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REVISTA DA ARMADA | 552

OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

E A ESTRATÉGIA NO PACÍFICO

4ª PARTE

O FIM DOS TRATADOS DE LIMITAÇÃO NAVAL Vinson propuseram, pela primeira vez, foi uma marinha de dois
oceanos. Salientou Roosevelt que uma defesa que se limitasse
o Tratado de Limitação Naval assinado em Washington em a um oceano e a uma costa não poderia garanƟ r que o outro
A1922 seguiram-se outros tratados, limitando o número de oceano e a outra costa esƟ vessem em segurança. Mais, sem uma
navios e a quanƟ dade e o Ɵ po de armamento de que as grandes adequada defesa que englobasse a totalidade dos EUA nada
potências navais podiam dispor. Tal foi o caso dos Tratados Navais garanƟ a que o elo de ligação, o canal do Panamá, estava seguro.
de Londres de 1930 e 1936. No entanto, para os mais céƟ cos, permanecia a dúvida: até que
Nos Estados Unidos da América (EUA), em 1934, a verba neces- ponto a expansão da Marinha, aprovada pelo pacote legislaƟ vo
sária para a construção de mais 102 navios em oito anos foi apro- de Carl Vinson serviria os propósitos da políƟ ca externa dos EUA ?
vada pelo Congresso através De facto, a importância da
da lei designada por Vinson- DR legislação fi cou patente em
-Trammell.A Marinha pode- 1939, após a eclosão da

ria construir o número de guerra na Europa. Fazendo
navios permiƟ do pelos anƟ - pela vida, a Grã-Bretanha
gos tratados, embora estes não Ɵ nha recursos sobran-
já não esƟ vessem em vigor. tes para o cenário do Pací-
Nas palavras do senador fi co . Os EUA não só se iriam
Carl Vinson: “Se os Tratados comprometer com uma pre-
de Washington e Londres sença em grande escala no
permanecessem em vigor, AtlânƟ co como, simultanea-
seria desnecessário apre- mente, teriam de enfren-
sentar ao Congresso este tar as vicissitudes do Pací-
programa de construção”. fi co por sua própria conta e
A Grã-Bretanha e o Japão risco.
Ɵ nham ultrapassado as quo- Em junho de 1940, o Con-
tas proporcionais estabele- gresso aprovou o terceiro
cidas no úlƟ mo tratado, e projeto de lei de Vinson,
os EUA Ɵ nham de se manter que consisƟ a num aumento
atualizados. A essa autori- de 20% em relação ao pro-
zação de 1934, seguiu-se o jeto autorizado em 1938. No
segundo projeto de lei Vin- mês seguinte, o Congresso
son de 1938, que autorizou aprovou a lei mais relevante
um aumento de 20% em para as imensas responsa-
tonelagem a construir. bilidades políƟ cas que os
Na realidade, a expressão EUA iriam assumir. Carl Vin-
deste aumento da esquadra son estava determinado a
era proporcional à recente apoiar o objeƟ vo do Presi-
expansão de outras mari- dente de ter uma Marinha
nhas e, de certo modo, era e um Exército à altura dos
modesto para fazer face a desafi os que se perfi lavam
um possível envolvimento no horizonte. O seu quarto
numa guerra como a pre- Proporcionalidade de navios de linha acordada em Londres entre as potências navais do projeto de lei, aprovado em
Reino Unido, dos EUA e do Japão.
vista no plano “Orange”. Na julho de 1940 na sequên-
qualidade de comandante em chefe das Forças Armadas, Roo- cia da queda da França, autorizou um aumento de 70% para a
sevelt considerava ser seu dever consƟ tucional relatar ao Con- esquadra . Na verdade, os EUA teriam de cuidar da sua defesa
gresso que os meios nacionais de defesa, vistos à luz dos crescen- também no Pacífi co , pelo que era mais que evidente a necessi-
tes rearmamentos de outras nações, eram “inadequados sendo dade de criar uma segunda esquadra. Desta forma, as leis Vinson
necessário ser aumentados”. de 1940 puseram fi m à era da Marinha dos Tratados, começando
a ganhar forma uma marinha com capacidade para operar, com
UMA MARINHA, DOIS OCEANOS meios signifi caƟ vos, numa guerra mundial que se vislumbrava no
horizonte e que no mar se combateria em dois teatros interde-
Com o horizonte cada vez mais ensombrado, quer a leste quer a pendentes: o AtlânƟ co e o Pacífi co.
oeste, o rearmamento era agora jusƟ fi cado, não pela sua contri-
buição para a recuperação económica, mas pela sua inequívoca Piedade Vaz
urgência para a defesa nacional. Na verdade, o que Roosevelt e CFR REF

16 JUNHO 2020