Page 233 - Revista da Armada
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Figura 3 - Simulação da rota seguida por um petroleiro,
com 80.000 Tons de crude, antes e depois da avaria
(in Galvão, V. 1993, Revista da Armada, nº256, 21-22pp.)
Figura 4 - EST de Finisterra, após o afastamento (azul)
em oposição à anterior posição (rosa)
(in Mariña Civil, nº29, 1993, 23p.)
da Costa, com guinada franca na rota a
seguir;
• Inexistência de Estação de Controlo
da Navegação (VTS) instalada em S.
Figura 2 - Corredores de tráfego marítimo ao longo da costa portuguesa. Vicente.
Neste EST, contrariamente aos restantes rombos e danos consideráveis e a conse- Associado a estes factores de risco, não
da Costa Portuguesa, os navios são obri- quente MARÉ NEGRA. Ainda que tivésse- podemos ignorar a existência no Porto de
gados a alterar francamente o seu rumo, mos rebocadores de Alto-Mar estaciona- Sines, dos terminais e refinaria petrolífera,
num espaço relativamente curto, o que dos em Sines, 4 horas não são suficientes que só por si constituem um motivo de
aumenta o risco de colisão. Se por para prestar a devida assistência (ver forte preocupação. Convém também não
hipótese, um navio que entre no corredor Revista da Armada Jul.93). esquecer que a COSTA VICENTINA e o
ascendente, por erro de navegação, ini- É pois necessário afastar mais o EST de SUDOESTE ALENTEJANO constituem o
ciar a sua guinada para estibordo dema- S. Vicente, a exemplo do que os Parque Natural do Sudoeste Alentejano e
siado tarde ou se tiver uma avaria no Espanhóis já fizeram em FINISTERRA Costa Vicentina que para além da área
leme, arrisca-se a passar a Zona de (Figura 4). terrestre possui 2 km de área marítima
Separação e a entrar no corredor descen- Para procedermos deste modo é paralela à costa, pelo que todas estas
dente, podendo colidir com outro navio a necessário a instalação de uma Estação de questões devem ser encaradas com espe-
navegar correctamente em sentido con- Controlo de Navegação naquele Cabo cial reflexão.
trário neste corredor. (VTS), a exemplo do que já foi feito em
Por outro lado, ambos os corredores, Finisterra, sem o que a IMO não aceita o CONCLUSÃO
ascendente e descendente, estão demasia- afastamento dos EST.
damente perto da Costa. Vamos imaginar Assim, podemos considerar que a Costa É NECESSÁRIO E URGENTE INSTALAR
que um petroleiro, com 80.000 Tons de Vicentina é uma zona de grande risco em UMA ESTAÇÃO VTS NO CABO DE S.
crude, tem uma avaria e fica imobilizado termos de poluição marítima acidental, VICENTE, POR FORMA A PERMITIR O
na posição indicada na Figura 3 a cerca pelos seguintes motivos: AFASTAMENTO DO SEU EST PARA
de 8 milhas da terra. DISTÂNCIAS NUNCA INFERIORES A 20
Suponhamos ainda que se faz sentir • Intenso tráfego marítimo ao largo do MILHAS NÁUTICAS.
forte temporal, com vento SSW força 8. O Cabo de S. Vicente;
navio inicia então um abatimento para • Toda a navegação é obrigada a alte- Vasco Galvão
NNW, com uma velocidade de 2 nós e rar francamente a sua de rota; CTEN
em cerca de 4 horas encalha provocando • EST em S. Vicente demasiado perto (Consultor do CILPAN)
REVISTA DA ARMADA • JULHO 2001 15