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REVISTA DA ARMADA | 568

          MERGULHO PROFUNDO                                         ambiente hiperbárico (testes de tolerância ao oxigénio e
                                                                    profundidade);
           Fruto da aposta da Marinha na edificação da capacidade em   –   Testes de equipamento para exposição a meio hiperbárico;
          mergulho profundo, essa câmara foi reforçada para permitir os   –  Realização  de  meios  complementares  de  diagnóstico
          tratamentos  em  consonância  com  essa  valência,  já  em  2001,   e  terapêutica  de  apoio  às  atividades  inspetivas  dos
          com uma segunda câmara hiperbárica multilugar, com aptidão   mergulhadores e submarinistas;
          para tratar doentes críticos (incluindo sob ventilação invasiva),   –  Apoio médico a exercícios, certificações e missões que
          que  permitiu  também  dar  resposta  ao  crescente  número   envolvam a necessidade de meios móveis hiperbáricos
          e  complexidade  de  solicitações  por  parte  de  doentes  civis,   em meio naval ou terrestre;
          maioritariamente do SNS, elevando a lotação do sistema para 24   –   Apoio médico ao Escape e Salvamento Submarino;
          doentes em simultâneo.                                  –  Participação e colaboração nos grupos de trabalho NATO
           Em 2009, por se concluir que o Centro de Medicina Hiperbárica,   Submarine Escape & Rescue Working Group (SMERWG) e
          até então integrado no Hospital de Marinha, era uma unidade   Underwater Diving Working Group (UDWG); e
          eminentemente operacional  e intimamente ligada a esta área,   –  Cedência  do  médico  colocado  em  permanência  na
          nomeadamente à então Esquadrilha  de Submarinos,  e  que se   Esquadrilha de Subsuperfície, supervisão técnica da sua
          encontrava limitada pela partilha de profissionais, impedindo o   atividade e apoio.
          cabal cumprimento da sua missão, foi autonomizado, tornando-se   • Apoio  médico  ao  Salto  Operacional  de  Grande  Altitude
          uma Unidade independente – o Centro de Medicina Subaquática   (paraquedistas do Exército Português e DAE Marinha);
          e Hiperbárica (CMSH).                                • Disponibilização de terapêutica hiperbárica à família militar,
           Em  2015,  já  depois  de  extinto  o  Hospital  de  Marinha,  foi   eletiva e de urgência;
          concretizada a transferência desta última câmara para o Campus   •  Disponibilização  de  terapêutica  hiperbárica  a  doentes  civis
          de  Saúde  Militar,  no  Lumiar,  mais  especificamente  para  as   (maioritariamente oriundos do SNS), eletiva e de urgência;
          instalações atuais do CMSH, sendo que se descartou a primeira   • Formação interna de profissionais de saúde militares;
          câmara, por se encontrar em estado de obsolescência. Foi então   • Formação externa de profissionais de saúde civis;
          adquirida  uma  nova  câmara  multilugar  de  última  geração,  de   •  Produção  científica  no  âmbito  da  Medicina  Hiperbárica
          características  semelhantes,  mas  com  mais  condições  para   (sendo uma referência internacional na produção científica
          tratamento de doentes complexos em cuidados intensivos. Este   nesta área); e
          processo manteve a capacidade do sistema para 24 doentes.  • Cooperação técnico-militar.
           O  CMSH  mantem-se,  desde  então,  uma  Unidade  de  Marinha,
          preservando a sua missão original – o apoio constante e permanente
          à atividade operacional de mergulhadores e submarinistas – mas em
          instalações modernas e contíguas ao Hospital das Forças Armadas.

          ATIVIDADE ATUAL DO CMSH

           O  CMSH  é,  hoje,  a  unidade  de  referência  militar  e  civil
          para  a  Medicina  Subaquática  e  Hiperbárica  em  Portugal.
          A  reconhecida  diferenciação  dos  seus  profissionais  de  saúde
          –  que  culminou  na  criação  da  Competência  em  Medicina
          Hiperbárica pela Ordem dos Médicos e posterior Mestrado nesta
          área, em cooperação com a Faculdade de Medicina de Lisboa – e   MEIOS HUMANOS
          a aposta em tecnologias de ponta, faz do CMSH, igualmente, uma
          referência europeia neste campo.                     Para  cumprir  estes  desideratos,  o  CMSH  dispõe  de  uma
           A atividade atual do CMSH reparte-se por vários vetores:  guarnição multidisciplinar, constituída por:
           •  Apoio  à  atividade  operacional  da  Esquadrilha  de   –  Médicos  de  várias  especialidades  com  aplicabilidade
             Subsuperfície:                                   hiperbárica,  com  Competência  em  Medicina  Subaquática  e
             –  Avaliação  da  aptidão  para  ingresso  nas  Classes  de   Hiperbárica pela Ordem dos Médicos;
                Mergulhador e Submarinista;                    –    Enfermeiros com formação especializada;
             –  Avaliação da aptidão para o curso do Destacamento de   –  Mergulhadores  supervisores  e  condutores  de  câmara
                Ações Especiais (DAE);                        hiperbárica  (sargentos  e  praças,  respetivamente),  responsáveis
             –   Inspeções periódicas de mergulhadores e submarinistas;  pela operação, manutenção e segurança do sistema hiperbárico;
             –  Treino,  exercício  e  certificação  de  mergulhadores  em   –    Técnicos de diagnóstico e terapêutica; e
                                                               –    Outros elementos de apoio, militares e civis.
                                                               Os militares que, ao longo dos anos, foram integrando o CMSH,
                                                              possibilitaram uma produção clínica significativa, sem par a nível
                                                              nacional  e  de  difícil  acompanhamento  por  parte  de  centros
                                                              congéneres a nível mundial. Este facto tem, como consequência,
                                                              que os hiperbaristas da Marinha Portuguesa se encontram entre
                                                              os profissionais mais bem preparados, a nível mundial, para fazer
                                                              face a emergências com mergulhadores ou submarinistas.
                                                               É esta equipa, altamente diferenciada e motivada, que permite
                                                              o tratamento diário a uma média de 60 doentes. É também esta
                                                              equipa que assegura a escala de prevenção permanente 24/7,
                                                              ininterrupta há cerca de 30 anos. É, ainda, a mesma equipa que
                                                              desenvolve  investigação  clínica,  partilhando  o  conhecimento  e
                                                              experiência com os seus pares, nunca descurando a razão da sua


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