Page 17 - Revista da Armada
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lhes permitia evitar muitos problemas e alcan- reorganizou os quadros do pessoal civil, instituiu nário dos capitães e deu por terminada a sua
çar assinaláveis êxitos. novas regras para a prestação de serviços do pesso- carreira logo a seguir ao 25 de Abril, com o
Salientou, igualmente, a intensa e valio- al militar e criou um sector destinado a proteger as pedido de exoneração do cargo e passagem à
sa colaboração do biografado nos Anais do famílias dos militares ausentes e que, mais tarde, situação de reserva. Morreu em 1980.
Clube Militar Naval, que incluiu a direcção, viria a dar origem à Direcção de Apoio Social, Por último a actividade do Almirante
de 1956 a 64, da secção “Crónica de Mari- tendo sido criada a Força de Fuzileiros do como Ministro responsável pela Marinha
nha” e a presidência da respectiva Comissão Continente. do Comércio, foi objecto de uma disser-
de Redacção. A estas reformas, consolidadas durante o tação do Capitão da Marinha Mercante
Indicou Maio de 1957, como início do ter- seu mandato ministerial, juntaram-se outras Ferreira da Silva, que chamou a atenção
ceiro período, quando o homenageado pas- da sua iniciativa das quais mencionou a in- para as três políticas básicas então to-
sou a servir no Estado-Maior da Armada no corporação na Armada de seis corvetas, um madas para o sector. A primeira relativa
âmbito da Organização, ten- aos Transportes Maríti-
do anos mais tarde chefiado mos que compreendeu: a
a Divisão responsável por remodelação e agrupamento
esta área. Definindo processos de empresas armadoras com
e normas de trabalho pode-se a fusão da Sociedade Geral
afirmar que os estudos que re- na Companhia Nacional de
alizou serviram de alicerces à Navegação e da Insulana com
reformulação e à actualização os Carregadores Açoreanos, a
da organização estrutural da criação das primeiras empre-
Marinha, factor que contribuiu sas para navios porta-conten-
para que a Instituição pudesse tores e a transformação dos
enfrentar com eficácia a guerra estaleiros da CUF, na Rocha,
do Ultramar e parte dos desafios nos estaleiros de Lisboa, na
do último quartel do século XX. Margueira. Na Administra-
Destacou também o ção Superior da Marinha a
notável desempenho no Mesa da Presidência. Direcção Geral de Marinha
Instituto Superior Naval de foi reorganizada e criada
Guerra onde foi professor de Organização e submarino, dez navios-patrulhas e duas lan- em sua substituição a Direcção Geral dos
Estratégia tendo sido autor de publicações refe- chas de desembarque grandes. Também a Serviços de Fomento Marítimo.
rentes às suas lições que passaram a ser considera- cultura naval encontrou forte apoio na sua acção, A segunda acção política básica a que
das importantes textos de referência para o estudo designadamente com a edição de colecções de no- maiores e mais relevantes consequências trouxe
destas duas temáticas. táveis obras esquecidas, muitas da autoria de ma- para o futuro da Marinha Mercante foi a da For-
O CALM Leiria Pinto terminou as suas rinheiros ilustres, relativas ao mar e às actividades mação do Pessoal. Neste âmbito o Comandan-
palavras dizendo: Muito longe de ser um in- marítimas, e instituiu em 1969, o Grupo de Estu- te Ferreira da Silva salientou a importância
condicional do regime político então vigente e dos de História Marítima e em 1970, o Centro de da reestruturação do ensino na Escola Náu-
quando tudo indicava que fosse assumir o cargo Estudos de Marinha, que incluía Artes, Letras e tica e a inclusão, pela primeira vez em 1971,
de Comandante Naval de Angola, depois de mui- Ciências e que acabou por se transformar na de oficiais da Marinha Mercante no corpo
ta insistência por parte do Dr. Salazar, que dese- Academia de Marinha. docente daquela Escola. Destacou igual-
java ter alguém cuja mente a mudança
frontalidade pudesse em 1972 da Escola
contar e em quem a Náutica para o novo
Marinha confiasse, edifício em Paço
o Comodoro Pereira D’Arcos que passou
Crespo foi, em Agos- a denominar-se Es-
to de 1968, nomeado cola Náutica Infante
Ministro da Marinha. D. Henrique, com
O segundo ora- novo regulamento
dor da Sessão foi o e em que os cursos
Comandante Serra passaram a ser cer-
Brandão que se re- tificados de nível su-
feriu ao homena- perior e a constitui-
geado quando Mi- ção da Escola Náuti-
nistro da Marinha, ca do Mindelo.
nomeadamente A concluir o Co-
na vertente militar, mandante Ferreira
afirmando que o da Silva conside-
Almirante era bem co- CALM Leiria Pinto Comandante Serra Brandão Comandante Ferreira da Silva rou que o último
nhecido pela sua competência profissional, a sua Salientou ainda que em 1971 se ini- grande ponto de relevo na política do Almirante
comprovada inteligência, o notável bom senso, as ciou, por iniciativa ministerial, a publica- para a Marinha Mercante foi o do seu interesse
qualidades de trabalho e a sua independência po- ção da Revista da Armada, cujo interesse em galardoar o mérito do pessoal da Marinha
lítica, comprovada por alguns episódios que e crescente prestígio têm sido mantidos Mercante tendo criado, logo em 1969, a Me-
descreveu. pela actual Direcção. dalha Naval de Vasco da Gama, com que
Referiu depois alguns estudos que o Para terminar e reportando-se aos úl- agraciou algum desse pessoal e no ano se-
futuro ministro realizou quando da sua timos anos de vida do homenageado o guinte posto em execução o Regulamento
passagem pelo Estado-Maior da Armada. Comandante Serra Brandão disse: Não das Medalhas da Marinha Mercante.
Assim: alterou a estrutura superior da Marinha, aderiu, como se sabe, ao movimento revolucio-
17REVISTA DA ARMADA • SETEMBRO/OUTUBRO 2011