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rias. Transpondo esta análise para o ambien-  das Alfândegas, de Salvamento Marítimo e  AS “PERSPECTIVAS OPERACIONAIS”
         te marítimo, resultou evidente a necessidade  da Protecção Civil, entre outros. Este modelo
         de se concertar o desempenho da função de  tem como factor crítico de sucesso a centrali-  O segundo dia de trabalhos foi organizado
         defesa militar e apoio à política externa, com  zação de poderes e competências, garante a  no sentido de proporcionar as perspectivas
         o da a função de segurança e autoridade do                            dos dois elementos basilares da componente
         Estado, o que, no caso Português, e no que ao                         operacional da Marinha, o Comando Naval,
         papel da Marinha respeita, se pretende con-                           e a Direcção-Geral da Autoridade Marítima /
         seguir através do paradigma da “Marinha de                            Comando-Geral da Polícia Marítima, com as
         Duplo Uso”. Este modelo, que se desenvolve                            comunicações a cargo, respectivamente, dos
         na observância dos princípios da economia de                          Vice-Almirantes Vargas de Matos e Medeiros
         meios e da potenciação de actuações, radica                           Alves. Estas perspectivas, e na óptica da co-
         numa matriz partilhada de valências comuns                            operação interdepartamental, foram comple-
         que passam pela formação, organização, trei-                          mentadas com um painel de comunicações,
         no, material, infra-estruturas, doutrina, lide-                       subordinado ao tema “Colaboração Institu-
         rança e pessoal. Permite-se, assim, desenvol-                         cional”, a cargo de ilustres representantes
         ver uma actuação integrada e complementar,                            de diferentes departamentos do Estado com
         destinada a garantir uma judiciosa utilização                         quem a Marinha colabora. Este painel con-
         dos recursos existentes e a criar sinergias de                        tou com a presença do Dr. José Braz, pela Po-
         emprego, tirando partido da vocação marí-                             lícia Judiciária (PJ), do Dr. Pedro Matos, pelo
         tima, da competência técnica e científica, da   VALM Medeiros Alves.   Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF),
         disciplina e do sentido de serviço que são apa-                       do Dr. Pedro Picciochi, pela Autoridade de
         nágio da Marinha. Para tal, é factor crítico de  unidade de comando e de esforços, e confere  Segurança Alimentar e Económica (ASAE),
         sucesso assegurar a cooperação interdeparta-  acrescida coerência e eficácia nas actuações.  do Tenente-Coronel Timóteo Pedroso, pelo
         mental entre entidades governamentais, não  Contudo, o VALM Mazars apresentou uma  Comando-Geral da Guarda Nacional Repu-
         governamentais, nacionais e internacionais,  vulnerabilidade que urge ultrapassar, e esta  blicana (GNR), da Engª Natércia Cabral, pelo
         de forma a alcançar a maior eficácia das actua-                        Instituto Portuário e dos Transportes Maríti-
         ções do Estado no mar, potenciando-se a uni-                          mos (IPTM) e da Drª. Maria José Policarpo
         dade de esforço dos diferentes departamentos                          Silva, pela Direcção-Geral das Pescas e Aqui-
         públicos que nele actuam. A concluir, o VALM                          cultura (DGPA).
         Cajarabille reiterou a disponibilidade da Mari-                         A comunicação do VALM Medeiros Alves,
         nha para a potenciação de actuações ao servi-                         “A autoridade do Estado no mar”, começou
         ço dos superiores interesses do País.                                 por acentuar a primordial importância do ele-
           O VALM Jacques Mazars apresentou a co-                              mento segurança enquanto sustentáculo ao
         municação “O Prefeito Marítimo”, descre-                              desenvolvimento e bem estar, enquadrando
         vendo o modelo Francês para o exercício da                            o papel e as responsabilidades de Portugal
         autoridade do Estado no mar. O VALM Ma-                               em termos nacionais e no quadro da UE. Ela-
         zars referiu que, na sua Marinha, pelo me-                            borando sobre os fundamentos da Autorida-
         nos um quarto da actividade é dedicada aos                            de Marítima Nacional e sobre os aspectos da
         aspectos da salvaguarda da segurança e ao                             sua operacionalização, evidenciou as múl-
         exercício da autoridade do Estado no mar,                             tiplas valências e competências da DGAM
         nas quais, o maior desafio com que são con-  VALM Vargas de Matos.     e da Polícia Marítima (PM), realçando, nes-
         frontados, decorre da necessidade de “gestão                          te caso, a sua natureza de órgão de polícia
         de soberanias e jurisdições”, o que se poderá  resulta das dificuldades de troca de informa-  criminal. Apresentou, igualmente, vários
         considerar como uma outra forma de referên-  ção entre os diferentes departamentos do Es-  exemplos de colaboração institucional entre
         cia ao conceito de cooperação e articulação  tado, seja por questões de segurança seja por  a DGAM e diversos departamentos do Esta-
         interdepartamental considerado pelo caso  posições corporativas. Não apontando uma  do. O VALM Medeiros Alves alertou para os
         Português. Detalhando o modelo Francês, o  solução definitiva, mas ciente da relevância  riscos que se correm ao promover cisões de
         orador evidenciou que a actuação do Estado  que configura tal vulnerabilidade, o orador  lógica meramente corporativa do actual mo-
         no mar subjaz a um modelo de                                                    delo de Autoridade Marítima,
         coordenação centralizada, com                                                   vincando a mais valia que resi-
         dois níveis de diferenciação:                                                   de neste modelo, ao congregar,
         um nível central, liderado pelo                                                 numa mesma entidade, as fun-
         Primeiro-Ministro com a asses-                                                  ções de Almirante CEMA e de
         soria de um Secretário-Geral,                                                   Autoridade Marítima Nacional,
         encarregado da coordenação                                                      permitindo um racional e judi-
         interministerial e da adminis-                                                  cioso emprego complementar
         tração superior do Estado; e um                                                 de recursos e o desempenho de
         nível local, liderado pelo Prefeito                                             funções clássicas da Marinha e
         Marítimo, um Vice-Almirante da                                                  de Guarda -Costeira. Acrescen-
         Marinha que, cumulativamente,                                                   tou, ainda, que o presente mode-
         exerce funções de Comandan-                                                     lo poderia vir a ser aperfeiçoado,
         te de Zona Marítima, entidade                                                   do seu ponto de vista, se lhe fos-
         responsável perante o Primei-                                                   se igualmente cometida autori-
         ro-Ministro pela coordenação   Assistência ao Seminário.                        dade de coordenação, de forma
         local de actuações, de meios e                                                  a conferir acrescida coerência às
         de aspectos administrativos. O Prefeito Ma-  encerrou considerando ser este um relevan-  actuações do Estado no mar.
         rítimo apresenta-se como a entidade que co-  te desafio para o aperfeiçoamento do mode-  O VALM Vargas de Matos, na sua comuni-
         ordena e emprega uma vastidão de meios,  lo Francês para o exercício da autoridade do  cação “As operações navais num quadro alar-
         da Marinha, da Força Aérea, da Gendarmerie,  Estado no mar.           gado de segurança”, evidenciou a necessidade

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