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REVISTA DA ARMADA | 526












          nicos em simultâneo, de forma coordenada, é essencial. Cada   radas, seguidas de deslocação por mar para outro ponto, onde
          um destes navios operará um Destacamento de Fuzileiros com   se iniciará um novo ciclo de entrada, ação e reƟ rada de forma
          50 a 90 elementos. Serão desembarcados por botes Ɵ po Zebro   cíclica. Deverá ser uƟ lizado todo o litoral adversário. Caso seja
          III e botes de carga modifi cados. Estes desembarques permiƟ rão   necessário agir por períodos mais prolongados, então dever-se-á
          projetar em terra viaturas ligeiras e atrelados que possam trans-  equacionar a tomada de assalto de um porto, que possa servir de
          portar todos os elementos e garanƟ r uma elevada mobilidade   ponto de difusão, reforço e de apoio logísƟ co dos meios em ação
          em terra. Estas viaturas transportarão armamento com elevado   pelo período considerado.
          poder de fogo e deverão fornecer uma proteção mínima contra   A tomada de um porto não deverá inibir ações no litoral adver-
          projéteis calibre 5,57 mm, ou seja, armamento ligeiro. As forças   sário, que servirão sempre, e de forma concomitante, para
          serão equipadas com drones e capacidade de visão térmica, ou   desestabilizar as forças opositoras, cortar possíveis eixos de
          intensifi cadores de imagem, garanƟ ndo dessa forma uma vanta-  infi ltração e aproximação ao porto tomado. No caso do porto
          gem decisiva em ações no arco noturno. As forças levarão arma-  tomado, deverá ser equacionada a possibilidade de desembarcar
          mento anƟ aéreo para baixa e média alƟ tude.        de forma logísƟ ca meios mais pesados de combate e prever a
           O sucesso das operações uƟ lizando este conceito dependerá da   uƟ lização de ações conjuntas com os outros ramos, o que poderá
          capacidade para controlar e uƟ lizar o espaço aéreo sobre a área   requerer também a tomada de uma infraestrutura aeroportuária
          de operações, ou pelo menos garanƟ r que este não é uƟ lizado   próxima. No entanto, as forças agrupadas no conceito de Rápido


























          pelo opositor. A negação do espaço aéreo poder-se-á realizar   e Leve devem privilegiar os raides anİ bios e a desestabilização
          com as armas da Força Naval junto ao litoral, ou por sistemas   do opositor, enquanto decorrem as operações conjuntas, quer
          portáteis antes referidos, incorporados na força de Fuzileiros.   no porto quer nas infraestruturas aeroportuárias.
           As capacidades e vulnerabilidades, movimentos e posiciona-  Estas operações poderão ser facilitadas em zonas costeiras com
          mento das forças e instalações adversárias, assim como a estru-  pronunciados e alargados deltas de rios e zonas onde existam
          tura de comando controlo e comunicações, deverão ser conhe-  cursos de águas que permitam uma elevada penetração em ter-
          cidos em detalhe para se ter um elevado grau de Omnisciência   ritório adversário.
          sobre o adversário. Os navios deverão/poderão ser suportados   Este  Ɵ po de operações poderá ser uƟ lizado em ações para
          por drones lançados sobre terra para recolha de informações em   infl uenciar resultados em zonas de confl ito, desestabilizar adver-
          profundidade e acompanhamento das forças amigas. A recolha   sários, inserir/libertar/reƟ rar/proteger cidadãos, ou pessoas
          de informação prévia às operações poderá ser feita por meios   importantes, nacionais ou outros, inibir a uƟ lização ou mesmo
          totalmente discretos como os submarinos e por ações percurso-  destruir infraestruturas ou equipamentos militares de oposito-
          ras e encobertas do Destacamento de Ações Especiais, a operar a   res, ou ainda tomar como reféns a liderança políƟ ca ou militar de
          parƟ r de submarino, ou de navios ao largo.         uma enƟ dade opositora.
           Esta força deverá ter uma elevada mobilidade, necessitando   O Conceito de Rápido e Leve permite alargar a uƟ lidade dos
          para isso de ser motorizada como já referido, e simultaneamente   navios da Esquadra e abre novas perspeƟ vas de ação que podem
          deverá ser capaz de transportar armamento pesado e com ele-  conferir ao país um leque mais alargado de opções políƟ co-mili-
          vada cadência de Ɵ ro para poder de forma pontual ter superiori-  tares.
          dade de fogo sobre o opositor nos objeƟ vos.
           A força deverá atuar por períodos curtos e no ciclo noturno                               Gouveia e Melo
          no litoral adversário. As operações poderão prolongar-se por                                      VALM
          períodos de uma a duas semanas, com entradas, ações e reƟ -                              Comandante Naval


                                                                                                  FEVEREIRO 2018  11
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