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REVISTA DA ARMADA | 526


          RÁPIDO E LEVE



          CONCEITO DE OPERAÇÕES



          INTRODUÇÃO                                          duas condições, a da superioridade de conhecimento e a da ine-
                                                              xistência de uma ameaça aérea signifi caƟ va.
             arte da guerra, princípios e sínteses foi escrita e reescrita   Na maioria dos teatros de baixa intensidade e/ou contra forças
         A  por diversos autores ao longo da história, entre os quais se   insurgentes, estas duas condições podem ser facilmente garan-
          lembram alguns dos mais relevantes: Sun Tzu (496 BC); Padre   Ɵ das, o que permiƟ rá uƟ lizar o binómio navio-força de desem-
          Fernando de Oliveira (1555); Henri Jomini (1805); Moltke (1869);   barque no conceito que passaremos a defi nir como de Rápido
          Alfred Thayer Mahan (1890); Carl von Clausewitz (1832); Julian   e Leve.
          CorbeƩ  (1911); Guderian (1937); Charles Fuller (1948); Liddell
          Hart (1954); Qiao Ling e Wang Xiangsui (1999).
           Os doze princípios da Guerra,  fi ltrados dos diversos autores,   CONCEITO DE OPERAÇÕES “RÁPIDO E LEVE”
          podem ser idenƟ fi cados como: manutenção do objeƟ vo; manu-  Este conceito aplica-se à ação de forças ligeiras, em que se pri-
          tenção da moral; retenção da ofensiva; concentração de força,   vilegiará a surpresa, a mobilidade e a rapidez da ação, sobre a
          ou massa; economia de esforço; sustentação do esforço ou logís-  proteção da própria força. Pretende-se explorar com vantagem
          Ɵ ca; capacidade de manobra; unidade de comando; segurança   um ciclo lento e defi ciente de Observar, Orientar, Decidir, Agir
          das forças; efeito de surpresa; simplicidade nas ações; fl exibi-  (OODA), de um adversário, através de ações inesperadas, rápi-
          lidade e adaptabilidade  às mudanças.  No entanto, estes doze   das, cirúrgicas e decisivas, usando a capacidade de manobra do


























          princípios deixam de lado um conceito importante que infl uencia   binómio navio-força junto ao litoral. Os navios de projeção con-
          e maximiza alguns dos princípios idenƟ fi cados, principalmente   ferirão proteção às forças de desembarque, com fogo de suporte
          nos cenários modernos, onde o espaço do confl ito é mulƟ dimen-  sobre posições em terra, quer na fase de desembarque, quer na
          sional e alargado, que é o princípio da superioridade do conheci-  progressão no litoral, quer ainda no reembarque das forças. Esta
          mento, ou grau da omnisciência.                     proteção estender-se-á às ameaças aéreas na área de operações.
           Uma força menor, com maior mobilidade e sufi ciente poder de   As forças amigas devem agir de forma a coincidir o ciclo OODA
          fogo, se conhecer bem as posições, movimentos, cultura e inten-  do adversário, com um ciclo rápido de Ilusão, Desorientação,
          ções do opositor (maior grau de omnisciência), poderá, de forma   Ação e ReƟ rada (IDAR). Quando o opositor tentar Observar, a
          relaƟ vamente simples, antecipar os seus movimentos, subtrain-  força amiga estará em manobras que permitam Iludir essa obser-
          do-se à ação deste e desse modo garanƟ r a segurança das suas   vação, aproximando-se dos pontos de inserção com total sur-
          forças, maximizar o efeito de surpresa e a concentração do poder   presa e de forma inesperada. Quando o opositor fi nalmente con-
          de fogo, retendo a iniciaƟ va e atacando na exata medida da con-  seguir perceber a presença da força amiga e tentar Orientar-se,
          secução do objeƟ vo pretendido, o que garanƟ rá a economia de   esta deverá executar ações que permitam desorientar o opositor
          esforço. Para isso, essa força, embora pequena, terá que ser fl e-  e levá-lo a reagir em locais diferentes, desprotegendo os objeƟ -
          xível, altamente manobrável e adaptável.            vos pretendidos. Quando o opositor fi nalmente iniciar a fase de
           As forças ligeiras de infantaria, estruturadas enquanto tal por   Decisão, já as forças amigas deverão estar a Agir sobre os obje-
          Napoleão e usadas posteriormente nas mais diversas confi gura-  Ɵ vos pretendidos. Quando o opositor fi nalmente perceber que
          ções, obedecem à Ɵ pologia descrita de uma força pequena, alta-  Decidiu mal e quiser redirecionar a sua Ação, as forças amigas
          mente manobrável, fl exível e adaptável.             deverão estar já na fase de ReƟ rar.
           É, pois, neste senƟ do que o conceito de rápido e leve se insere,   Este conceito exige diversas unidades navais em operação sin-
          nomeadamente aplicado a Forças de Fuzileiros, a operar no lito-  cronizada, com diversos pontos de entrada e saída. Deste modo,
          ral, apoiadas por navios. Este conceito requer para aplicação   a possibilidade de uƟ lizar Fragatas e navios Ɵ po Patrulhas Oceâ-


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