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UM “GOOD” NO OST !



                      NRP “CORTE-REAL” – NAVIO PRONTO
                      NRP “CORTE-REAL” – NAVIO PRONTO


               ciclo de preparação de um navio da  identificando os
               classe “Vasco da Gama” encerra com  momentos de-
         O  a participação do navio no “Opera-  terminantes do
         tional Sea Training” (OST) o que constitui a va-  treino. Na pre-
         lidação de todo o processo de aprontamento  paração da mis-
         funcionando assim como uma auditoria ex-  são saliente-se o
         terna em lugar de excelência reconhecida –  elevado fluxo de
         “Flag Officer Sea Training”(FOST).  informação entre
           Em Junho e Julho passado foi a vez do  todos os elemen-
         NRP “Corte-Real” ser sujeito a este desafio  tos da guarnição
         o qual acabou por resultar na melhor clas-  fazendo uso da
         sificação até agora conseguida pelos nossos  infra-estrutura
         navios – “GOOD”.                   tecnológica ins-
           Pretende-se aqui reflectir sobre os facto-  talada a bordo
         res que influenciaram o sucesso alcançado,  para fazer che-
         começando por referir que este resultado,  gar a todos a
         difícil de alcançar numa organização de  mensagem do
         tão elevados padrões de exigência, é conse-  objectivo a atin-
         quência de múltiplos factores cuja análise se  gir envolvendo todos no projecto de apronta-  lução que é preciso gerir em termos emocio-
         reveste de alguma complexidade, digamos  mento do navio.              nais e de esforço.
         mesmo que alguns desses factores não são   Outro dos factores de sucesso foi a quali-  O ponto inicial desta curva é definido no
         plenamente controláveis e a esses podemos  dade do treino nacional - Programa de Treino  Staff Sea Check o qual estabelece o patamar
         chamar “o factor sorte”.           Operacional (PTO) - a que o navio foi sujeito  de partida em que o navio se encontra para
           Os que aqui vão ser referidos são aqueles que  em Abril e Maio, o qual revelou uma estrutu-  poder desenvolver as suas perícias no treino
         se julga terem ajudado a construir a sorte!  ra adequada e um elevado nível de exigência   subsequente, constituindo assim um momen-
           O primeiro factor de sucesso foi o cuidado  e competência por parte dos elementos das  to determinante para todo o período de treino
         investido na preparação desta missão. Pode  equipas de avaliação da Flotilha, o que ajudou  pois dá ao staff uma indicação da prontidão
         dizer-se que essa preparação começou com a  o navio elevar os seus padrões de prontidão a  em termos de material e revela também neste
         qualidade colocada no aprontamento material  um nível de qualidade que veio a ser confir-  primeiro contacto uma imagem inicial da ati-
         do navio, no período de manutenção (PR012)  mado pela forma como o navio se apresentou  tude da guarnição.
         que decorreu entre SET03 e ABR04. Este perí-  na inspecção inicial do OST.  A primeira semana de treino em terra ser-
         odo constituiu um desafio ganho, não só por   O nível de exigência colocado no PTO per-  ve para limar deficiências identificadas no
         terem sido conseguidos elevados padrões de  mitiu ainda que o navio se apresentasse no  Staff Sea Check afinando o patamar de par-
         aprontamento material como por os trabalhos  FOST perfeitamente consciente dos objecti-  tida. A curva de avaliação decresce natural-
         terem sido concluídos antes da data planea-  vos e dos padrões a atingir. Assim, o “Staff Sea  mente nas primeiras duas semanas de treino
         da, o que constituiu uma agradável excepção  Check”, inspecção inicial do OST constituiu  de mar pois neste inicio são identificadas as
         à regra. Nestas acções de manutenção o navio  um excelente cartão de visita do navio ten-  fragilidades e inconsistências na organização
         envolveu-se intensamente no acompanhamen-  do nesse primeiro dia de treino conseguido a  e nos procedimentos nas diferentes áreas. Es-
         to dos trabalhos, na gestão de conflitos poten-  classificação de “GOOD”, colocando assim  tas duas semanas de Mar permitem também
         ciais, antecipando soluções e ajudando todos  a fasquia, das expectativas quanto ao poten-  a confirmação dos níveis demonstrados na
         os intervenientes na gestão deste processo, na-  cial do navio e da sua guarnição, a um nível  inspecção inicial.
         turalmente complexo, estabelecendo pontes de  muito elevado...          Segue-se a segunda semana de terra onde
         aproximação construindo assim um ambiente   Esse dia foi cuidadosamente preparado e o  se realizam alguns exercícios de elevado grau
         favorável a uma cultura de solução. Para isso  sentido de oportunidade interiorizado por to-  de dificuldade dos quais se refere, a título de
         foi constituído um centro de coordenação de  dos os elementos da guarnição, conscientes  exemplo, o Disaster Exercise (DISTEX) com
         fabricos a bordo com cerca de trinta elemen-  de que “Não há segunda oportunidade para  um exercício de levantamento hidrográfico ex-
         tos dos diferentes departamentos que tinham  causar um boa primeira impressão!”  pedito e alguns incidentes como o segundo
         como única missão coordenar todas as acções   O resultado alcançado neste primeiro desa-  “incêndio de porto”, exercícios de mergulho,
         de manutenção que iam sendo desenvolvidas,  fio teve como efeito no staff do FOST, o elevar  e a simulação de ataques terroristas...
         garantindo do navio o apoio necessário.   dos níveis de exigência e de expectativa que   A curva de classificação começa a crescer
           Este processo foi encerrado com um bom  se sentiu durante todo o período de treino e  nas duas últimas semanas de treino no mar as
         controlo de qualidade nas provas de recep-  teve como efeito interno na guarnição do na-  quais servem para avaliar o desempenho do
         ção o que veio a permitir que o navio pudes-  vio a validação e reconhecimento do esforço  navio, corrigidas que foram as dificuldades ini-
         se apresentar-se no OST em excelente condi-  desenvolvido e a certeza de que é possível  ciais, tendo como objectivo chegar ao dia da
         ção material.                      atingir os mais elevados padrões de desem-  Inspecção Final com o navio a funcionar como
           A preparação continuou com o pleno escla-  penho sempre que se juntam a competência  um todo coerente e eficaz. É nesta fase que é
         recimento e consciencialização dos desafios a  e a vontade de os alcançar.   pedido um maior esforço a toda a guarnição
         que íamos ser sujeitos, dos padrões a atingir,   Um aspecto importante deste processo  coincidindo com o período de maior cansaço
         dos objectivos sectoriais e genéricos a cumprir  consistiu na consciencialização de toda a  pois já passaram dois terços de intensa activi-
         nas diferentes fases do treino bem como a im-  guarnição de que as avaliações de desem-  dade e ainda falta um terço que requer gran-
         portância da gestão do esforço a desenvolver,  penho no OST têm uma curva tipo de evo-  de desgaste por representar a ponta final e as

         10  NOVEMBRO 2004 U REVISTA DA ARMADA
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