Page 120 - Revista da Armada
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GMDSS
GMDSS
A AUTOMATIZAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES SAR
INTRODUÇÃO s / EMPREGO DAS REDES DE SATÏLITES NO SIS- e à daqueles que transitem na mesma zona.
tema de segurança, que se pautou como o Igualmente as estações costeiras se obrigam
s acontecimentos recentes relacio- grande salto tecnológico deste sistema; ao fornecimento dos correspondentes servi-
nados com a busca e salvamento s / EQUIPAR OS NAVIOS EM FUN ÎO DA ÉREA ços de segurança e salvamento. A evolução
Omarítimo trouxeram para a ribal- em que operam e não da Tonelagem de Ar- que decorre no GMDSS tende a minimizar o
ta o sistema GMDSS. Mas afinal o que é o queação Bruta (tAB); trabalho efectivo dos operadores, através da
GMDSS? É a essa pergunta que tentaremos s ! ARQUITECTURA DO SISTEMA PARA QUE OS facilidade que é a automatização dos sistemas
responder nas próximas linhas, não através meios de alarme sejam actuados com re- de alarme, deixando por isso as tripulações
de uma análise profunda, mas consideran- dundância de modo a garantir a fiabilida- de necessitarem de um oficial Radiotécni-
do os princípios e conceitos básicos que de da recepção; co, sendo essas funções desempenhadas por
permitam entender de forma simples o que s ! IMPLEMENTA ÎO DE NOVOS EQUIPAMEN- qualquer elemento com licença própria para
estamos a tratar. tos que permitam que os navios ou pesso- operação do equipamento.
Para compreendermos a actualidade te- as em balsas à deriva sejam rapidamente
mos de recuar ao acidente ocorrido com o localizados; ÁREAS/FUNÇÕES
“TITANIC”, no Atlântico Norte, em Abril de s ! MELHORIA NA TRANSFERÐNCIA DE INFOR-
1912, que levou ao reconhecimento da ne- mação de segurança marítima. Como foi atrás referido o sistema GMDSS
cessidade de os navios e as estações costei- Este conceito básico assenta no objectivo baseia o equipamento necessário a cada
ras estarem equipados com equipamentos de as autoridades em terra responsáveis pela navio de acordo com a área em que nave-
radioeléctricos que permitissem efectuar busca e salvamento, assim como a navega- ga, tendo o globo terrestre sido dividido em
chamadas de socorro, recorrendo ao códi- ção existente nas imediações do navio ou quatro áreas distintas.
go Morse. Neste propósito, realizou-se em das pessoas em perigo, serem rapidamente A implementação do GMDSS deveu-se à
Londres, em 1914, a primeira grande con- alertadas para o acidente a fim de presta- necessidade de encontrar formas de melhor
venção para a Salvaguarda da Vida Huma- rem toda a assistência necessária, do modo salvaguardar a vida humana no mar basean-
na no Mar (Safety Of Life At Sea – SOLAS). mais rápido e coordenado possível, sendo do-se as funções de comunicações dos na-
Desde então ocorreram mais quatro con- aplicável a todos os navios com mais de vios no acesso a capacidades tecnológicas
venções, sendo a presente de 1974, em 300 tAB que efectuem viagens internacio- até aí inexistentes.
vigor desde 1980, que passou a conside- nais, assim como aos navios de passageiros A matriz funcional discriminativa das áre-
rar a obrigatoriedade de escuta do sistema com mais de 12 passageiros, nas mesmas as/funções de comunicações associadas é a
radiotelegráfico (Morse) na frequência dos circunstâncias. que seguidamente se apresenta:
500 kHz, e radiotelefónico dos 2182 kHz
e do 156,8 MHz (canal 16 do Serviço Mó- - Radiotelefone de VHF com função Digital
vel Marítimo). Selective Calling (DSC);
Em 1979, a Organização Marítima Inter- Área situada no interior da zona de cobertura - Receptor de NAVTEX;
radioeléctrica de, pelo menos, uma estação
nacional, na sua décima primeira sessão, costeira de ondas métricas (VHF) e na qual a - Radiobaliza (EPIRB) de 406 MHz; *
considerando os arranjos existentes para Área A1 função de alerta de Chamada Selectiva Digital - Transponder de radar (SART);
- Radiotelefone(s) de VHF portáteis;
as comunicações, deliberou na implemen- está continuamente disponível, considerando-se - Receptor de escuta permanente em 2182 MHz.
tação de um novo sistema para as comuni- uma extensão até cerca de 30 milhas de terra; * A EPIRB satélite pode ser substituída por uma
cações marítimas de Socorro e Segurança, EPIRB VHF.
de âmbito Global, automático, baseado pri- Área, com exclusão da área A1, situada no - O mesmo equipamento que para a área A1
mariamente nas comunicações navio-terra, interior da zona de cobertura radioeléctrica de, mais:
assente numa combinação de serviços ba- pelo menos uma estação costeira funcionando - Radiotelefone de MF com DSC e Narrow Band
seados em sistemas rádio e satélite e onde Área A2 em ondas hectométricas (MF) e na qual a função Direct Printing (NBDP-Telex);
os requisitos de equipamentos fossem de- de alerta de Chamada Selectiva Digital está - Receptor de HF de Maritime Safe Information
lineados em função das áreas onde os na- continuamente disponível, com uma extensão ou Enhanced Group Calling, se não existir o
até cerca das 150/200 milhas de terra
NAVTEX.
vios navegassem.
Em 01 de Fevereiro de 1999, com o ad- Área, com exclusão das áreas A1 e A2, situada - O mesmo que para as zonas A1 e A2 mais:
vento do novo sistema, cessou a obrigato- Área A3 no interior da zona de cobertura de um satélite - SATCOM INMARSAT
ou
geostacionário da INMARSAT (entre os 70º N e
riedade de escuta nos 500 kHz, mantendo- 70º S, aproximadamente), na qual a função de - Radiotelefone de MF/ HF com DSC e NBDP
-se, no entanto, na frequência de 2182 kHz alerta está continuamente disponível (Telex).
e 156,8 MHz. - O mesmo equipamento que para a área A1
Surge assim o “Global Maritime Distress Área situada fora das zonas A1, A2 e A3, mais:
and Safety System”, vulgarmente conheci- Área A4 cobrindo basicamente as regiões polares. - Radiotelefone de MF/HF com DSC e NBDP
do por GMDSS. (Telex).
CONCEITO BÁSICO O sistema permite o estabelecimento de co- SISTEMAS DE COMUNICAÇÕES
municações de emergência, a promulgação
O GMDSS foi concebido para propor- de avisos à navegação, meteorológicos e de Este sistema é constituído por uma com-
cionar um sistema de informação credível tempestade assim como a transmissão de toda ponente móvel marítima, que dota os navios
e global para as comunicações de socor- a informação de segurança marítima que haja com as capacidades necessárias para cada
ro e segurança. Assim existe um conjunto necessidade de difundir. Deste modo todos os área de navegação onde operem, e uma com-
de princípios de funcionamento estrutura- navios estão habilitados, independentemente ponente terrestre que integra serviços rádio
dos através de diversos pontos que se deve da área em que naveguem, a operarem todas costeiros e satélite, para além das necessárias
dar nota: as comunicações essenciais à sua segurança interligações entre estações costeiras.
10 ABRIL 2007 U REVISTA DA ARMADA