Page 12 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 506
até Ataúro. A experiência fez percorrer 19 milhas em cerca de 4
horas e 20 minutos pois as condições não permitiam mais do que
5 nós. Os botes chegaram todos já perto do anoitecer.
No dia seguinte as previsões anteviram o vento mais calmo
com tendência a aumentar depois das 13h00. Teríamos cerca de
7 horas de janela de tempo favorável. De novo, de forma inespe-
rada, o vento não acalmou tanto quanto o previsto e foi neces-
sário colocar os botes às 10 milhas em vez das 15 inicialmente
previstas. Desta forma, assim aconteceu: os alunos, com azimute
tirado a Díli, remavam em mar alto com terra à vista. O primeiro
bote chegou com cerca de 4 horas e 30 minutos e o último com
cerca de 6 horas. A imprensa registou o momento e mais uma
vez os Fuzileiros eram notícia por todo o país através da Rádio
Televisão Timor-Leste.
PLANEAMENTO dos que totalizaram mais de 630 horas de formação. A marcha
final, tal como em Portugal, terminou finalizados os cerca de 54
Sendo um curso apenas de praças, todo o planeamento das km (dos quais 30 km com mochila). À chegada, a satisfação de
operações ficou a cargo da equipa de formação; já a coordenação dever cumprido era visível nas lágrimas de felicidade dos mili-
(até ao escalão “secção”) e a execução ficaram a cargo dos alunos tares.
candidatos a fuzileiros.
São 36 militares que demonstraram capacidades que os colo-
Se por um lado o armamento se aproximava do existente em cam na vanguarda do Corpo de Comando de Fuzileiros da Com-
forças como a dos Estados Unidos (ex: Colt M16A2), por outro, ponente-Naval de Timor Leste, esta com enorme responsabilida-
os métodos de planeamento tinham de ser extremamente criati- de no âmbito da autoridade marítima nacional.
vos devido quer à ausência de elementos básicos como relógios,
quer de comunicações seguras e eficazes. Mas nem por isso o Aos formadores, fica um sentimento de enorme satisfação
sucesso destas ações foi beliscado, antes pelo contrário, a astúcia pelo dever cumprido. A família dos Fuzileiros ganhou mais 36 ca-
dos executantes, motivada por um espírito de missão incutido maradas irmãos.
desde o início, levava a que a determinação fosse constante.
Obrigadu Barak4.
Vindo de um povo que tanto teve de fazer para conseguir so-
breviver num cenário de ocupação indonésia, o instinto do com- Colaboração do COMANDO DO CORPO DE FUZILEIROS
batente corre nas veias destes militares de forma natural.
Notas
FUZILEIROS, NO MAR, EM TERRA
E ONDE NECESSÁRIO 1 A lgum do receio dos militares prendia-se com o facto de permanecer um crocodi-
lo com cerca de 2,5 m de comprimento na mesma área onde estes nadavam. No
Dos 51 que ingressaram no 3º Curso de Fuzileiros, 36 termi- entanto, estavam asseguradas todas as condições de segurança.
naram com sucesso e ultrapassaram todos os desafios que lhes
foram colocados. Foram 4 meses e meio de muito treino físico, 2 A ilha de Ataúro dista cerca de 15 milhas de Díli, sendo que a povoação mais
muito tiro, muitas noites perdidas, muitos quilómetros percorri- próxima, Beloi, fica a 19 milhas.
3 A Componente-Naval das F-FDTL abraçou este desafio e prontamente mostrou
toda a disponibilidade para colaborar no sucesso deste exercício. Para o reco-
nhecimento e execução do exercício estiveram envolvidos uma Lancha da Classe
Para-asa e um Patrulha da classe Jaco.
4 “Muito Obrigado”, tradução livre da língua nativa Timorense: Tétum.
12 ABRIL 2016