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REVISTA DA ARMADA | 506

      COOPERAÇÃO TÉCNICO-MILITAR

TIMOR

Inserido no novo Programa-Quadro de Cooperação Técnico-Mi-          rante 25 m. “Nadar”, um termo desconhecido até então para
  litar para 2014-2016, a Marinha, através do Corpo de Fuzileiros,  estes militares, era tomado como uma impossibilidade física. O
aprontou e enviou uma equipa de assessores técnicos tempo-          receio (pânico nalguns casos) foi geral e muitos recorreram à sua
rários (ATT), constituída por um oficial e um sargento, para, no    “fé em Deus” para que os ajudasse naquela situação. Depois de
âmbito do Projeto 3 – Apoio à Componente Naval das F-FDTL,          saltarem da ponte do navio da República Democrática de Timor-
conduzirem o 3º Curso de Fuzileiros.                                -Leste (RDTL) “Kamenassa”, a cerca de 5 m de altura1, para seu
                                                                    descanso, Deus finalmente aparecia sob a forma de um bote de
   Assim, com aprontamento realizado, sábado, 14 de março de        apoio: medos se ultrapassavam, orgulhos se erguiam e manifes-
2015, aterrou no Aeroporto Nicolau Lobato em Díli, Timor-Leste,     tações mútuas de camaradagem se fizeram notar.
a equipa de formadores composta pelos 2TEN FZ Maia e 1SAR
FZ Neves, enviada por Portugal para dar início ao 3º Curso de         Este era o desafio que nos fazia avaliar a capacidade de decisão
Fuzileiros Navais desta ainda recente nação. O calor intenso e a    e ver o quão estes militares estavam comprometidos com o obje-
humidade asfixiante (perto dos 90%) constituem desde logo o         tivo de serem Fuzileiros.
primeiro grande choque que, aliados a 20 h de voo efetivo e a
8 horas de diferença horária para Portugal, se tornam fatores       A PRIMEIRA SEMANA
impeditivos ao descanso noturno, situação que se prolongaria
pelas primeiras duas semanas. No entanto, a adaptação social          51 Militares foram admitidos ao 3º curso de FZ em 23 de mar-
e cultural deu-se rapidamente. O espírito de missão intrínseco      ço de 2015. Com os testes físicos foram identificados vários pa-
à condição de Fuzileiro foi motivação mais que suficiente para      râmetros que teriam de ser melhorados: a resistência física da
meter as “mãos à obra”.                                             corrida; a força nos membros superiores e inferiores e a técnica
                                                                    de natação. Tudo em prol do desenvolvimento das capacidades
OS TESTES INICIAIS                                                  físicas necessárias ao cumprimento das missões dos Fuzileiros no
                                                                    âmbito das F-FDTL. Para tal, muitas horas foram passadas dentro
   Fizeram-se testes a 52 candidatos para o Curso de Fuzileiros     de água, muitos quilómetros percorridos em corrida, muitos pe-
e rapidamente se verificou a dificuldade destes dentro de água.     sos foram carregados. Desde as 08h00 até as 17h00, com pouco
Cerca de 70% não conseguia manter-se à superfície da água du-       mais de uma hora para almoço, a carga letiva era mais do que

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