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REVISTA DA ARMADA | 568

         existência: o apoio clínico diferenciado à atividade operacional   Tendo comemorado  recentemente  (dia  15  de setembro) o
         da Marinha.                                          seu  32.º  aniversário  oficial  (embora  a  sua  laboração  remonte,
           Durante a pandemia COVID19, mesmo surgindo a necessidade   como mencionado previamente, a um período muito anterior),
         de ceder parte do seu limitado número de profissionais para o   as  câmaras  hiperbáricas  do  CMSH  continuarão  a  garantir  este
         combate a esta doença, o CMSH nunca deixou de laborar e de   tipo  de  terapêutica  a  quem  dele  carece  –  mergulhadores  e
         guarnecer a sua equipa de prevenção. Nunca os doentes urgentes   submarinistas da Marinha, família militar e doentes civis que a
         deixaram  de  ser  tratados  ou  o  apoio  à  atividade  operacional   ele são referenciados. É esse o propósito da excelência da sua
         da  Esquadrilha  de  Subsuperfície  foi  posto  em  causa.  Aliás,  foi   guarnição e é isso que o País deles espera.
         durante  a  pandemia  que  se  realizou  o  primeiro  exercício  de
         escape submarino em Portugal – o ESCAPEX 20 (ver RA nº 556, de
         novembro de 2020) – que contou com o envolvimento da quase
         totalidade dos profissionais de saúde do CMSH.           Colaboração do CENTRO DE MEDICINA SUBAQUÁTICA E HIPERBÁRICA


                              O SALVAMENTO SUBMARINO. O QUE É E PARA QUE SERVE?

             Os  submarinos  são  navios  que  operam  num  ambiente   o submarino por meios próprios a uma profundidade significativa,
            hiperbárico  –  o  meio  subaquático.  A  pressão  hidrostática   o último recurso desejado, denominado de “escape submarino”.
            exercida  sobre  o  casco  do  navio  pode  ser  30  vezes  superior   A saída dos submarinistas para um exterior incompatível com
            à pressão atmosférica existente ao nível da água do mar. No   a vida e a consequente ascensão dos mesmos até à superfície
            entanto, a bordo do submarino é mantida, artificialmente, uma   (mesmo utilizando fatos estanques individuais desenhados com
            pressão semelhante à da superfície.               essa finalidade e treinados para o efeito) conduz, inevitavelmente,
             Esta pressão pode sofrer disrupção em caso de acidente e,   a importantes alterações no organismo, resultantes
            juntamente com todos os restantes fatores de perigo,         da  brusca  e  significativa  descompressão.  Existe
            como sejam as alterações químicas do ar ambiente               grande probabilidade de causar lesões
            e a limitação de oxigénio a bordo, colocam em                   graves, frequentemente fatais, cujo socorro
            perigo  a  vida  da  sua  guarnição,  sendo  a  sua              exige uma equipa médica altamente
            saída do mesmo, uma emergência.                                   especializada e constantemente treinada.
             Caso  seja  impossível  o  regresso  do                          Para além dos meios humanos, que têm
            submarino  à  superfície,  é  desencadeada                        que  estar  preparados  para  um  cenário
            uma  operação  de  Escape  e/ou  Salvamento                       multi-vítima  e  para  o  tratamento  de
            Submarino, cuja responsabilidade é, em águas                      doentes  críticos,  são  necessários  meios
            nacionais,  da  Esquadrilha  de  Subsuperfície,                   técnicos diferenciados, com a dificuldade
            inevitavelmente  com  o  apoio  do  CMSH,  único                 acrescida de terem de ser colocados em
            detentor de capacidade médica nessa área.                      alto mar no menor espaço de tempo possível.
             Se as condições o permitirem e os meios técnicos            São  fundamentais  câmaras  hiperbáricas  no
            necessários estiverem disponíveis, a guarnição deverá ser   local,  com  a  maior  capacidade  exequível,  e  que
            resgatada até à superfície por um veículo submarino, situação   permitam a rápida recompressão dos submarinistas seguida
            denominada de “salvamento submarino”. No entanto, tal pode   do tratamento imediato com oxigénio hiperbárico e tratamento
            não ser exequível, e os submarinistas poderão ter que abandonar   concomitante de outras patologias associadas.


































            A atual guarnição do CMSH



                                                                                                 DEZEMBRO 2021  19
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