Page 8 - Revista da Armada
P. 8
REVISTA DA ARMADA | 526
NRP ARPÃO NAS OPERAÇÕES
SOPHIA E SEA GUARDIAN
MEDITERRÂNEO: UM MAR DE OPERAÇÕES Após as demonstrações de capacidades efetuadas, era hora de
iniciar o trânsito e rumar ao mar mediterrâneo. No entanto, o navio
omo é ơ pico nestas missões fora de área, o aprontamento do NRP depara-se com o seu primeiro desafi o, sabendo que este poderia pôr
CArpão para a sua parƟ cipação na Operação Sophia da EUNAVFOR em causa o cumprimento da missão: uma avaria num grupo eletrogé-
MED começou muito antes do dia da largada para a sua missão mais neo. Após inúmeros esforços da guarnição e esgotadas as capacida-
signifi caƟ va do ano de 2017. Mais concretamente, a primeira «pedra» des ao seu nível para a resolução desta avaria, contou-se com o apoio
foi colocada no dia 9 de junho de 2017 com o início do aprontamento do segundo e do terceiro escalão de manutenção, para assim, já ao
médico-sanitário da guarnição e militares de reserva, seguindo-se as largo de PorƟ mão, se conseguir ultrapassar este percalço e superar
diversas reuniões de aprontamento e os necessários fornecimentos o desafi o prosseguindo a missão. Uma situação que colocou à prova
de material para a execução de uma missão desta duração. toda a estrutura de apoio técnico, tendo-se conseguido superar sem
A moƟ vação e a ansiedade da guarnição ao longo do ano foi grande, pôr em causa a missão.
pois vislumbrava-se cada vez mais próximo a parƟ cipação do sub- O tempo urge, o submarino tem de entrar na sua «caixa 3D» (Moving
marino numa operação real, como é o caso da Operação Sophia da Haven ) para cumprir com o SUBNOTE atribuído e desta forma, fi nal-
2
1
EUNAVFOR MED, força naval da União Europeia. Esta operação foi mente, rumar em direção ao Estreito de Gibraltar (STROG), sempre
criada através do Conselho da União Europeia em 18 de maio de tão desafi ante para um submarino em imersão, seja pelas suas carac-
2015, com o suporte de diversas resoluções do Conselho de Segu- terísƟ cas oceanográfi cas, seja pelo elevado tráfi co que apresenta. No
rança das Nações Unidas, tendo por missão principal «contribuir para dia 6 de outubro de 2017 fez-se história, ao ser efetuada a travessia
o desmantelamento do modelo de negócio das redes de introdução do STROG por um submarino da classe Tridente em apenas três horas
clandesƟ na de migrantes e tráfi co de pessoas, zona sul do Mediterrâ- e meia e a uma velocidade média de onze nós. Tal façanha só foi con-
neo central». seguida com o submarino à cota periscópica, através da ajuda de uma
No dia 1 de outubro de 2017, pelas 23h30 locais, o NRP Arpão zar- elevada corrente superfi cial atlânƟ ca, conjugada com um pouco habi-
pou rumo a uma jornada inesquecível de 61 dias, engrandecidos por tual tráfego mercante reduzido, permiƟ ndo assim a rápida entrada
duas Ɵ radas de 25 e 23 dias, dois portos de visita e um trânsito fi nal de nas águas do mediterrâneo.
volta à Base Naval de Lisboa. Já em pleno Mediterrâneo e apesar de se encontrar em trânsito para
Antes de se fazer ao mar, foi recebido a bordo o Presidente da Repú- a área de operações da Operação Sophia, o treino interno para a orga-
blica, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa. No discurso que dirigiu à guar- nização para a ação e a manutenção de uma permanente atenção em
nição, senƟ u-se o apoio de toda uma nação, enaltecendo a importân- todos os sistemas e sensores de bordo permitem a recolha das primei-
cia do submarino nesta sua missão, em cumprimento dos interesses ras e importantes informações, tendo em vista o cumprimento dos
nacionais e honrando os compromissos internacionalmente assumi- requisitos de informação nacionais defi nidos.
dos por Portugal. Desde o mar de Alboran, passando pela costa argelina e tunisina,
Imagens de plataformas e contactos de interesse uƟ lizando diferentes sensores.
8 FEVEREIRO 2018