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REVISTA DA ARMADA | 506

suficiente para que muitos candidatos procurassem a saída mais        desafio hercúleo, não só pelo meio ambiente – alto mar – como
fácil: a desistência.                                                 também pela panóplia de variáveis que teriam de estar alinha-
                                                                      das. O vento, a corrente, a visibilidade, as condições de material,
EXERCÍCIO MALIANA                                                     entre outras, seriam todas condicionantes que, apesar de todo
                                                                      o apoio dos meios da componente-naval3 disponíveis, teriam de
  A ideia, embrionária em Portugal, estava muito aquém da exe-        ser favoráveis.
quibilidade após a perceção no terreno de todas as complexida-
des que um exercício desta exigência teria. Na análise feita in loco    No entanto, o reconhecimento correu na perfeição. Dois botes
pela equipa de formação e das informações recolhidas, efetuar         de assalto realizaram o percurso pretendido, onde as condições
uma travessia de Ataúro2 para Díli a remar viria a tornar-se um       climatéricas excelentes fizeram antever uma boa prova. Faltava
                                                                      apenas garantir equipas de botes com o treino e a motivação
                                                                      adequadas ao desafio.

                                                                        Foram feitos diversos treinos, com diferentes equipas, com di-
                                                                      ferentes líderes, onde a técnica de remada tinha de ser o mais
                                                                      eficiente possível por forma a garantir o sucesso da prova.

                                                                        No entanto, de forma inopinada, ao invés das condições verifi-
                                                                      cadas no reconhecimento, no movimento para Ataúro foram pre-
                                                                      senciadas as mais adversas condições de mar alguma vez expe-
                                                                      rienciadas por estes patrões de bote. O vento encontrava-se de
                                                                      NE 8 a 12 nós (segundo as previsões tiradas pouco antes de sair)
                                                                      com vaga de 1,5 m a 2 m. Relembro que o movimento foi feito
                                                                      em botes de assalto Zebro III. A perseverança e a impossibilidade
                                                                      de adiar (a alternativa seria mesmo cancelar face aos apoios já
                                                                      pedidos e ao calendário extremamente apertado) levaram a que,
                                                                      apesar de estar próximo das condições limite, a experiência de
                                                                      quase 3 anos na UMD tenha prevalecido na decisão de continuar

                                                                      ABRIL 2016 11
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