Page 339 - Revista da Armada
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Célula de combustível. Módulo de 30-40 Kw sem envólucro. Princípio de funcionamneto da célula de combustível.
de bordo, enquanto os protões atravessam mosa do sistema, está limitada pelos cons- ma de monitorização e regeneração do ar
a membrana. trangimentos de espaço. ambiente, adaptado às novas exigências: o
No lado catódico da membrana, os elec- O oxigénio é armazenado no estado lí- ar ambiente tem de manter-se dentro dos
trões que regressam à célula, vindos dos quido num tanque instalado no interior padrões de respirabilidade durante sema-
circuitos de bordo, reagem com os pro- do submarino, de parede dupla, com iso- nas em vez de apenas durante uns dias.
tões que atravessaram a membrana, pro- lamento a vácuo de modo a conservar o As condições de habitabilidade tiveram
`Õâ`Ê?}Õ>]ÊÊÖVÊ«À`ÕÌÊ`>ÊVÛiÀ- estado criogénico pelo maior período de naturalmente em conta esta nova realidade:
são electroquímica. tempo possível. uma cama para cada elemento da guarni-
De um modo mais simples pode dizer-se O hidrogénio é armazenado em reser- ção em vez do regime de “cama quente”
que a conversão electroquímica mais não é do vatórios instalados no exterior do subma- dos submarinos classe “Albacora”, em que
que o inverso da electrólise pois nesta quando rino e especialmente desenvolvidos para há apenas cama para dois terços da guar-
se aplica energia aos eléctrodos, produz-se hi- esta aplicação. nição; possibilidade de tomar duche, visto
drogénio no ânodo e oxigénio no cátodo. A segurança do armazenamento e a eleva- que existe capacidade de produção de água
da densidade volumétrica foram consegui- doce por osmose inversa.
O SISTEMA AIP NOS NOVOS das enchendo os reservatórios com uma liga A utilização operacional de um subma-
SUBMARINOS metálica especial denominada hidretos me- rino com AIP será necessariamente diferen-
Ì?VÃ°Ê Ãi}ÕiÃiÊ>ÃÃÊ>À>âi>ÀÊ>ÀÊ te, não só pela necessidade de optimizar as
As células de combustível são associadas quantidade de hidrogénio do que o corres- novas possibilidades que o sistema oferece,
em módulos de modo a produzirem a po- pondente ao volume interno do reservatório; mas também pelos constrangimentos que as
tência necessária, constituindo conjuntos os hidretos actuam como uma esponja: rea- leis da física determinam relativamente ao
extraordinariamente densos. Esta caracte- gem quimicamente diminuindo de volume armazenamento de um dos gases, – o oxigé-
rística é também favorável para aplicação à medida que o hidrogénio é armazenado, nio. Efectivamente a conservação deste gás
em submarinos, dada a conhecida exigui- voltando às dimensões originais quando o no estado líquido a temperatura criogénicas
dade do espaço. hidrogénio for totalmente consumido. só é possível durante cerca de mês e meio. À
Por razões de segurança os módulos são Os requisitos de resistência ao choque medida que o tempo passa a temperatura vai
montados em invólucros cheios de azoto: a bem como a segurança de todo o sistema subindo e o oxigénio vai passando ao estado
monitorização deste gás permite detectar a foram, naturalmente, extensivamente tes- gasoso, aumentando a pressão e perdendo-se
existência de qualquer fuga de hidrogénio. tados e certificados. através de válvulas de segurança. Isto signi-
Para além dos módulos referidos, o sis- Aumentando em cerca de três vezes a auto- fica que o submarino deverá abastecer para
tema AIP é constituído pelos reservatórios nomia em imersão à velocidade de patrulha, realizar determinadas operações e gastar
de armazenamento dos reagentes (H e O ), até agora conseguida com recurso à energia todo o oxigénio armazenado, limitação que
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um tanque para a água produzida na reac- armazenada nas baterias, o sistema AIP veio não existe com as instalações de produção de
ção electroquímica, ligações ao sistema de tornar o submarino indetectável durante se- energia até agora utilizadas a bordo.
controlo do submarino e vários auxiliares. manas, reforçando de modo significativo a Através deste sistema a Marinha irá tomar
A capacidade dos reservatórios de arma- sua principal característica – a discrição. contacto com uma nova forma de gerar ener-
zenamento dos reagentes determina natu- ÊÊ>ÕiÌÊÃ}wV>ÌÛÊ`ÃÊ«iÀ gia, situando-se mais uma vez na vanguar-
ralmente a autonomia do sistema, estabele- dos em que o submarino permanece em da da introdução de novas tecnologias em
cida em função dos requisitos operacionais. imersão, sem contacto com a atmosfera, Portugal. A industria automóvel vem dando
ÃÌÌÕ`ÊÊiÌ>ÌÊ>Ê«>ÀÌiÊ>ÃÊÛÕ- tornou-se necessário dotá-lo de um siste- também crescente importância às células de
combustível que, provavelmente irão subs-
tituir no futuro os motores actuais. Na cida-
de do Porto alguns autocarros circulam já, a
título experimental, com energia produzida
por este processo.
Ê>VÌiViÊVÊÌ`>ÃÊ>ÃÊÛ>ÃÊÌiV-
logias, vai exigir apetrechamento específico
e formação adequada, o que constitui um
dos desafios a vencer para o integral apro-
veitamento das capacidades dos submari-
nos da V Esquadrilha.
Z
L. Cardoso Caravana
CALM
REVISTA DA ARMADA U NOVEMBRO 2004 13