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Algarves d’ Aquém e d’ Além-mar
No dia 6 de Janeiro, iniciou-se, na Es- todologias e que materiais escolher? Foi este nossas apostas, não só como forma de es-
cola de Tecnologias Navais (ETNA), o desafio! O nosso objectivo era oferecer aos timular nos alunos as suas capacidades de
o “Curso de Português Língua Es- alunos um conjunto de situações relevantes e pesquisa e aumento de conhecimento, mas
trangeira” (PLE) para os 8 militares argelinos, diversas de modo a que a sua aprendizagem também como forma de estes examinarem e
que se encontram no nosso país, ao abrigo fosse abrangente, envolvendo-os em actos compararem valores que diferem dos seus,
das relações bilaterais Portugal-Argélia no comunicativos que os conduzissem a uma ajudando-os a modelar as ideias.
âmbito da Defesa. Este protocolo insere-se maior interacção e integração.
no Programa Indicativo de Cooperação, o Vem no Alcorão que o primeiro manda-
primeiro no Magrebe, que foi assinado em Deste modo, para além dos manuais mento da vida em comum é conhecermo-
Argel pelo Ministro da Defesa Prof. Doutor adoptados, tivemos a preocupação de selec- -nos uns aos outros. Porque o conhecimento
Augusto Santos Silva. cionar e reunir, sempre que possível, no âm- é condição de entendimento. Foi este um dos
bito dos conteúdos programáticos a minis- nossos propósitos ao prepararmos as acti-
Para desenhar, implementar
e ministrar o curso em questão, trar, textos autênticos, reais, que replicassem vidades extra-curriculares. Dar
privilegiou-se o recurso às três a forma como a língua é usada na realidade experiência aos alunos levan-
professoras de Português do porque pensamos que o que melhor adqui- do-os para fora da sala de aula.
QPCM, de acordo com o despa- rimos é o que tem significado para nós. Sur- Por isso, organizámos várias vi-
cho do VALM Superintendente giram, assim, actividades complementares sitas temáticas: umas, inseridas
dos Serviços do Pessoal. dos manuais adoptados, privilegiando situa- no âmbito dos conteúdos pro-
ções do quotidiano, sejam elas outdoors, spots gramáticos do curso, como foi
A fim de traçar o perfil lin- publicitários, folhetos de supermercado, fo- o caso de Sintra, Chiado, Baixa
guístico dos alunos foi consul- lhetos turísticos, artigos de jornais, ou textos Pombalina e Belém; e outras,
tado o Documento Orientador – relacionados com a Marinha, como foi o caso interculturais que mostrassem
Português Língua Não Materna no das ementas da Messe e da recente viagem e patenteassem, entre outros
Currículo Nacional (vide www. de circum-navegação da “Sagres”. aspectos, o património históri-
dgidc.min-edu.pt), no qual es- co islâmico no nosso país, um
tão delineados os princípios bá- Privilegiámos também, a partir do nívelA2, legado da convivência de que
sicos e objectivos estratégicos e a leitura extensiva, a melhor forma de assegu- a Península Ibérica foi palco, e
se estabelecem medidas de aco- rar que as frases ou palavras são contextuali- de que são exemplo a Cerca Al-
lhimento e de escolarização para zadas. Os alunos lêem, mas não há gramática, Usbuna, vulgo Cerca Moura, e a
falantes de línguas genética e ti- não há actividades. Construímos uma peque- Alcáçova Islâmica de Lisboa no
pologicamente muito diversas. na antologia com lendas (mouras e outras), Castelo de S. Jorge.
pequenos contos de autores portugueses e Se por um lado queremos ensinar o nosso
O curso de PLE dotará os alunos com com- histórias sobre a História de Portugal. idioma através da nossa cultura, não pode-
petências para interagir num conjunto variado mos esquecer que uma parte dela tem as suas
de situações de comunicação do quotidiano e Ainclusão das Tecnologias de Informação origens na cultura árabe. Todo o nosso esfor-
relacionadas com o trabalho, com utilizadores e Comunicação (TIC) no curso foi uma das ço se tem centrado em criar um ambiente de
nativos ou não nativos, permitindo-lhes traba- aceitação do outro, tentando sempre que a
lhar em contextos em que o português é língua língua de união seja o português.
de comunicação e de trabalho. Diz o Sheikh David Munir, Imam da Mes-
quita Central de Lisboa, que é através do diá-
Este curso está estruturado em três ní- logo que se constroem as pontes entre as culturas
veis, de acordo com os Níveis de Referência e as religiões, mas é cada vez mais importante
do Quadro Europeu Comum de Referência que esse diálogo fomente também o impulso para
do Conselho da Europa, respectivamente: as atravessar.
A1 – Nível Iniciação; A2 – Nível Elementar; Esperamos que os nossos alunos cruzem
B1/B2 – Nível Intermédio. O curso tem a essas pontes de uma forma tão aliciante e
duração de 3 meses (de Janeiro a Março de entusiástica quanto foi para nós a edificação
2010), 60 dias úteis (20 dias úteis para cada deste curso.
nível), num total de 360 tempos, e tem ca- Assalamu Aleikum, que a Paz esteja com
rácter intensivo. todos.
Construir um curso de raiz para alunos Z
dos quais nada conhecíamos, excepto o fac-
to de serem árabes e terem como língua se- Ana Paula Duarte e Silva
gunda o francês, não foi tarefa fácil. Quando
o Português não é a Língua Materna, que me- Directora do Curso
EXPOSIÇÃO
“CORREIO EM TEMPO DE GUERRA - II GUERRA MUNDIAL”
¬ÊNo âmbito da comemoração do aniversário do Clube Militar de Oficiais de Setúbal, vai ser realizada nessas instalações, en-
tre 9 e 18 de Abril uma exposição subordinada ao tema “Correio em tempo de guerra - II Guerra Mundial”, na qual serão exi-
bidos objectos postais circulados durante o conflito.
Após o encerramento em Setúbal, esta exposição será transferida para o Museu do Combatente, em Lisboa (Forte do Bom
Sucesso – junto à Torre de Belém), onde estará patente ao público entre 26 de Abril e 31 de Maio.
24 MARÇO 2010 U REVISTA DA ARMADA