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GMDSS
                                              GMDSS

                   A AUTOMATIZAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES SAR

         INTRODUÇÃO                           s / EMPREGO DAS REDES DE SATÏLITES NO SIS-  e à daqueles que transitem na mesma zona.
                                            tema de segurança, que se pautou como o  Igualmente as estações costeiras se obrigam
               s acontecimentos recentes relacio-  grande salto tecnológico deste sistema;  ao fornecimento dos correspondentes servi-
               nados com a busca e salvamento   s / EQUIPAR OS NAVIOS EM FUN ÎO DA ÉREA  ços de segurança e salvamento. A evolução
         Omarítimo trouxeram para a ribal-  em que operam e não da Tonelagem de Ar-  que decorre no GMDSS tende a minimizar o
         ta o sistema GMDSS. Mas afinal o que é o  queação Bruta (tAB);         trabalho efectivo dos operadores, através da
         GMDSS? É a essa pergunta que tentaremos   s ! ARQUITECTURA DO SISTEMA PARA QUE OS  facilidade que é a automatização dos sistemas
         responder nas próximas linhas, não através  meios de alarme sejam actuados com re-  de alarme, deixando por isso as tripulações
         de uma análise profunda, mas consideran-  dundância de modo a garantir a fiabilida-  de necessitarem de um oficial Radiotécni-
         do os princípios e conceitos básicos que  de da recepção;             co, sendo essas funções desempenhadas por
         permitam entender de forma simples o que   s ! IMPLEMENTA ÎO DE NOVOS EQUIPAMEN-  qualquer elemento com licença própria para
         estamos a tratar.                  tos que permitam que os navios ou pesso-  operação do equipamento.
           Para compreendermos a actualidade te-  as em balsas à deriva sejam rapidamente
         mos de recuar ao acidente ocorrido com o  localizados;                ÁREAS/FUNÇÕES
         “TITANIC”, no Atlântico Norte, em Abril de   s ! MELHORIA NA TRANSFERÐNCIA DE INFOR-
         1912, que levou ao reconhecimento da ne-  mação de segurança marítima.  Como foi atrás referido o sistema GMDSS
         cessidade de os navios e as estações costei-  Este conceito básico assenta no objectivo  baseia o equipamento necessário a cada
         ras estarem equipados com equipamentos  de as autoridades em terra responsáveis pela  navio de acordo com a área em que nave-
         radioeléctricos que permitissem efectuar  busca e salvamento, assim como a navega-  ga, tendo o globo terrestre sido dividido em
         chamadas de socorro, recorrendo ao códi-  ção existente nas imediações do navio ou  quatro áreas distintas.
         go Morse. Neste propósito, realizou-se em  das pessoas em perigo, serem rapidamente   A implementação do GMDSS deveu-se à
         Londres, em 1914, a primeira grande con-  alertadas para o acidente a fim de presta-  necessidade de encontrar formas de melhor
         venção para a Salvaguarda da Vida Huma-  rem toda a assistência necessária, do modo  salvaguardar a vida humana no mar basean-
         na no Mar (Safety Of Life At Sea – SOLAS).  mais rápido e coordenado possível, sendo  do-se as funções de comunicações dos na-
         Desde então ocorreram mais quatro con-  aplicável a todos os navios com mais de  vios no acesso a capacidades tecnológicas
         venções, sendo a presente de 1974, em  300 tAB que efectuem viagens internacio-  até aí inexistentes.
         vigor desde 1980, que passou a conside-  nais, assim como aos navios de passageiros   A matriz funcional discriminativa das áre-
         rar a obrigatoriedade de escuta do sistema  com mais de 12 passageiros, nas mesmas  as/funções de comunicações associadas é a
         radiotelegráfico (Morse) na frequência dos  circunstâncias.            que seguidamente se apresenta:
         500 kHz, e radiotelefónico dos 2182 kHz
         e do 156,8 MHz (canal 16 do Serviço Mó-                                   - Radiotelefone de  VHF com função  Digital
         vel Marítimo).                                                            Selective Calling (DSC);
           Em 1979, a Organização Marítima Inter-  Área situada no interior da zona de cobertura   - Receptor de NAVTEX;
                                                   radioeléctrica de, pelo menos, uma estação
         nacional, na sua décima primeira sessão,   costeira de ondas métricas (VHF) e na qual a   - Radiobaliza (EPIRB) de 406 MHz; *
         considerando os arranjos existentes para   Área A1  função de alerta de Chamada Selectiva Digital   - Transponder de radar (SART);
                                                                                   - Radiotelefone(s) de VHF portáteis;
         as comunicações, deliberou na implemen-   está continuamente disponível, considerando-se   - Receptor de escuta permanente em 2182 MHz.
         tação de um novo sistema para as comuni-  uma extensão até cerca de 30 milhas de terra;  * A EPIRB satélite pode ser substituída por uma
         cações marítimas de Socorro e Segurança,                                  EPIRB VHF.
         de âmbito Global, automático, baseado pri-  Área, com exclusão da área  A1, situada no   - O mesmo equipamento que para a área A1
         mariamente nas comunicações navio-terra,   interior da zona de cobertura radioeléctrica de,   mais:
         assente numa combinação de serviços ba-   pelo menos uma estação costeira funcionando   - Radiotelefone de MF com DSC e Narrow Band
         seados em sistemas rádio e satélite e onde   Área A2  em ondas hectométricas (MF) e na qual a função   Direct Printing (NBDP-Telex);
         os requisitos de equipamentos fossem de-  de alerta de Chamada Selectiva Digital está   - Receptor de HF de Maritime Safe Information
         lineados em função das áreas onde os na-  continuamente disponível, com uma extensão   ou  Enhanced Group Calling, se não existir o
                                                   até cerca das 150/200 milhas de terra
                                                                                   NAVTEX.
         vios navegassem.
           Em 01 de Fevereiro de 1999, com o ad-   Área, com exclusão das áreas A1 e A2, situada   - O mesmo que para as zonas A1 e A2 mais:
         vento do novo sistema, cessou a obrigato-  Área A3  no interior da zona de cobertura de um satélite   - SATCOM INMARSAT
                                                                                   ou
                                                   geostacionário da INMARSAT (entre os 70º N e
         riedade de escuta nos 500 kHz, mantendo-  70º S, aproximadamente), na qual a função de   - Radiotelefone de MF/ HF com DSC e NBDP
         -se, no entanto, na frequência de 2182 kHz   alerta está continuamente disponível  (Telex).
         e 156,8 MHz.                                                              - O mesmo equipamento que para a área A1
            Surge assim o “Global Maritime Distress   Área situada fora das zonas  A1,  A2 e  A3,   mais:
         and Safety System”, vulgarmente conheci-  Área A4  cobrindo basicamente as regiões polares.  - Radiotelefone de MF/HF com DSC e NBDP
         do por GMDSS.                                                             (Telex).
         CONCEITO BÁSICO                      O sistema permite o estabelecimento de co- SISTEMAS DE COMUNICAÇÕES
                                            municações de emergência, a promulgação
           O GMDSS foi concebido para propor-  de avisos à navegação, meteorológicos e de   Este sistema é constituído por uma com-
         cionar um sistema de informação credível  tempestade assim como a transmissão de toda  ponente móvel marítima, que dota os navios
         e global para as comunicações de socor-  a informação de segurança marítima que haja  com as capacidades necessárias para cada
         ro e segurança. Assim existe um conjunto  necessidade de difundir. Deste modo todos os  área de navegação onde operem, e uma com-
         de princípios de funcionamento estrutura-  navios estão habilitados, independentemente  ponente terrestre que integra serviços rádio
         dos através de diversos pontos que se deve  da área em que naveguem, a operarem todas  costeiros e satélite, para além das necessárias
         dar nota:                          as comunicações essenciais à sua segurança  interligações entre estações costeiras.

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