Page 15 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 550
Fotografi a de um microscópio
monocular usado no nosso País,
contemporâneo do de Robert Koch
e similar ao uƟ lizado pelo Dr. Carlos
May Figueira (médico do Rei D. Luís,
o Rei Marinheiro) para estudar um
exemplar do agente transmissor da
doença do sono, a mosca tsé-tsé,
colhida expressamente para o efeito,
durante a Viagem através do
ConƟ nente Africano, de Angola à
Contra-Costa, realizada pelos Ofi ciais
da Armada Hermenegildo Capelo
e Roberto Ivens.
Imagem do laboratório de Robert Koch
nome comercial PAS), era também um de vinho de quina, para tomar duas ve- tórax (fi ável, económica e rápida), reali-
fármaco usado no tratamento. zes, metade a cada refeição. Providenciar zada em série, quando do recrutamento,
alimentação muito nutriente (carne, leite permiƟ a uma triagem cuidada de qual-
AS REPERCUSSÕES e ovos). Evitar resfriamentos; não deixar quer estado pulmonar patológico, com o
que o doente faça quartos de noite ou
consequente afastamento, com baixa do
NA ARMADA qualquer trabalho pesado e prolongado; Serviço para tratamento.
Naturalmente que o fl agelo da tubercu- repouso, no caso de ser possível. E, contudo, os casos de tuberculose su-
lose também Ɵ nha refl exos na Armada. 3) Profi laxia: logo que haja suspeitas de cediam-se, dispersos, no pessoal já in-
Nos fi nais do Século XIX, princípios do um marinheiro está tuberculoso, deve-se corporado, sem idenƟ fi cação do contágio
Século XX, as instruções habituais para o isolá-lo, sobretudo de noite, dos outros originado em fonte despistável. Era con-
alerta dos casos suspeitos a bordo, eram marinheiros, porque a tuberculose é uma fusa a disparidade entre a situação de in-
as seguintes : doença contagiosa, que se transmite tegridade pulmonar indiscuơ vel anterior
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1) Caracterização: a tuberculose é uma por escarros dissecados. Fazer com que e o inesperado panorama pulmonar do
doença contagiosa, que se manifesta a o doente escarre num escarrador com aƟ ngido, revelando lesões recentes, sem
princípio por enfraquecimento, tosse seca, água e lançar de manhã e á noite os es- cicatrizes anƟ gas . Esta situação levou o
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esfalfamento e perda do apeƟ te. Num pe- carros ao mar, e ferver o escarrador. De- Dr. Francisco da Fonseca, Chefe da Re-
ríodo subsequente, aparecem suores noc- sembarcar o doente logo que possível e parƟ ção de Saúde Naval, a conferenciar
turnos e expectoração espessa e esverdea- desinfectar a câmara de equipagem. com o Prof. Dr. Manuel Tápia, Director do
da. Uma expectoração persistente, uma Com a passagem do tempo, na década Sanatório do Caramulo, que aconselhou
bronquite, uma pleurisia, indicam muitas de quarenta do Século XX, o problema a introdução da vacinação pelo B.C.G. na
vezes o começo da tuberculose pulmonar. da tuberculose na Armada viria a apre- Armada, que tão magnífi cos resultados
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2) Tratamento: deve-se acalmar a tosse, sentar-se do seguinte modo: os homens estava a dar em diversos países .
dando dez gotas de láudano num copo de selecionados por Juntas Médicas, recen- Assim se fez. E, de facto, segundo o Prof.
água açucarada, para tomar às colheres temente incorporados, com assistência Dr. Cândido de Oliveira, Director do InsƟ tuto
em vinte e quatro horas. Aplicar Ɵ ntura sanitária, alimentação equilibrada e prá- Bacteriológico Câmara Pestana, “…entre nós
de iodo ou sinapismos sobre o peito. Re- Ɵ ca desporƟ va, tuberculizavam com uma a vacinação pelo B.C.G. começou a ser feita
laƟ vamente à administração de tónicos, incidência superior ao que seria expectá- experimentalmente em 1949 na Marinha,
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se o doente digere bem, dar 100 gramas vel. Acrescia que a micro-radiografi a do precedida de provas da tuberculina…” .
ABRIL 2020 15