Page 20 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 568
                           CENTENÁRIO DO PRIMEIRO



                           ESTADO-MAIOR DA ARMADA


                           HISTORIAL E AFIRMAÇÃO




          Na Europa, antes do final do século XVIII, não existia qualquer tipo de estrutura organizada para apoio à decisão dos chefes militares.
          Com efeito, o primeiro estado-maior organizado só surgiria durante as guerras que se seguiram à Revolução Francesa, com a designação
          do General Louis Berthier para Chefe do Estado-Maior do Exército francês em Itália, em 1795. O denominado modelo napoleónico,
          caracterizado por um estado-maior dividido em áreas especializadas, que assumiam a designação de células, divisões, repartições ou
          secções, seria, nos anos subsequentes, adotado pela maior parte dos países.

            m 1736, face à importância crucial da Marinha para a econo-  mitigados com a criação do cargo de Major-General da Armada,
         Emia e desenvolvimento do país, houve necessidade de a dotar   a 16 de outubro de 1807. Além de deter o comando superior
          de uma estrutura administrativa moderna, tendo, para o efeito,   das forças navais, também lhe competia agilizar a transferência
          sido criada a Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha e   da corte para o Brasil. Para o efeito, o Major-General da Armada
          Domínios Ultramarinos. Por ação de Martinho de Melo e Castro   dispunha igualmente do seu próprio estado-maior, que contava
          – Secretário de Estado e Ministro da Marinha e Ultramar entre   com dois ajudantes e quatro funcionários.
          1770 e 1795 – foram, posteriormente, implementadas as refor-  Por  manifesta  ineficiência  para  fazer  face  às  necessidades
          mas  genéticas,  estruturais  e  operacionais  visando  a  melhoria   operacionais  e  administrativas,  o  Conselho  do  Almirantado
          substantiva das capacidades para Portugal atuar no mar.  acabaria por ser extinto em 1822. Seria novamente ativado em
           Por ocasião das guerras travadas contra a França em finais do   1892, em grande medida por se considerar que, na conjuntura
          século XVIII, a Marinha já dispunha de estados-maiores orgânicos   então vigente, a direção superior da Armada deveria estar a cargo
          integrados nas respetivas forças navais e a 25 de abril de 1795   de um órgão colegial. Tinha como presidente o próprio Ministro
          era  criado  o  Conselho  do  Almirantado,  que  inicialmente  tinha   da  Marinha,  encontrando-se  a  estrutura  administrativa  do  seu
          funções  de  estado-maior.  No  ano  seguinte  foi-lhe  atribuída  a   gabinete entregue a dois oficiais generais. O mais antigo era o vice-
          inspeção geral de todos os serviços administrativos e militares da   presidente e as funções de secretário eram desempenhadas por
          Armada, a superintendência da Academia dos Guardas-Marinhas,   um capitão-de-mar-e-guerra, que tinha na sua dependência sete
          a fixação do número e tipo de navios a construir ou aparelhar,   repartições organizadas de acordo com o modelo napoleónico.
          competindo-lhe, ainda, submeter ao monarca os oficiais aptos   Em  1894,  por  ocasião  das  comemorações  dos  500  anos  do
          para promoção. O Conselho do Almirantado era presidido pelo   nascimento do Infante D. Henrique (1394-1460), o Conselho do
          Secretário de Estado da Marinha e integrava um total de quatro   Almirantado mandava publicar aquela que passaria a ser a divisa
          conselheiros. Com funções que se confundiam com as de cariz   da Marinha Portuguesa e lema do respetivo patrono, o célebre:
          executivo, reunia no salão nobre localizado por sobre o pórtico
          que,  a  partir  da  Praça  do  Município,  dá  acesso  às  Instalações
          Centrais da Marinha, na Ribeira das Naus,  presentemente  no
          domínio do Tribunal da Relação de Lisboa, conforme referenciado
                                                1
          pelo Comandante Henrique Alexandre da Fonseca .
           Dada a acumulação de tão variadas funções numa única entidade,
          constatou-se que a sobrecarga acarretava alguns inconvenientes,





























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