Page 9 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 564
• A China, tendo uma clara rivalidade com a Índia, admitiu-a o Quadrilateral Security Dialogue (QUAD ), uma espécie de NATO
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no quadro institucional da sua abordagem geoeconómica – a asiática. O Reino Unido já manifestou o seu interesse em integrar
“Ásia para os asiáticos” no RCEP – tendo a Índia adiado a sua quer o CPTPP, quer o QUAD.
adesão a esta organização, enquanto rejeitava participar na
Iniciativa One Belt One Road; a China, com forte empenho da UMA VISÃO DE CONJUNTO
Rússia, integrou a Índia no quadro institucional da sua aborda-
gem geopolítica – a OCX – ao mesmo tempo que o Paquistão, A figura final procura representar os dois tipos de movimentos que
seu aliado, também a integrava. ilustram um realinhamento em curso, em torno do triângulo EUA,
• A Índia mantem excelente relacionamento, quer com o Japão, Japão e Reino Unido, como resposta aos movimentos da China.
quer com a Rússia e, mais recentemente, reforçou o seu relacio- E percebe-se que uma incerteza crucial no horizonte 2035 diz res-
namento com os EUA. peito ao posicionamento futuro da Rússia, face aos EUA e ao Japão .
OS MOVIMENTOS DE RESPOSTA À CHINA
Estes movimentos estão a ser liderados pelos EUA e Japão, con- José Manuel Félix Ribeiro
tando com o envolvimento da Austrália e Nova Zelândia e, mais re- Economista
centemente, com a adesão do Reino Unido (após o Brexit) – e apon-
tam para um reforço das relações de todas estas potências com a
Índia – a nível económico e a nível político-militar. N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico.
Entretanto no Golfo Pérsico, os Emiratos Árabes Unidos - aliado
dos EUA - além da sua aproximação a Israel, têm vindo a estreitar
relações económicas com a Índia e tecnológicas com o Japão.
Recorde-se que, após a retirada dos EUA da Parceria Transpacífico Notas
(TPP) durante a administração Trump, o Japão reuniu o conjunto 1 Sendo os 4 países potências marítimas, foi sem surpresa que a parte militar co-
dos outros Estados Membros da TPP, criando uma nova organização meçasse por exercícios navais – o Malabar em Novembro de 2020 e o Sea Dra-
que reúne Estados da Ásia e da fachada do Pacífico das Américas – gon em Janeiro de 2021 – tendo sido dado ênfase às operações antissubmarinas.
Neste último exercício, para além de meios navais dos quatro países, participou
do Norte e do Sul – a Comprehensive and Progressive Agreement ainda uma fragata canadiana. Em Maio realizou-se na região o exercício ARC 21,
for a Pacific Partnership (CPTPP). Em novembro de 2020 houve a tendo nele participado um porta-helicópteros francês. Novos exercícios navais
manifestação de um eventual interesse da China em integrar esta se seguirão ainda este ano, aproveitando a presença na região do porta-aviões
HMS Queen Elizabeth, que incorpora na sua escolta uma fragata holandesa. Estes
organização, não obstante o RCEP estar já acordado. meios navais de países europeus e do Canadá cruzaram ou irão cruzar o Estreito
Por sua vez o Japão participa com os EUA, a Índia e a Austrália, de Taiwan (ou Formosa) e sulcar as águas do Mar do Sul da China, que a China
reclama como suas, ao atropelo da Lei do Mar.
numa parceria militar contra o expansionismo regional da China –
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O “TABULEIRO MUNDIAL 2020-2035” – UMA VISÃO DE CONJUNTO
Fonte: Autor
JULHO 2021 9