Page 341 - Revista da Armada
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Homenagem às Guarnições das Lanchas de
Desembarque que Serviram em África
A Marinha está a ganhar o hábito de SAJ M REF Domingos Coelho / Guiné 68-70, de ontem, no de hoje, como no de amanhã, já que
monumentalizar antigas embarca- 71-74 / LDM 309; SAJ M José Moreira / Guiné será sempre um cidadão maior, pois assumiu cons-
ções e navios. Começou com a Esco- 68-70, 71-73 / LDM 105; CAB M João Leandro cientemente servir o seu País, mesmo com o sacri-
fício da própria vida».
/ Guiné 70-74 / LDM 303.
la de Fuzileiros com uma LDP, ago- Durante a cerimónia, destaca-se do discur- Da cerimónia destacou-se ainda a alocução
ra foi uma LDM, e em breve os três so do ALM CEMA, as seguintes passagens: do VALM Lopes Carvalheira (ver Caixa), ver-
submarinos irão ser conservados em «... Esta cerimónia tem dois propósitos fundamen- dadeira lição histórica sobre o binómio lan-
Viana do Castelo, em Cascais e na tais: - honrar os que serviram com dedicação, em chas-fuzileiros na guerra em África.
própria Esquadrilha de
UMA LDM JÁ ABATIDA
Submarinos.
PASSA A MEMORIAL
uem hoje circula na
Base Naval de Lisboa Por decisão do ALM CEMA,
Qirá encontrar, algumas e no seguimento da política
dezenas de metros antes da de aproveitamento de antigos
entrada da Base de Fuzileiros, navios da Marinha - caso dos
uma antiga Lancha de Desem- submarinos que irão ficar na
barque Média – LDM 119 – co- Esquadrilha de Submarinos,
locada em plano elevado sobre e nos Concelhos de Cascais e
seixos brancos, como que a ven- Viana do Castelo - utilizou-se a
cer as ondas do mar. LDM 119, depois de totalmen-
Pois, foi no passado 16 de Se- te recuperada no Arsenal do
tembro que se homenagearam Alfeite, para servir agora como
todos os Marinheiros que em memorial.
África (1961 - 1974) serviram Memorial. A LDM 119, construída em
nas Lanchas de Desembarque, 1973 no Arsenal do Alfeite e
implantando-se para tal uma LDM na vizi- África, a bordo de todas as lanchas de desembar- abatida em 1997, serviu na Unidade de Apoio
nhança da unidade operacional dos Fuzileiros, que, médias ou pequenas, e aqui incluo guarnições a Meios Aquáticos (UAMA), mais tarde com
tropa especial que conheceu como ninguém o e fuzileiros; - e também deixar um marco de memó- a designação de Unidade de Meios de Desem-
esforço e o valor das tripulações das LDM`s. ria. É que construir o futuro não obriga a esquecer barque (UMD), e teve como principais missões
Bem cedo a Base de Fuzileiros começou a o passado. Decidi, para este fim, convidar para fa- a instrução de alunos, e o adestramento das
concentrar caras de outros tempos, entre ofi- zer a intervenção de fundo o Sr. Almirante Lopes Unidades de Fuzileiros.
ciais, sargentos e praças, não se distinguindo Carvalheira, que ao longo de toda a sua vida foi um A implantação da LDM 119 esteve a cargo
uns e outros, um pouco na tradição naval, mais exemplo de competência, amor e dedicação à Ma- da Direcção de Infra-Estruturas (DI), sendo
parecendo um grupo de velhos amigos a re- rinha, atitude que por muito sentida não esmorece o projecto da autoria do Arquitecto Eduardo
cordar histórias idas, mas que necessariamente com o tempo como acabámos de poder confirmar». Liber mann e executado pela firma Brera Lda.
tinham a ver com relatos e peripécias das lan- E mais à frente afirmou: «…São tempos que não A LDM encontra-se assente em dois «gabions»
chas em África. Os antigos patrões de LDM`s se esquecem pois patrões, guarnições e comandantes (muros de suporte por gravidade), proporcio-
não faltaram à chamada, tendo sido possível a éramos todos muito jovens, com enorme capacidade nando-lhe uma elevação em relação ao terreno
comparência de quatro deles, e foram necessa- de dádiva e resistência, o que explica a forma como que, associada à colocação de seixos rolados
riamente o centro das atenções, em dia que não sempre se ultrapassaram os maus bocados, a incer- grandes debaixo do casco, faz lembrar a acti-
apagarão das suas memórias, e em que viram teza, as difíceis condições de vida, o calor, a humi- vidade operacional daquelas lanchas.
mais uma vez reconhecida a gratidão da Mari- dade, o risco e a dor pelos camaradas que caíram». A LDM 119 conserva o seu aspecto origi-
nha. Para a história os seus nomes: SAJ M REF E terminou: «…Como é forçoso que se continue a nal, com todos os seus equipamentos, dir-se-ia
Jacinto Martins /Angola 70-72 / LDM 409; espalhar e a perdurar o orgulho no combatente, no pronta a navegar, podendo-se inclusivamente
Alocução do VALM Lopes Carvalheira. Os quatro Patrões das Lanchas com o Almirante CEMA.
REVISTA DA ARMADA U NOVEMBRO 2005 15