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REVISTA DA ARMADA | 526


          até alcançar águas líbias, o submarino detetara vários contactos sub-  Headquarters Allied Mari  me Command (HQ MARCOM) da NATO,
          marinos, unidades de superİ cie militar NATO e não NATO, embar-  em apoio associado. Aproveitando o facto de se encontrar a operar no
          cações rápidas (possivelmente associadas a aƟ vidades  ilícitas),   mediterrâneo, consegue também contribuir para o cumprimento das
          emissões radar dos sistemas de controlo costeiro e possíveis comu-  tarefas defi nidas por esta organização, que passam pela manutenção
          nicações costeiras.                                 de um Mari  me Situa  onal Awareness (MSA), pelo combate ao ter-
           Um dos objeƟ vos da operação  Sophia passa por monitorizar o   rorismo e, consequentemente, pela garanƟ a da segurança maríƟ ma
          comportamento e recolher o máximo de informações possíveis dos   no mediterrâneo.
          contactos de interesse, exisƟ ndo uma lista de navios idenƟ fi cados   De volta à área de operações da Operação Sophia, foram defi nidas
          pelas suas aƟ vidades suspeitas, relacionadas com o tráfi co de pes-  novas áreas de interesse tentando obter um conjunto de informações
          soas, armas ou petróleo. Antes de entrar na área de operações, o   diferenciado. As tarefas, essas manƟ veram-se as mesmas, mudando
          NRP Arpão teve a oportunidade de se cruzar com dois contactos de   apenas a localização dos pontos de interesse, tendo assim o subma-
          interesse tendo recolhido informações nas mais diferentes áreas   rino através das suas roƟ nas e do ritmo de batalha já cimentado, con-
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          (ELINT, ACINT e IMINT  ), bem como a análise dos respeƟ vos com-  seguido proceder à recolha de informações de interesse ao longo da
          portamentos.                                        costa líbia, tais como a idenƟ fi cação de um sistema de vigilância cos-
           Após o trânsito previsto, ocorre fi nalmente a entrada na área de   teira, diversas antenas de comunicações, movimentos portuários nos
          operações. Pela frente, o apoio associado (Associated Support  ) à   principais portos e o respeƟ vo Pa  ern of Life destas áreas líbias.
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          EUNAVFOR MED e a consequente execução das tarefas atribuídas   Concluídos 38 dias de apoio associado à EUNAVFOR MED, e após um
          ao submarino, enquadradas na sua missão. Estas tarefas, de forma   PHOTEX com algumas das unidades que integravam a força, entre as
          genérica, passavam pela recolha de informações (operações ISR ),   quais, a fragata alemã Mecklenburg-Vorpommern, o patrulha inglês
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          nas diversas áreas de interesse, focadas na deteção de aƟ vidades   Echo e o respeƟ vo navio- chefe, o reabastecedor Cantabria, o NRP
          relacionadas com o tráfi co de pessoas e respeƟ vos trafi cantes, e   Arpão rumava mais a oeste, iniciando o trânsito de regresso a Lisboa.
          outras aƟ vidades de interesse para o cumprimento do mandato   Para além de uma paragem prevista no já conhecido porto de Carta-
          daquela força da EU.                                gena, pelo caminho o submarino conƟ nuava a sua missão através do
           O suporte ao submarino na área de operações foi feito através do   apoio à Operação Sea Guardian, monitorizando e reportando todos
          submarine specialist (ofi cial submarinista português) pertencente ao   os contactos que detetava, obtendo um robusto MSA do mediterrâ-
          staff  embarcado no navio-chefe da força, o reabastecedor espanhol   neo e recolhendo informações nas diversas esferas da INTEL, alimen-
          ESPS Cantabria, e pelo Estado-Maior do CTG 443.10. Através do sis-  tando o HQ MARCOM e cumprindo com as tarefas atribuídas por este.
          tema SATCOM e do respeƟ vo uso das redes de informação seguras,   Um segundo trânsito ao longo das costas tunisinas, argelinas e mar-
          tanto nacional como a da própria missão, foi possível ao submarino   roquinas permiƟ ra confi rmar dados recolhidos anteriormente, bem
          à cota periscópica, receber as informações INTEL e as intenções mais   como a oportunidade de novas deteções e interceções.
          recentes, assim como relatar os dados recolhidos.    Volvidos mais de 23 dias consecuƟ vos em imersão, em patrulha per-
           Na primeira patrulha efetuada, através dos seus modernos e evo-  manente, eis que se alcança terra fi rme novamente. A paragem em
          luídos sistemas e sensores de recolha de informação, foi possível   Cartagena permiƟ u a visita aos estaleiros da empresa Navan  a, local
          construir um Pa  ern of Life, efetuar a análise de pontos prováveis de   onde estão a ser construídos os novos submarinos espanhóis e a res-
          largada de migrantes, realizar operações ISR a zonas petrolíferas, inter-  peƟ va troca de conhecimentos e experiências submarinistas com ele-
          cetar emissões radar e comunicações e efetuar o reconhecimento   mentos da Marinha espanhola que visitaram o submarino português.
          costeiro, numa área defi nida ao largo da costa norte africana.  Lisboa parecia estar mesmo ali ao lado, no entanto, pelo meio
           Após 25 dias de missão, Taranto «à vista». Após feita superİ cie e   encontrava-se mais uma passagem pelo STROG, novamente à cota
          autorizado o uso de telemóvel, as primeiras chamadas são para, fi nal-  periscópica, onde desta feita, fora detetado um elevado tráfego de
          mente, matar as saudades dos familiares. A paragem neste porto teve   navegação mercante e alguns contactos de interesse.
          por objeƟ vo o embarque de reagentes, combusơ veis e manƟ mentos,   A 30 de novembro de 2017, após terem fi cado para trás 61 dias de
          bem como o descanso da guarnição e do seu submarino, recuperando   missão, fi nalmente a aproximação ao porto de Lisboa e com ela a
          assim energias para mais uma patrulha intensa que se avizinhava.  aguardada voz «ar a todos, superİ cie». Ao navegar no rio Tejo, o sen-
           O porto de  Taranto, novidade para os submarinos da classe  Tri-  Ɵ mento geral é de missão cumprida, fi cando na memória os momen-
          dente, proporcionou-se como um porto logísƟ co capaz, tanto pelas   tos mais marcantes, durante aproximadamente 1200 horas de nave-
          capacidades da Marinha Italiana no apoio aos submarinos portugue-  gação, das quais mais de 1000 horas passadas em imersão, perto de
          ses como na receƟ vidade demonstrada pelos submarinistas italianos   2000 contactos detetados e inúmeros dados de interesse recolhidos.
          através do desenvolvimento de diversas aƟ vidades que permiƟ ram a   Com os pés do comandante no cais 6 norte da Base Naval de Lis-
          troca de experiências entre Marinhas.               boa termina a missão do NRP Arpão, tendo este submarino sido os
           Com uma primeira patrulha efetuada e momentos antes de largar   olhos onde a vista não alcança, no mar mediterrâneo, um mar de
          do porto de  Taranto, o NRP Arpão recebe mais uma missão para adi-  operações.
          cionar à que já decorria, parƟ cipação na Operação Sea Guardian, do
                                                                                   Colaboração do COMANDO DO NRP ARPÃO

                                                               Notas
                                                               1  Área, geralmente móvel, atribuída a um submarino.
                                                               2   Submarine No  ce – mensagem de roteamento de submarinos para efeitos de PMI
                                                                (Preven  on of Mutual Interference).
                                                               3   Guerra eletrónica, acúsƟ ca e imagem de alta defi nição e de infra-vermelhos.
                                                               4   Nível de comando e controlo em que a unidade apoia um determinado comando
                                                                na execução de determinadas tarefas, não alterando, no entanto, a enƟ dade que
                                                                detém o seu controlo operacional.
                                                                  Mais concretamente conduzir operações ISR (Intelligence, Surveillance and Recon-
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                                                                naissance) .

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