Page 17 - Revista da Armada
P. 17

REVISTA DA ARMADA | 543



                                                                                 Notas
                                                                                 1  Cf., POTTER, E. B. and NIMITZ, Chester W.,  Sea
                                                                                 Power: A Naval History  2d ed. US Naval Ins  tute
                                                                                 Press, Annapolis, MD, 1981, pp. 164-167.
                                                                                 2  FRASER, E., The Enemy at Trafalgar: An account of
                                                                                 the Ba  le from Eye-witnesses, Narra  ves and Le  ers
                                                                                 and Dispatches from the French and Spanish Fleets,
                                                                                 London, 1906, pp. 215-217, citado em ADKIN, Roy,
                                                                                 Trafalgar, a biografi a de uma batalha, Aletheia Edi-
                                                                                 tores, Lisboa, 2009, p. 15.
                                                                                 3  Cf., POTTER, E. B. and NIMITZ, Chester W.,  Sea
                                                                                 Power: A Naval History  2d ed. US Naval Ins  tute
                                                                                 Press, Annapolis, MD, 1981, pp. 360-365.
                                                                                 4  Como resultado das vitórias sobre a China e sobre a
                                                                                 Rússia o Japão emerge no início do séc. XX como uma
                                                                                 das principais potências navais. Apesar da aliança
                                                                                 com Inglaterra, o Japão considera-se roubado pelas
                                                                                 potências ocidentais, pelo que con  nua a reforçar o
                                                                                 seu poder naval, aguardando apenas a oportunidade
                                                                                 para conquistar a supremacia no leste asiá  co.
                                                                                 5  ROSE, Lisle,  Power At Sea, The Breaking Storm,
         vam inclinavam-se para o lado ou para a   incêndio de tais proporções que levou ao   1919-1945, vol. II, University of Missouri Press,
         frente e a fuselagem transformava-se numa   seu afundamento. 10         Columbia and London, 2007, p. 122. “Russian gun-
                                                                                 nery improved briefl y as the ba  le raged, and dela-
         chaminé jorrando chamas e fumo.” 9   Os exemplos aqui ver  dos não são mais   yed-ac  on fuses allowed Russian shells to penetrate
           Quarenta anos depois, em plena guerra   do que a constatação duma realidade que   deeply into the Japanese ships before exploding,
                                                                                 causing terrible damage. But the highly explosive
         fria, ocorreu aquela que poderemos consi-  é constante na guerra naval: o fogo como   Japanese Shells, although perhaps not as deadly,
         derar como a úl  ma batalha naval do séc.   denominador comum de violência e des-  were more demoralizing because they burst on
         XX. Curiosamente o confronto não ocorreu   truição. A este propósito, o Almirante John   impact, sha  ering superstructures, causing huge
                                                                                 paint fi res, and driving Russian gunners from their
         entre as potências antagonistas que pro-  Foster Woodward, comandante da força   weapons with clouds of smoke. As scores of Russian
         tagonizavam o assim designado confl ito,   naval inglesa que   nha por missão recupe-  sailors milled about, blinded and choking on their
                                                                                 decks, they were cut down by deadly shrapnel”. Tra-
         mas entre dois países supostamente per-  rar a soberania das Malvinas, ques  onado   dução do autor do ar  go.
         tencentes à mesma esfera polí  co-militar:   algum tempo depois de este confl ito  ter   6  O nome de Pacífi co é no mínimo paradoxal, uma
         Reino Unido e Argen  na.           ocorrido, sobre o que    nha mudado na   vez que foi o cenário dos mais violentos e desuma-
                                                                                 nos confrontos da Segunda Guerra Mundial, não
           Referimo-nos naturalmente à campanha,   guerra naval, diz o seguinte:  só no mar, mas também nas várias ilhas onde, para
         ou guerra, das Malvinas, como fi cou conhe-  “Quando refl ito sobre o sucedido na   desalojar os japoneses que as ocupavam, foi neces-
         cida, que defl agrou em 1982, após uma   baía de S. Carlos penso que pouco mudou   sário efetuar operações an  bias com avultados cus-
                                                                                 tos humanos e materiais.
         crise diplomá  ca respeitante à soberania   desde o século XIX, excepto, é claro, a   7  Cf., POTTER, E. B. and NIMITZ, Chester W.,  Sea
         das mencionadas ilhas. Embora não tenha   tecnologia e a velocidade dos aconte-  Power: A Naval History  2d ed. US Naval Ins  tute
         ocorrido uma batalha naval em larga escala,   cimentos; as pessoas eram como as de   Press, Annapolis, MD, 1981, pp. 669-688.
                                                                                  Considerada por muitos autores como a primeira
                                                                                 8
         uma vez que a esquadra argen  na se re  -  hoje, o espírito nos navios era o mesmo,   vitória tá  ca e a segunda vitória estratégica dos EUA
         rou para as suas bases em virtude do afun-  a coragem das guarnições era a mesma…   sobre o Japão, uma vez que a batalha de “Mar de
         damento do cruzador  General Belgrano,   qual a diferença entre o Ardent, avariado   Coral” em Fevereiro desse mesmo ano já   nha sido
                                                                                 uma vitória estratégica pois impediu o corte das
         alguns navios ingleses foram a  ngidos com   e em chamas, mas ainda a combater e   linhas de comunicação com a Austrália, que cons-
         mísseis e bombas lançados a par  r de aero-  o  Revenge de Sir Richard Greenville ,     tuía o grande obje  vo Japonês da ocupação do
                                                                           11
         naves argen  nas. Foi este o caso do ataque   alguns séculos atrás?” 12  Sudoeste Asiá  co.
                                                                                  PRANGE, Gordon W., GOLDSTEIN, Donald M. and
                                                                                 9
         no dia 4 de maio, executado por um avião                                DILLON, Katherine V.,  Miracle at Midway, Open
         «Super Étendard» que lançou um míssil                       Piedade Vaz  Road, New York, 2018 pp. 274-275. “The   me was
         Exocet com uma ogiva 165 kg de alto poder                     CFR REF   1022. The fi rst three bombs missed the target. Then
                                                                                 Gallaher, roaring down to 2,500 feet to release, dro-
         explosivo contra a fragata inglesa Sheffi  eld.   Comunicação efetuada no âmbito do VIII Colóquio   pped his bomb starboard a   squarely amidst the pla-
         Apesar de a ogiva não ter explodido, após   Internacional, Imagé  ca do Fogo: medos, paixões,   nes massed for take-off . Instantly the fl ight deck was
                                                                                 a holocaust. As the aircra     lted over on a wing or
         o impacto o sequente derrame do com-  renascimentos, Faculdade de Letras da Universi-  forward on the nose, the fuselage formed a chimney
         bus  vel propulsor do míssil provocou um   dade de Lisboa, 4 de junho de 2019.  fl ue spou  ng fl ame and smoke”. Tradução do autor
                                                                                 do ar  go.
                                                                                 10  Cf., FREEDMAN, Lawrence, “The War of the Falkland
                                                                                 Islands”, Foreign Aff airs, vol. 61, no. 1. 1982, p. 204.
                                                                                 11  Refere-se à par  cipação na Batalha das Flores, um
                                                                                 recontro naval no contexto da Guerra Anglo-Espa-
                                                                                 nhola (1585-1604), em Agosto de 1591 ao largo da
                                                                                 ilha das Flores, no arquipélago dos Açores, entre
                                                                                 uma esquadra inglesa e uma esquadra Espanhola.
                                                                                   Citado em TILL, Geoff rey, “Trafalgar and the Deci-
                                                                                 12
                                                                                 sive Naval Ba  les of the 21st Century”, Cambridge
                                                                                 Review of Interna  onal Aff airs, vol. 18 N 3, October
                                                                                 2005 pp. 455-470. “I refl ected as I looked at the sig-
                                                                                 nals coming from Carlos water that li  le had chan-
                                                                                 ged since the eighteenth century, except of course
                                                                                 for the hardware and the speed of the confl ict: the
                                                                                 people were just the same, the spirit in the ships was
                                                                                 just the same, the courage of the men was just the
                                                                                 same… What diff erence between Ardent, crippled
                                                                                 and burning, s  ll fi gh  ng and Sir Richard Greenville´s
                                                                                 Revenge all those centuries ago?”. Tradução do autor
                                                                                 do ar  go.
                                                                                                   AGOSTO 2019  17
   12   13   14   15   16   17   18   19   20   21   22