Page 27 - Revista da Armada
P. 27

REVISTA DA ARMADA | 566

                           A  Marinha  de  Guerra  Portuguesa  foi  um   conhecimento rigoroso do sul de Moçambique, vão aprofundar a
                            pilar fundamental na “ocupação efetiva”   presença de Portugal no território.
                             dos territórios em África – nas últimas   Vítor Hugo de Azevedo Coutinho vai retornar à Europa durante
                                                   4
                              duas décadas do século XIX  – que vi-  esse ano de 1898, e após uma breve passagem pela Direção Geral
                              riam a constituir o denominado  Ter-  de Marinha e pela Inspeção dos Serviços Marítimos, embarca no
                               ceiro Império Português. Vítor Hugo   transporte África, realizando em seguida uma visita às divisões e
                               de Azevedo Coutinho é, precisamen-  estações navais portuguesas em África. Após essa missão, embar-
                               te, um dos oficiais da Marinha que,   ca na corveta Duque da Terceira em 1899.
                               em  agosto  de  1894,  passa  a  fazer
                               parte do contingente da Divisão Naval
                              da África Oriental.  Encontra-se ao ser-  PASSAGEM PELA ESCOLA NAVAL
                             viço, inicialmente, da corveta Rainha de
                            Portugal, passando depois para a canho-  Promovido a 1TEN a 16 de novembro desse ano, apresenta-se
                          neira Rio Lima, na Estação Naval do Índico,   uma semana mais tarde na Escola Naval, onde permanecerá nos
                        operando ambos os navios a partir do litoral   três anos seguintes. Aí adquire uma sólida formação  em Hidro-
          de Moçambique. Nessa comissão de serviço, Azevedo Coutinho,   grafia e Matemática A 3 de setembro de 1902 assume o comando
          participa na campanha de Lourenço Marques, que se seguiu a um   da canhoneira Limpopo. E três semanas mais tarde recebe guia
          levantamento indígena que ameaçava atacar e destruir o princi-  de marcha para o cruzador D. Amélia.
          pal centro urbano de Moçambique. Após essa campanha, Vítor
          de Azevedo Coutinho regressa a Lisboa em 1895.


          COMISSÕES DE EMBARQUE

           As comissões de embarque constituem a maior fatia do percurso
          inicial da carreira deste oficial da Marinha, e em boa medida se
          compreende, desta forma, que volte a embarcar, nos dois anos se-
          guintes (1896-97), na fragata D. Fernando II e Glória, na canhoneira
          Açor, na corveta Duque da Terceira e nos transportes Índia e África.
           Quanto  às  unidades  da  Marinha  em  terra,  Vítor  de  Azevedo
          Coutinho terá uma breve passagem pela Direção de Serviços Ma-
          rítimos do Arsenal, como ajudante interino. A sua intensa ativi-
          dade operacional é a principal razão que explica o seu regresso a
          África, novamente à Estação Naval do Índico.
           Na esquadrilha de Lourenço Marques, assume o comando da
          lancha-canhoneira Lacerda. Moçambique foi, de facto, um terri-
          tório importante no percurso militar e político de Vítor Hugo de
          Azevedo Coutinho, aí regressando em vários momentos da sua
          vida, em diferentes funções e cargos.
           No final do século XIX as terras à volta de Lourenço Marques
          eram habitadas  por vários  regulados  tsongas, dependentes do
          reino de Gaza, fundado em 1838-40. Este reino ocupou os terri-
          tórios no interior do distrito de Inhambane até ao rio Incomáti, a
          norte de Lourenço Marques, fator que esteve na origem de um
          conflito militar com as forças portuguesas. Por ter participado na
          Campanha de Gaza, em 1897, Vítor de Azevedo Coutinho rece-
          beu a medalha de prata, “pela forma como cumpriu sempre o
                                                    5
          seu dever, embora não tivesse ocasião de se distinguir” . No ano
          seguinte  (1898),  inserido  em  atividades  de  âmbito  científico  e
          técnico, procedeu ao reconhecimento hidrográfico da bacia do
          rio Incomáti. Estes trabalhos de hidrografia, ao permitirem um

                    CARGO
                GOVERNAMENTAL          PERÍODO DO MANDATO       GOVERNO DA REPÚBLICA     PRESIDENTE DO GOVERNO
               Presidente do Governo     12DEZ14 – 25JAN15               8º             Vitor Hugo de Azevedo Coutinho
                Ministro da Marinha      12DEZ14 – 25JAN15               8º             Vitor Hugo de Azevedo Coutinho
                Ministro da Marinha      29NOV15 – 15MAR16              12º                    Afonso Costa
                Ministro da Marinha      15MAR16 – 25ABR17              13º                António José de Almeida
                Ministro da Marinha      06FEV22 - 30NOV22              35º                António Maria da Silva
                Ministro da Marinha      30NOV22 – 07DEZ22              36º                António Maria da Silva
                Ministro da Marinha      07DEZ22 – 06JUL23              37º                António Maria da Silva



                                                                                           SETEMBRO / OUTUBRO 2021  27
   22   23   24   25   26   27   28   29   30   31   32