Page 16 - Revista da Armada
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a administrar o B.C.G. e propuseram a sua
generalização ao País.
NOTAS FINAIS
Parafraseando Carlos Drummond de An-
drade, de tudo fi ca sempre alguma coisa. E,
deste arƟ go, salientaria duas considerações.
A primeira: o combate contra a tuberculo-
se ainda não terminou; é preciso conƟ nuar
a estudar e vigiar “essa epidemia branca e
caseosa, essa anƟ ga condenação de he-
10
mopƟ ses e febre” , pois, além da doença
ainda não ter sido exƟ nta, têm surgido baci-
los resistentes ao tratamento convencional.
A segunda: médicos da Armada, como o
Dr. Francisco da Fonseca, o Dr. Raúl Ribei-
ro, o Dr. Marcelo Barbosa, o Dr. Gualter
Marques, o Dr. Cardoso MarƟ ns e o Dr. Rui
Terenas LaƟ no, entre outros, souberam
compaginar o saber profi ssional e a dedi-
cação aos seus doentes. Enriqueceram o
património cultural da Marinha, onde se
insere a história da assistência à gente do
mar, com resultados posiƟ vos no combate
à tuberculose na Armada, que viriam a ser
extensivos a todo o País.
José Filipe A. Moreira Braga
CALM MN
N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfi co
Agradecimento
Ao Comte. Belém Ribeiro, que disponibilizou as pu-
blicações de seu Pai, COM MN Raúl Ribeiro, indis-
pensáveis à elaboração do presente arƟ go.
Notas
1 Cf. enunciado pela Dra. Maria do Sameiro Barro-
so no Seminário “Tuberculose – Estudos Médicos
e Antropológicos” realizado em Coimbra a 24 de
junho de 2017.
Anúncio da época ao PAS. 2 Residente na Rotunda, na casa onde esteve insta-
lada a sede do Clube Militar Naval, que precedeu a
actual na Av. Defensores de Chaves em Lisboa.
Analisada a questão, aclarou-se o se- passaram a ser sujeitos ao teste intradér- 3 Vide Rocha MarƟ ns a páginas 393-395 do seu livro
guinte: o novo incorporado, não imune e mico da tuberculina (teste de Mantoux). D. Carlos, História do seu Reinado.
em situação vulnerável (situação preva- Os que apresentavam dermo-reacção ne- 4 Cf. exposto na página 135 “Sua aplicação nas For-
lente nos recrutas provenientes de zonas gaƟ va a este teste, eram subsequentemen- ças Armadas” do arƟ go inƟ tulado Tuberculose e
Vacinação pelo B.C.G. publicado na Revista Militar
rurais), pode adoecer à mercê de um con- te vacinados com o B.C.G. por administra- de Fev.-Março de 1949 pelo 1TEN MN Raúl Ribeiro.
tágio que não precisa de ser maciço para ção intradérmica (ver Quadro). 5 Vide página 31 do arƟ go Aspectos de Medicina
ser nefasto. Dá-se assim a primo-infeção, Decorridas seis a oito semanas, procedeu- Social, publicado nos Anais do CMN de Jan-Fev de
1948, pelo 1TEN MN Raúl Ribeiro.
já com tradução radiográfi ca e possível -se a novo teste da tuberculina: uma dermo- 6 Cf. Guia de Medicina para uso nos Navios sem Mé-
ponto de parƟ da de uma tuberculose pul- -reacção posiƟ va (sinal da efi ciência da vaci- dico, do Dr. Manoel C. Lobão e do Dr. Augusto Mon-
monar evoluƟ va. na) veio a verifi car-se em 98,7% dos casos. jardino, edição de 1915.
Vide arƟ go inƟ tulado A Armada foi a precursora
Todos os recrutas incorporados na Arma- Foi deste modo que os médicos da Ar- 7 dos trabalhos de premunição tuberculosa no País,
da, com micro-radiografi as sem alterações, mada, desde Janeiro de 1949, começaram de autoria do 1TEN MN Raúl Ribeiro, publicado a
pág. 267 do n.º 178 da revista Defesa Nacional.
8 Cf. Necessidade e vantagem da premunição tu-
berculosa pelo B.C.G. na Armada, publicado nos
QUADRO REACÇÃO À TUBERCULINA Anais do CMN, de Julho-Setembro de 1949, pelo
PROVENIÊNCIA N.º RECRUTAS % POSITIVOS % NEGATIVOS 1TEN MN Raúl Ribeiro.
9 Cf. Comunicação sua, apresentada no InsƟ tuto
ZONAS URBANAS 207 79,3 20,7 Bacteriológico Câmara Pestana, em Lisboa, a 14 de
ZONAS RURAIS 306 58,8 41,2 Fevereiro de 1969.
TOTAL 513 69,05 30,95* 10 Op. cit. Dra. Maria do Sameiro Barroso no Semi-
nário “Tuberculose – Estudos Médicos e Antropoló-
*Dos 30.95% negaƟ vos (suscepơ veis à doença), 98,7% dos casos passaram a posiƟ vos (protegidos), após a administração gicos” realizado em Coimbra a 24 de junho de 2017.
do B.C.G. (1949).
16 ABRIL 2020