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Célula de combustível. Módulo de 30-40 Kw sem envólucro.             Princípio de funcionamneto da célula de combustível.
         de bordo, enquanto os protões atravessam  mosa do sistema, está limitada pelos cons-  ma de monitorização e regeneração do ar
         a membrana.                        trangimentos de espaço.            ambiente, adaptado às novas exigências: o
           No lado catódico da membrana, os elec-  O oxigénio é armazenado no estado lí-  ar ambiente tem de manter-se dentro dos
         trões que regressam à célula, vindos dos  quido num tanque instalado no interior  padrões de respirabilidade  durante sema-
         circuitos de bordo, reagem com os pro-  do submarino, de parede dupla, com iso-  nas em vez de apenas durante uns dias.
         tões que atravessaram a membrana, pro-  lamento a vácuo de modo a conservar o   As condições de habitabilidade tiveram
         `Õ∘`œÊ?}Õ>]ʜÊ֘ˆVœÊ«Àœ`Õ̜Ê`>ÊVœ˜ÛiÀ-  estado criogénico pelo maior período de  naturalmente em conta esta nova realidade:
         são electroquímica.                tempo possível.                    uma cama para cada elemento da guarni-
           De um modo mais simples pode dizer-se   O hidrogénio é armazenado em reser-  ção em vez do regime de “cama quente”
         que a conversão electroquímica mais não é do  vatórios instalados no exterior do subma-  dos submarinos classe “Albacora”, em que
         que o inverso da electrólise pois nesta quando  rino e especialmente desenvolvidos para  há apenas cama para dois terços da guar-
         se aplica energia aos eléctrodos, produz-se hi-  esta aplicação.      nição; possibilidade de tomar duche, visto
         drogénio no ânodo e oxigénio no cátodo.   A segurança do armazenamento e a eleva-  que existe capacidade de produção de água
                                            da densidade volumétrica foram consegui-  doce por osmose inversa.
         O SISTEMA AIP NOS NOVOS            das enchendo os reservatórios com uma liga   A  utilização operacional de um subma-
         SUBMARINOS                         metálica especial  denominada hidretos me-  rino com AIP será necessariamente diferen-
                                            Ì?ˆVœÃ°Ê œ˜Ãi}Õi‡ÃiÊ>ÃȓÊ>À“>âi˜>Àʓ>ˆœÀÊ te, não só pela necessidade de optimizar as
           As células de combustível são associadas  quantidade de hidrogénio do que o corres-  novas possibilidades que o sistema oferece,
         em módulos de modo a produzirem a po-  pondente ao volume interno do reservatório;  mas também pelos constrangimentos que as
         tência necessária, constituindo conjuntos  os hidretos actuam como uma esponja: rea-  leis da física determinam relativamente ao
         extraordinariamente densos. Esta caracte-  gem quimicamente diminuindo de volume  armazenamento de um dos gases, – o oxigé-
         rística é também favorável para aplicação  à medida que o hidrogénio é armazenado,  nio. Efectivamente a conservação deste gás
         em submarinos, dada a conhecida exigui-  voltando às dimensões originais quando o  no estado líquido a temperatura criogénicas
         dade do espaço.                    hidrogénio for totalmente consumido.   só é possível durante cerca de mês e meio. À
           Por razões de segurança os módulos são   Os requisitos de resistência ao choque  medida que o tempo passa a temperatura vai
         montados em invólucros cheios de azoto: a  bem como a segurança de todo o sistema  subindo e o oxigénio vai passando ao estado
         monitorização deste gás permite detectar a  foram, naturalmente, extensivamente tes-  gasoso, aumentando a pressão e perdendo-se
         existência de qualquer fuga de hidrogénio.  tados e certificados.      através de válvulas de segurança. Isto signi-
           Para além dos módulos referidos, o sis-  Aumentando em cerca de três vezes a auto-  fica que o submarino deverá abastecer para
         tema AIP é constituído pelos reservatórios  nomia em imersão à velocidade de patrulha,  realizar determinadas operações e gastar
         de armazenamento dos reagentes (H  e O ),  até agora conseguida com recurso à energia  todo o oxigénio armazenado, limitação que
                                     2  2
         um tanque para a água produzida na reac-  armazenada nas baterias, o sistema AIP veio  não existe com as instalações de produção de
         ção electroquímica, ligações ao sistema de  tornar o submarino indetectável durante se-  energia até agora utilizadas a bordo.
         controlo do submarino e vários auxiliares.  manas, reforçando de modo significativo a   Através deste sistema a Marinha irá tomar
           A capacidade dos reservatórios de arma-  sua principal característica – a discrição.  contacto com uma nova forma de gerar ener-
         zenamento dos reagentes determina natu-   œ“ÊœÊ>Փi˜ÌœÊÈ}˜ˆwV>̈ۜÊ`œÃÊ«iÀ‰œ‡  gia, situando-se mais uma vez na vanguar-
         ralmente a autonomia do sistema, estabele-  dos em que o submarino permanece em  da da introdução de novas tecnologias em
         cida em função dos requisitos operacionais.  imersão, sem contacto com a atmosfera,  Portugal. A industria automóvel vem dando
          œ˜Ã̈ÌՈ˜`œÊ˜œÊi˜Ì>˜ÌœÊ>Ê«>ÀÌiʓ>ˆÃÊۜÕ-  tornou-se necessário dotá-lo de um siste-  também crescente importância às células de
                                                                               combustível que, provavelmente irão subs-
                                                                               tituir no futuro os motores actuais. Na cida-
                                                                               de do Porto alguns autocarros circulam já, a
                                                                               título experimental, com energia produzida
                                                                               por este processo.
                                                                                  œ“œÊ>Vœ˜ÌiViÊVœ“Ê̜`>ÃÊ>ÃʘœÛ>ÃÊÌiV˜œ-
                                                                               logias, vai exigir apetrechamento específico
                                                                               e formação adequada, o que constitui um
                                                                               dos desafios a vencer para o integral apro-
                                                                               veitamento das capacidades dos submari-
                                                                               nos da V Esquadrilha.
                                                                                                               Z
                                                                                                 L. Cardoso Caravana
                                                                                                            CALM
                                                                                    REVISTA DA ARMADA U NOVEMBRO 2004  13
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