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REVISTA DA ARMADA | 564
HORIZONTE 2035
UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO – E UMA
ÉPOCA TURBULENTA?
O Sistema Internacional está a atravessar uma profunda mudança, assente numa alteração na distribuição do poder e nos alinhamentos
– e rivalidades – das principais potências a nível mundial, apontando para uma configuração futura bem distinta da que caracterizou
o - já distante período – da “Guerra Fria”.
A DISTRIBUIÇÃO DO PODER • A ascensão excecionalmente rápida da República Popular da
China no período pós 1980, assente numa inserção na Globali-
artimos de um estudo realizado em 2019 pela RAND Corpo- zação, em complementaridade com a economia dos EUA e com
Pration dos Estados Unidos da América (EUA) sobre este tema, as outras economias da Ásia – Pacífico;
assente na construção de um indicador de poder relativo, apre- • O colapso da URSS em 1991 e a emergência da Federação Russa
sentando-se dois gráficos que resumem os resultados a que che- como Estado “herdeiro” da URSS, a um nível muito inferior de
garam, da análise dos Estados membros do G20. poder;
Dos dois gráficos abaixo podem retirar-se traços fortes da evolu- • A formação de um “pelotão“ de Estados que se mantiveram a
ção entre 1980 e 2015. Destacaríamos os seguintes: um nível claramente mais baixo de poder do que os EUA e do
• A manutenção dos EUA como Potência líder mundial numa que a China, e no qual se incluem a Federação Russa, o Japão e
primeira fase, durante a “Guerra Fria” em confronto com a os 3 Estados europeus incluídos na amostra - o Reino Unido, a
França e a Alemanha; e
URSS, e numa 2.ª fase pós 1991, com um patamar de estabili-
dade de poder 1980 a 2005 e uma quebra pós 2008, a que não • O arranque da Índia a partir de 2000, saindo desse “pelotão”.
é estranha a ocorrência da crise financeira de 2008 e o impac-
to das despesas com as guerras no Grande Médio Oriente pós O PADRÃO DE CONFLITUALIDADE ENTRE
1991; POTÊNCIAS
Considerámos 3 patamares fulcrais de rivalidade a nível mundial
no horizonte 2035:
• A rivalidade entre os EUA e a China;
• A rivalidade na Ásia entre a China e a India; e
• As rivalidades no Médio Oriente, entre árabes e persas, mu-
çulmanos sunitas e xiitas, e entre vários destes e Israel.
E tivemos ainda em conta três potências secundárias, procuran-
do ganhar uma influência crescente a nível externo: a Federação
Russa, nomeadamente na Eurásia e no Médio Oriente; a Turquia,
no Médio Oriente e na Eurásia; e a Alemanha, mais ambiciosa,
que parece ter optado pela evolução da União Europeia ao esta-
tuto de “potência global“.
BALANÇA DE PODER NO G20 – 1980-2015
Fonte: Heim, Jacob L. Miller, Benjamin M. "MeasuringPower, Power Cycles and the risk of Great - Power War in the 21st Century" Rand Corporation - 2020
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