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UAV Ligeiro de Aplicação Naval
UAV Ligeiro de Aplicação Naval
“Um projecto de Investigação e Desenvolvimento da Escola Naval”
A MOTIVAÇÃO maior parte dos países dispõe já de vários ti- aberto e muito espaço para inovar e porque
pos de UAV nas suas forças armadas, desem- a nossa Marinha tem necessidades muito es-
o âmbito da sua missão de preparar os penhando tarefas cada vez mais importantes pecíficas que aparentemente não são satis-
futuros oficiais da Marinha de Guerra e complexas. feitas por nenhum dos UAV comercialmente
NPortuguesa com uma formação uni- Uma consulta rápida à bibliografia revela disponíveis.
versitária, a Escola Naval (EN) preocupa-se em uma autêntica explosão no desenvolvimento
incentivar e desenvolver nos seus alunos o es- e comercialização deste tipo de equipamento, O OBJECTIVO
pírito de iniciativa e a capacidade para encon- estando disponíveis ou em desenvolvimento,
trar e implementar soluções inovadoras para os desde micro-UAV do tamanho de insectos até Em meados de 2003 foi decidido avançar
mais diversos problemas. As memórias de fim aeronaves de grande envergadura com auto- com o projecto “UAV Ligeiro de Aplicação
de curso constituem, Naval” já que alguma
desde há muito, um reflexão tinha indica-
meio particularmen- do ser provavelmente
te apto para este fim. muito interessante do-
Como é natural, os tar as nossas lanchas
cadetes tentam que as de fiscalização (LF) de
suas memórias de fim um UAV capaz de ser
de curso estejam rela- lançado e recolhido a
cionadas com as acti- bordo e que, dada a
vidades da Marinha e sua muito maior ve-
resultem em melhorias locidade relativa, fos-
que facilitem o cum- se capaz de, em pou-
primento da missão. cos minutos, voar até
Felizmente são já mui- junto de embarcações
tas as pequenas contri- situadas dentro do al-
buições dadas por es- cance radar, fazer o
tas memórias. controlo e filmagem
Por outro lado, os Figura 1 - Objectivo final do “UAV Ligeiro de aplicação naval”: fazer vigilância a 12 milhas do navio. das suas actividades
docentes universitá- durante alguns pou-
rios têm a obrigação de fazer investigação nomia de dias. As aplicações passaram da cos minutos e de regressar ao local do seu
nas suas áreas de conhecimento, fazendo-o simples observação ao comando e controlo lançamento, sabendo-se que as imagens geo-
alguns através de projectos de investigação e e até ao combate. Este desenvolvimento le- -referenciadas poderão constituir prova legal
desenvolvimento (I&D) realizados em colabo- vou à criação de vários grupos de trabalho válida em tribunal.
ração com outros docentes, discentes e em- para definir especificações e normas para a Foram então contactados para integrarem
presas. É precisamente através destes projec- sua operação e a um intenso esforço de in- o projecto como consultores um professor de
tos de I&D que é possível dar um fio condutor vestigação e desenvolvimento nesta nova área Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciên-
a várias memórias de fim de curso e envolver tecnológica. cia e Tecnologia da UNL e uma empresa de
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a EN em projectos de maior envergadura. Foi Em Portugal existem já vários grupos, en- aeromodelismo , tendo-se realizado, ainda,
com o intuito de envolver vários docentes de volvendo universidades, institutos politécni- reuniões com oficiais experientes em mis-
diferentes áreas e um número considerável de cos e empresas, a desenvolver UAV para as sões de fiscalização de pesca em lanchas da
alunos que surgiu o projecto do “UAV Ligeiro mais diversas aplicações. classe Argos. Os elementos recolhidos per-
de Aplicação Naval”. Num ambiente tão competitivo haveria lu- mitiram definir os requisitos e os objectivos
Os UAV (Unmanned Aerial Vehicles - Ve- gar para um projecto de I&D nesta área, por a longo prazo.
ículos Aéreos Não-Tripulados) têm cada vez parte da Escola Naval? Ficou então estabelecido como objectivo
maior importância na sociedade em geral Pensou-se que sim, porque sendo uma tec- do projecto o desenvolvimento de um UAV
e, em particular, na comunidade militar. A nologia recente, haveria muitas questões em capaz de ser operado a partir de LFRs da clas-
O “Protoavis” e sua electrónica.
REVISTA DA ARMADA U FEVEREIRO 2007 15