Page 24 - Revista da Armada
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Património Documental, que a UNESCO pre e logo após o conflito foi criado o de Aveiro, nas A AMmOoSstrTaRdAocEumMenEtaXlIeBiIcÇoÃnoOgráfica procura
tende ajudar a preservar e a divulgar, através de instalações usadas pela Aviação Naval francesa
um programa designado de “Memória do Mun durante a guerra.Também no Oriente se fez sen contar a história deste feito ocorrido há noventa
do”. O registo de um documento ou conjunto de tir a presença da Aviação Naval, com a criação anos. Um conjunto de painéis, ilustrados com
documentos na “Memória do Mundo” “reflete em 1928 do Centro deAviação Naval de Macau. imagens da época, apresentam o antes, o duran
o seu valor excecional e significa que deve ser A segunda parte debruça-se sobre os raids aé te e o depois da viagem. Começam por abordar
protegido em benefício de toda a humanidade” reos de 1921 e de 1922, ou seja, sobre a viagem os problemas do planeamento e da preparação
e“ofereceumaexcelenteoportunidadeparacha abordada neste artigo e sobre aquela que serviu da viagem, sendo dado realce à busca de solu
mar a atenção para a importância da memória de teste para o método de navegação. ções para os problemas mais prementes, nome
coletiva e da sua salvaguarda”. Segue-se uma parte dedicada à formação dos adamente a busca de um método de navegação
Da”MemóriadoMundo”constamdocumen pilotos. Os primeiros pilotos foram formados adequado para uma viagem que deveria atraves
tos de diversos tipos, como sejam textos escri no estrangeiro. Em 1925 foi criada a Escola de sar um oceano. Segue-se o desenrolar da própria
tos, partituras musicais ou mapas. Entre
outros podemos citar a Magna Carta, a viagem, com as peripécias associadas àFotos Rui Salta
partitura da Nona Sinfonia de Beethoven, perda de duas das aeronaves utilizadas.
o Diário de Anne Frank, por exemplo. Finalmente, é apresentado o ambiente
Alguns documentos existentes nos que se seguiu à travessia aérea. As ma
arquivos nacionais encontram-se já ins nifestações de júbilo foram inúmeras,
critos na “Memória do Mundo”. O pri especialmente no Brasil e em Portugal.
meiro, inscrito em 2005, foi a Carta de
PeroVaz de Caminha, na qual é dada, a Além dos painéis é também exibida
D. Manuel I, a notícia da descoberta do documentação relativa à viagem, com
Brasil, pela armada de Pedro Álvares Ca plementada com a exibição de objetos.
bral. Um outro documento inscrito, por Os documentos seguem também uma
iniciativa conjunta de Espanha e Portu lógica que procura cobrir a cronologia
gal, é o Tratado deTordesilhas. CMG J. Cyrne de Castro na sua alocução. representada nos painéis. Assim, come
çamos por encontrar documentos sobre
ÁLBUM DE MEMÓRIAS a preparação da viagem, relatórios de
Sacadura Cabral relativos à aquisição
– AVIAÇÃO NAVAL do hidroavião e textos sobre os estudos
A apresentação do Álbum de Memó- referentes às técnicas de navegação aé
rias – Aviação Naval 1917-1952 esteve rea, entre outros.
a cargo do Segundo-tenente Gonçalves
Neves, coordenador da obra. Como dei Entre os objetos expostos podemos
xou claro nas suas palavras, o objetivo considerar diversas categorias. Destes
do álbum não é fazer a história da Avia merecem destaque vários objetos pes
ção Naval, pois essa já existe. Pretende soais dos aviadores, como é o caso de um
-se, acima de tudo, disponibilizar para o relógio de Gago Coutinho, ou o seu ca
grande público imagens do riquíssimo pacete de voo. Exibem-se alguns géneros
espólio fotográfico da Marinha.Assim, o alimentares que os aviadores levavam,
álbum é constituído essencialmente por nomeadamente um pequeno chocolate
imagens do acervo fotográfico do Museu Documentos referentes à Travessia Aérea. e um pão, assim como uma garrafa de
vinho do Porto que nunca chegou a ser
de Marinha e do Arquivo Histórico da aberta. Existe uma vitrina dedicada à na
Marinha, complementadas com outros vegação aérea, contendo, entre outros, o
registos fotográficos, concretamente da corretor de rumos, o sextante usado na
coleção particular do Contra-almirante viagem e algumas das cartas onde foram
Leiria Pinto e do Arquivo Histórico da registando a posição. Ainda em termos
Força Aérea. Na sua intervenção, no de objetos exibidos, vale a pena realçar
início da cerimónia, o diretor da Comis alguns ovos de cagarra recolhidos nos
são Cultural da Marinha aludiu, precisa Penedos de São Pedro e São Paulo e que
mente, ao objetivo em que se enquadra foram assinados pelos aviadores. O ori
o lançamento deste novo livro das Edi ginal dos relatórios encontra-se também
ções Culturais de Marinha, de melhorar em exibição, assim como o diploma atri
a acessibilidade pública ao património buído pela UNESCO.
da Marinha, acompanhado também do
propósito específico de “recordar os pri Aspeto da exposição. Relevo também para duas peças que
se encontram à guarda do Museu do Ar
meiros 35 anos da aeronáutica na Marinha e, si Aviação Naval “Gago Coutinho”, que começou e que foram cedidas para exibição. Tra
multaneamente, prestar-se homenagem àqueles por funcionar no Bom Sucesso. Em 1934 passou ta-se de uma fosforeira e uma cigarreira, ofereci
que, então, porventura melhor consubstancia para Aveiro, onde se manteve até à extinção da das ao Comandante Tamlyn, do Paris-City, que
ram o entusiasmo e o cometimento da Marinha Aviação Naval. recolheu os aviadores quando o segundo hidro
no desenvolvimento da sua componente aérea, Finalmente, a última parte apresenta os dife avião se perdeu.
ao serviço das Forças Armadas e de Portugal”. rentes modelos de aeronaves que prestaram ser A exposição termina com documentos rela
O álbum encontra-se dividido em quatro par viço na Aviação Naval. cionados com a evocação do feito. Foram pro
tes. A primeira é dedicada aos Centros da Avia “São estes os principais temas patentes nes duzidos imensos postais, diplomas e notícias.
ção Naval. O primeiro foi o do Bom Sucesso em ta obra, registados ao longo de uma centena de Chegaram telegramas de felicitações de todo o
Lisboa, e está na génese da Aviação Naval em imagens. Contudo, a dimensão humana está mundo. Foram compostas peças musicais e re
Portugal, sendo nele que em 1917 se iniciou a sempre presente em cada um deles: pilotos, digidos poemas. São exibidos alguns exempla
atividade operacional da Marinha em termos ae mecânicos, artífices e todos aqueles que ser res dos inúmeros existentes no espólio do Museu
ronáuticos. Durante a Primeira Guerra Mundial viram e deram corpo, alguns a própria vida, à de Marinha e da Biblioteca Central da Marinha.
foi criado o Centro deAviação Naval dosAçores Aviação Naval.”
Colaboração da COMISSÃO CULTURAL DA MARINHA
24 JUNHO 2012 • REVISTA DA ARMADA