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REVISTA DA ARMADA | 552
Para grande parte da guarnição, esta era a primeira vez que esta- todos os arƟ gos, roƟ nas essas que, infelizmente, poderão ter de se
vam no Mindelo. Um “estar” diferente e adaptado às circunstân- prolongar no tempo, até se encontrar uma solução defi niƟ va para
cias, um “estar” que obrigou a fazer aquilo que não havia sido feito este fl agelo mundial.
nos 58 anos de serviço sob bandeira lusa. Com efeito o “estar” O dia a dia a bordo estava também condicionado pela reduzida
cingiu-se ao desenvolvimento de aƟ vidades a bordo, por forma capacidade de produção de energia, que obrigava a desfasar cer-
a garanƟ r o cumprimento do estado de emergência em vigor tos serviços e roƟ nas das horas de funcionamento da cozinha e
naquela ilha. A guarnição permaneceu a bordo durante os 8 dias da padaria. Apesar de já levar mais de 50 dias sem sair de bordo,
que o navio permaneceu atracado nesta bela cidade, banhada por a guarnição conseguiu adaptar-se a este cenário imposto. Além
águas claras e límpidas. das aƟ vidades dos serviços, desenvolveram-se outras aƟ vidades,
Não foi claramente a estadia que se pretendia neste desƟ no de lúdicas e desporƟ vas, essenciais à manutenção de um espírito e
forte componente turísƟ ca, mas foi aquela que melhor podia ser corpo sãos, desta feita sem a componente do constante e perió-
feita para cumprir com o estado de emergência e proteger todos dico balanço provocado pela ondulação atlânƟ ca.
os elementos da guarnição da exposição a fatores de contágio, Ao fi m de quase uma semana, começaram a surgir as boas noơ cias.
nada necessários nesta viagem de regresso à Base Naval de Lisboa Os trabalhos desenvolvidos dois pavimentos abaixo do poço foram
(BNL). Atracara-se neste porto para melhor detetar e solucionar a coroados de êxito – o gerador começou a funcionar. Para aferir se o
avaria, e tal desiderato consumiu muitas horas de trabalho intenso fazia corretamente ou não, havia que realizar 24 h de testes. Crescia o
e diário aos serviços responsáveis por este equipamento, vital para ânimo, a largada do navio deste porto estava cada vez mais próxima.
garanƟ r a conƟ nuação da viagem para Lisboa. As boas novas indicavam que tal poderia ser já no dia 30 de abril.
E assim foi, essa quinta-feira fi cará recordada como mais um dia
histórico desta missão – o úlƟ mo dia atracado num porto estran-
REPARAÇÃO DOS GRUPOS ELETROGÉNEOS
geiro. A Sagres despediu-se da baía e do Monte Cara com um duplo
Em simultâneo aos trabalhos que decorriam na casa dos gera- senƟ mento, tristeza por não se conhecer esta cidade e suas gentes,
dores, o dia a dia da guarnição passava pelos serviços diários e pela mesmo tendo estado uma semana atracada, mas simultaneamente
realização das fainas necessárias ao aprovisionamento do navio. alegria por poder voltar a casa, com a consciência tranquila de que
As lições estudadas e aplicadas na Cidade do Cabo foram melho- tudo foi feito em prol do bem-estar e saúde de todos os elementos
radas e replicadas na estadia no Mindelo. Os cuidados necessários da guarnição. Próximo desƟ no: BNL, o porto mais seguro!
na entrada de material a bordo obrigavam a envergar de novo os
fatos de proteção individual, as máscaras, as luvas, a desinfetar Colaboração do COMANDO DO NRP SAGRES
JUNHO 2020 15