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REVISTA DA ARMADA | 566
A Marinha de Guerra Portuguesa foi um conhecimento rigoroso do sul de Moçambique, vão aprofundar a
pilar fundamental na “ocupação efetiva” presença de Portugal no território.
dos territórios em África – nas últimas Vítor Hugo de Azevedo Coutinho vai retornar à Europa durante
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duas décadas do século XIX – que vi- esse ano de 1898, e após uma breve passagem pela Direção Geral
riam a constituir o denominado Ter- de Marinha e pela Inspeção dos Serviços Marítimos, embarca no
ceiro Império Português. Vítor Hugo transporte África, realizando em seguida uma visita às divisões e
de Azevedo Coutinho é, precisamen- estações navais portuguesas em África. Após essa missão, embar-
te, um dos oficiais da Marinha que, ca na corveta Duque da Terceira em 1899.
em agosto de 1894, passa a fazer
parte do contingente da Divisão Naval
da África Oriental. Encontra-se ao ser- PASSAGEM PELA ESCOLA NAVAL
viço, inicialmente, da corveta Rainha de
Portugal, passando depois para a canho- Promovido a 1TEN a 16 de novembro desse ano, apresenta-se
neira Rio Lima, na Estação Naval do Índico, uma semana mais tarde na Escola Naval, onde permanecerá nos
operando ambos os navios a partir do litoral três anos seguintes. Aí adquire uma sólida formação em Hidro-
de Moçambique. Nessa comissão de serviço, Azevedo Coutinho, grafia e Matemática A 3 de setembro de 1902 assume o comando
participa na campanha de Lourenço Marques, que se seguiu a um da canhoneira Limpopo. E três semanas mais tarde recebe guia
levantamento indígena que ameaçava atacar e destruir o princi- de marcha para o cruzador D. Amélia.
pal centro urbano de Moçambique. Após essa campanha, Vítor
de Azevedo Coutinho regressa a Lisboa em 1895.
COMISSÕES DE EMBARQUE
As comissões de embarque constituem a maior fatia do percurso
inicial da carreira deste oficial da Marinha, e em boa medida se
compreende, desta forma, que volte a embarcar, nos dois anos se-
guintes (1896-97), na fragata D. Fernando II e Glória, na canhoneira
Açor, na corveta Duque da Terceira e nos transportes Índia e África.
Quanto às unidades da Marinha em terra, Vítor de Azevedo
Coutinho terá uma breve passagem pela Direção de Serviços Ma-
rítimos do Arsenal, como ajudante interino. A sua intensa ativi-
dade operacional é a principal razão que explica o seu regresso a
África, novamente à Estação Naval do Índico.
Na esquadrilha de Lourenço Marques, assume o comando da
lancha-canhoneira Lacerda. Moçambique foi, de facto, um terri-
tório importante no percurso militar e político de Vítor Hugo de
Azevedo Coutinho, aí regressando em vários momentos da sua
vida, em diferentes funções e cargos.
No final do século XIX as terras à volta de Lourenço Marques
eram habitadas por vários regulados tsongas, dependentes do
reino de Gaza, fundado em 1838-40. Este reino ocupou os terri-
tórios no interior do distrito de Inhambane até ao rio Incomáti, a
norte de Lourenço Marques, fator que esteve na origem de um
conflito militar com as forças portuguesas. Por ter participado na
Campanha de Gaza, em 1897, Vítor de Azevedo Coutinho rece-
beu a medalha de prata, “pela forma como cumpriu sempre o
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seu dever, embora não tivesse ocasião de se distinguir” . No ano
seguinte (1898), inserido em atividades de âmbito científico e
técnico, procedeu ao reconhecimento hidrográfico da bacia do
rio Incomáti. Estes trabalhos de hidrografia, ao permitirem um
CARGO
GOVERNAMENTAL PERÍODO DO MANDATO GOVERNO DA REPÚBLICA PRESIDENTE DO GOVERNO
Presidente do Governo 12DEZ14 – 25JAN15 8º Vitor Hugo de Azevedo Coutinho
Ministro da Marinha 12DEZ14 – 25JAN15 8º Vitor Hugo de Azevedo Coutinho
Ministro da Marinha 29NOV15 – 15MAR16 12º Afonso Costa
Ministro da Marinha 15MAR16 – 25ABR17 13º António José de Almeida
Ministro da Marinha 06FEV22 - 30NOV22 35º António Maria da Silva
Ministro da Marinha 30NOV22 – 07DEZ22 36º António Maria da Silva
Ministro da Marinha 07DEZ22 – 06JUL23 37º António Maria da Silva
SETEMBRO / OUTUBRO 2021 27