais, de corresponder às responsabilidades do Es-
zação da condição militar e faça face às expectativas dos militares”. tado para com a aliança que vem mantendo as ameaças e os conflitos
São aspectos fundamentais para todos, mas muito em especial para afastados das nossas fronteiras e de reafirmar e projectar a nossa capa-
a motivação dos que servem no mar. Assim, estamos empenhados cidade no plano internacional. Estou certo que vamos conseguir vencer
em aproveitar esta revisão para resolver os problemas identificados, este importante desafio e evidenciar que a qualidade dos nossos navios
reconhecendo e valorizando a sua especificidade. e guarnições se situa entre as melhores.
Ao longo deste processo, temos contribuído de forma empenha- – A fase final dos trabalhos relativos à extensão da plataforma con-
da para que daqui possa resultar um novo enquadramento legal que tinental vai ainda exigir um grande esforço aos navios hidro-oceano-
potencie o desempenho dos que servem nas Forças Armadas. Porém, gráficos. Pelo que já é conhecido, é um esforço compensador, porque
não poderemos esquecer os que deram o melhor de si servindo Por- previsivelmente nos vai permitir estender a exclusividade do aprovei-
tugal, e a necessidade de continuar a atrair os nossos melhores jovens tamento do solo e subsolo marinhos nalguns casos até às 350 milhas da
e, assim, assegurar o futuro. Para tal, há que reencontrar o justo equi- costa, numa área que, no mínimo aumentará a nossa responsabilidade
líbrio entre deveres, direitos em cerca de 250.000 Km2 (2.5
e recompensas, designada- vezes a área de Portugal con-
mente nas retribuições como tinental). Para as guarnições
indica, sem margem para dú- dos navios hidrográficos que-
vidas, o “benchmarking” com ro dirigir uma palavra de estí-
países vizinhos e aliados. É mulo para as tarefas que estão
óbvio que não será possível a cumprir.
fazê-lo de uma só vez, mas Para além destas missões
tal será incontornável. especiais, teremos sempre
Outro aspecto crucial para uma força naval pronta para
a motivação e disponibilida- zarpar do Tejo em 48 horas e
de para a missão dos milita- continuaremos a cumprir um
res embarcados, é a garantia dispositivo que cobre, no mar,
do apoio aos seus familiares, todas as parcelas do território
através dos organismos vo- nacional, 24 horas por dia, 365
cacionados para esse fim, dias por ano, num esforço de
sendo neste caso, a saúde presença e de imposição da lei
determinante. que tem conseguido dis suadir
Dado o contexto que todos conhecemos, há que inverter rapida- e reprimir o uso ilícito dos nossos espaços marítimos e, simultanea-
mente a situação de falta de confiança dos prestadores de serviços e mente, garantir a busca e salvamento e a preservação do ambiente.
dos utentes, e ter em conta esta lição aprendida em outras intenções
de centralização. UMA MARINHA PRONTA AO SERVIÇO DO PAÍS
MOTIVAÇÃO E ESTÍMULO Perspectivamos uma Marinha equilibrada e de duplo uso que pode
intervir em missões muito diversificadas, de interesse público militar
O Dia da Marinha é o nosso dia de festa. O dia em que mostramos ou não militar, face ao conjunto alargado de capacidades de que dis-
aos nossos concidadãos o que fazemos e o balanço do que fizemos. põe, e que potencia as sinergias existentes e a decorrente economia de
Posso afirmar que foi muito, mas que muito mais falta fazer! Para isso recursos, ao assumir simultaneamente a maior parte das funções típi-
há que trabalhar. Obrigação e apelo que não se aplica em exclusivo cas das Guardas Costeiras.
nem principalmente à Marinha. Temos uma Marinha em fase de progressiva modernização dos
De facto, durante o último ano, os navios, as unidades de fuzileiros seus meios.
e de mergulhadores, os meios da Autoridade Marítima e do Instituto Temos uma Marinha conceptualmente de vanguarda, ajustada às
Hidrográfico, cumpriram, ao serviço de Portugal e dos Portugueses, novas ameaças, muito experimentada na cooperação internacional,
uma intensa actividade de que nos podemos orgulhar. que entende a imprescindibilidade da colaboração com outros de-
Apesar da conjugação desfavorável de alguns factores, de que re- partamentos do Estado e a pratica no quadro do Sistema de Autori-
alço o progressivo envelhecimento dos meios navais; os limites do dade Marítima.
orçamento para Operação e Manutenção, e o aumento do preço dos Temos uma Marinha que usa, com utilidade, todos os seus recursos
combustíveis, conseguimos um desempenho de nível mais elevado, em tempo de paz e está também adequadamente treinada para par-
bem visível no número de unidades com missão atribuída que atin- ticipar em missões de apoio à paz, em gestão de crises e em zonas de
giu uma média de 10 navios por dia nos 365 dias do ano. Poucas ma- conflito armado.
rinhas se podem orgulhar deste ratio operacional! Como seu responsável máximo posso garantir que a Marinha con-
No que respeita à salvaguarda da vida humana no mar, salvámos tinuará firme na defesa, empenhada na segurança e parceira no de-
1067 vidas em perigo, com uma taxa de sucesso de 95.2%, Este é um senvolvimento, ao serviço de Portugal, sempre!
resultado que se situa ao nível dos melhores do mundo e que hoje
tenho a honra de anunciar e sublinhar, em especial, para aqueles que Viva a Marinha! Viva Portugal! Z
nada sabendo fazer, tudo sabem criticar. Digo-o com orgulho, porque Fernando de Melo Gomes
resulta do empenho de todos - marinheiros anónimos - que dão o seu Almirante
melhor ao serviço do País “sem cuidar de recompensa”. Também co- Fotos 1SAR FZ Pereira
REVISTA DA ARMADA U JUNHO 2008 7