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Macau – Instalação da Aviação Naval no Porto Exterior, com 6 hidroaviões “Osprey”.
essa zona foi destinada ao Arsenal de e depois oferecido ao Estado Português. Paralelamente formaram-se 4 obser-
Marinha. Desde 1933 foi então estudada a lo- Tendo sido sujeito a grande reparação no vadores-aeronáuticos (navegadores), além
calização de um novo Centro no Montijo. Bom Sucesso, foi com ele tentado um voo à do Almirante Gago Coutinho, a quem foi
Durante anos desenvolveu-se o programa, Guiné, interrompido a meio caminho por atribuída extraordinariamente esta designa-
envolvendo uma vasta área terrestre para a avaria de 2 motores, tendo regressado à base, ção, embora não integrasse o quadro da
operação de aviões de rodas, e uma área de mercê da perícia da sua tripulação, sob o Aviação Naval.
instalações, com rampas para acesso de comando do Comte. Paulo Viana. O avião Ainda com a farda da Marinha, mas para
hidroaviões. A primeira fase deste plano foi depois abatido em 1944. serviço na Força Aeronaval, sucessora da
ficou concretizada antes de 1952, ano em que A assistência de manutenção aos aviões e Aviação Naval, a partir de 1953 foram breve-
foi extinta a Aviação Naval. As Forças seus equipamentos foi sempre garantida tados 7 oficiais pilotos-aviadores.
Aeronavais, suas sucessoras, ocuparam nas próprias oficinas dos vários Centros, Quanto às restantes especialidades, os
então a partir de 1953 essa infraestrutura, guarnecidos por competentes técnicos, efectivos atingiram os seguintes números, no
designada Base Aeronaval do Montijo, mais desde os engenheiros aos mecânicos e artí- mesmo período de 35 anos, totalizando 270
tarde convertida em base Aérea N.º 6, BA-6, fices de aviação. especialistas, mais algumas dezenas de
ocupada pela Força Aérea. À margem das rotinas de manutenção, operários.:
É lícito considerar esta infraestrutura como são de referir alguns trabalhos extra- - Oficiais engenheiro-maquinistas de
produto da concepção e concretização dos ordinários, como a montagem, no Bom aviação – 15
aviadores navais, com especial mérito do seu Sucesso, no 3º FBA a partir de partes dos - Montadores e mecânicos de aviação
coordenador, Comte. Telo Pacheco. dois primeiros e peças sobressalentes, e a (1ª fase) – 20
reconstrução, nas oficinas de S. Jacinto sob a - Artífices-mecânicos de aviação – 12
OS AVIÕES DA AVIAÇÃO NAVAL direcção do Eng.º Rodrigues dos Santos, de - Artífices de aviação – 44
3 Gipsy-Moth utilizando também partes de - Mecânicos de aviação – 133
Nos seus 35 anos de existência, a Aviação outros e um manancial de sobressalentes - Artífices-radiotelegrafitas – 5
Naval utilizou 251 aviões de 31 diferentes excedentários, e finalmente a grande repa- - Radiotelegrafistas e operadores de
modelos, fabricados em 6 países, com a ração do Sunderland no Bom Sucesso. radar – 28
seguinte repartição: - Artilheiros-mecânicos de armamento- 13
- 42 aviões de 6 modelos de fabrico francês OS EFECTIVOS DE PESSOAL DA A partir de 1953 ingressaram nas Forças
- 112 de 14 modelos ingleses AVIAÇÃO NAVAL Aeronavais 39 Oficiais aviadores e 5 Enge-
- 6 de um modelo italiano nheiros, além da maioria do pessoal das
- 5 de um modelo holandês Ainda antes da fundação da Aviação restantes especialidades.
- 86 de 9 modelos americanos Marítima em Setembro de 1917, já em 1916 Na sua relativamente curta existência
Destes 251 aviões, 126 eram hidros de 19 foram especializar-se em França os primeiros operacional, a Aviação Naval viveu alguns
modelos e 125 de rodas, de 12 modelos. oficiais aviadores – Sacadura Cabral e momentos de glória. Mas, tendo percor-
Os hidroaviões, quanto à configuração, António Caseiro – e alguns mecânicos e rido um período de iniciação com as natu-
eram: 56 de flutuadores, de 9 modelos, e 125 montadores de aviação, que iniciaram rais contingências das incipientes tecno-
de casco (coque), de 9 modelos. depois a sua actividade na Escola Militar de logias, a História regista também alguns
Por tipos de missões a que se destinavam, Aeronáutica, em Vila Nova da Raínha. Aí momentos de luto. Teve os seus mortos em
a distribuição foi a seguinte: montaram os primeiros FBA vindos encaixo- acidentes aéreos:
- Aviões de instrução e treino – 109 uni- tados de França. No final de 1917 transi- - Oficiais pilotos-aviadores – 14
dades de 12 modelos taram para o Centro do Bom Sucesso. - Mecânicos e radiotelegrafistas – 8
- Aviões de reconhecimento e patrulha – Ao longo de 35 anos, foram brevetados em - A estes acrescentaremos um oficial
43 unidades de 6 modelos diferentes escolas como pilotos-aviadores piloto-aviador e um radiotelegrafista mortos
- Aviões de combate (bombardeiros, torpe- navais, os seguintes efectivos: em acidente de voo em Fevereiro de 1948
deiros) – 99 de 12 modelos. - Em França – 11 oficiais nos Transportes Aéreos Portugueses, onde
Para além deste material de voo, é de - Em Inglaterra – 2 prestavam serviço em comissão do Minis-
referir a curta existência de um Short - Em Itália – 3 tério da Marinha
Sunderland, grande hidroavião quadrimotor - Nos Estados Unidos da América– 3 De todos eles se guarda respeitosamente a
inglês, amarado em emergência no Sado em - No Bom Sucesso – 18 lembrança.
Fevereiro/1941, com um motor inoperativo - Em S. Jacinto – 60
e fustigado pelo violento ciclone que assolou A este total de 97 oficiais seguiram-se 5 ofi- A.J.Silva Soares
Portugal nesse mês. Este avião foi internado, ciais da Reserva Legionária. CTEN Aviador REF
20 JULHO 2002 • REVISTA DA ARMADA