Page 22 - Revista da Armada
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sassino de crianças com idade inferior a cin‑ camas totalmente equipadas para doentes gra‑ seRviÇO de emeRGÊNCia – ROLE 3‑ Era
co anos (é provável que uma em cada dez ves com necessidade de suporte ventilatório e/ uma sala aberta de rápido acesso pelo exterior
crianças infectadas morram) e também pro‑ ou hemodinâmico. Não dispunha de técnicas com 8 “camas” (boxes) isto é, unidades total‑
voca nesta população deficiências graves ao de substituição renal. mente equipadas para observação e estabiliza‑
longo da vida, incluindo a cegueira e a sur‑ Em termos de recursos humanos este servi‑ ção rápida dos doentes, duas delas com capa‑
dez. Apesar dos esforços internacionais cidade de reanimação e pequena cirurgia.
esta doença continua a ter um impacte Felizmente, a grande maioria dos casos
mortal nas crianças do Afeganistão, mais clínicos deste serviço não era emergen‑
de um terço do país não tem programas te ou mesmo urgente. Tratava‑se de casos
de imunização de rotina nas áreas mais agudos de doença sem procura prévia de
inacessíveis e as taxas de cobertura são consulta externa.Todavia este serviço per‑
estimados em menos de 50% entre as filava‑se na sua concepção para prestação
crianças afegãs. de cuidados emergentes a multivitimas –
segundo o plano MASCAL.
Diariamente a prestação de cuidados
O HOSPITAL médicos no Serviço de Emergência era
O Hospital, edifício térreo, solidamen‑ assegurada por dois médicos (um portu‑
te construído, cujo custo ascendeu a guês e um francês) sobretudo nos perío‑
mais de 11,5 milhões de euros, integrou dos diurnos e, nos períodos nocturnos
durante o período da nossa missão 120 (13h) por médicos de Clínica Geral, Me‑
elementos de sete nacionalidades (Fran‑ Reabilitação motora pela fisioterapeuta da Marinha. dicina Interna, Neurologia/Cardiologia
ça, Portugal, Alemanha, Bélgica, Estados (médica portuguesa da marinha, medico
Unidos, Bulgária, Espanha). Inicialmen‑ belga e dois médicos franceses).A equipa
te designado ROLE 2E passou a ROLE 3 de enfermagem era constituída por 5 En‑
em Dezembro de 2009, altura em que, fermeiros – 3 de Portugal e 2 de França.
esta unidade de saúde dotada de um nú‑ Face à elevada carga horária destes ele‑
mero razoável de valências (medicina mentos e ao aumento de afluência espe‑
interna, cirurgia, oftalmologia, medicina rado desde que aumentou a população
dentária, ortopedia, psiquiatria, aneste‑ em KAIA NORTE, no último mês desta
siologia) passou a contar com a valência missão foi possível contar com o reforço
de neurologia. de mais um elemento de enfermagem
O Hospital encontrava‑se organizado neste serviço. A equipa de socorristas era
do seguinte modo: constituída por 4 Socorristas franceses.
CUidadOs PRimÁRiOs – ROLE 1 – Os doentes após a estabilização no
dispunha de 6 gabinetes para consultas: Acção integrada multinacional, formação em biologia Serviço de Emergência, Cuidados Inten‑
Clínica Geral (médicos franceses, um mé‑ molecular do técnico de laboratório da Marinha. sivos e/ou Intermédios ou após observa‑
dico belga e um médico americano); Me‑ ção em Consulta Externa com indicação
dicina Interna (uma médica da marinha para estudo ou tratamento, eram interna‑
portuguesa); Oftalmologia (um médico dos na Enfermaria.
francês); Psiquiatria, Ortopedia, Cirurgia A eNFeRmaRia‑ ROLE 3‑ Constituí‑
Geral, Neurologia, Cardiologia (médicos da por 4 quartos, com capacidade total
franceses respectivamente); Cirurgia Ge‑ para 29 doentes de ambos os sexos, ti‑
ral (dois médicos, um francês e um ale‑ nha um total de 13 profissionais de saú‑
mão); Medicina Dentária (um médico de dos quais 9 eram portugueses, sendo
francês); Médicos tradutores 24h (5 mé‑ a responsabilidade médica deste serviço
dicos de nacionalidade afegã). atribuída à médica especialista em Me‑
Este serviço era gratuito para militares e dicina Interna da marinha portuguesa. A
civis afegãos. O atendimento primário em distribuição das camas funcionava em
consulta de estomatologia e oftalmologia Acção integrada multinacional, sob responsabilidade da gestão aberta de acordo com as neces‑
era sobretudo a militares ISAF. médica da Marinha. sidades do serviço mas, habitualmente,
CiRURGia e CUidadOs iNteNsi- encontram‑se distribuídas do seguinte
vOs – ROLE 3 ‑ A cirurgia contava com modo: 9 camas para afegãos, 7 camas
dois blocos operatórios, um que funciona‑ para afegãs ou crianças de ambos os se‑
va diariamente para cirurgias programadas xos ; 9 camas para militares ISAF e 3 ca‑
e outro reservado para cirurgias de emer‑ mas de isolamento.
gência.As equipas cirúrgicas e anestésicas Em termos de exames complementares
eram constituídas por elementos franceses, de diagnóstico dispúnhamos de: RadiO-
alemães e búlgaros. O “banco de sangue” LOGia convencional (RX) e tomografia
do hospital não tinha capacidade para dar axial computorizada (TAC) assegurada
resposta a estas situações, como tal, para por técnicos franceses, com o apoio de
além da lista de militares da base poten‑ médicos radiologistas franceses por tele‑
ciais dadores também os profissionais de medicina sempre que solicitado. Alguns
saúde contribuíam para proceder ao re‑ médicos afegãos realizavam ecografias
forço imediato quando necessário. A sala A equipa da Marinha. abdominais e renais. O LaBORatÓRiO
de pequena cirurgia encontrava‑se no ROLE 1 ço era assegurado pela França e contava com realizava as análises convencionais e, para
e a sala de recobro pós‑cirurgico (4 camas) nos apoio de consultadoria da médica da marinha além dessas, durante a nossa missão o técnico
Cuidados Intensivos. portuguesa (Medicina Interna) bem como dos de laboratório da marinha portuguesa passou
Os CUidadOs iNteNsivOs para além restantes especialistas cirúrgicos das outras na‑ a realizar análises mais específicas de biologia
das camas de recobro dispunham de mais 4 cionalidades. molecular para o diagnóstico da gripe A.
22 AGOSTO 2010 • Revista da aRmada