Page 18 - Revista da Armada

Afamosa fita em seda preta, que ship, &c. to be embroidered in gold in letters Surge numa tabela de uniforme indi-
envolve a parte inferior do boné ½ inch deep, according to sealed Admiralty cando que, a cada homem, deveriam
das praças, terá começado a ser pattern». ser distribuídas duas fitas de boné. A
utilizada, pela primeira vez, na Marinha No que respeita à forma como a fita 7 de Julho desse mesmo ano, o Direc-
Inglesa, por alturas de 1840. No entanto, era colocada, o Regulamento Inglês de tor Geral da Marinha assinava a por-
a inclusão do nome do navio só seria 1879 é, tanto quanto sabemos, a primeira taria com nova tabela «do uniforme das
oficialmente adoptada pela Royal Navy publicação que, através de imagens, des- praças do corpo de marinheiros da arma-
mais tarde, em 1857, com a primeira creve a maneira como deveria ser feito o da», na qual determinava a distribui-
edição do Uniform Regulations for Petty respectivo laço, situado a meio na parte ção de dois «bonets de panno azul» e
Officers, Seaman and Boys. Muito embo- traseira do boné, ficando pendentes as duas «fitas de seda com a designação de
ra o referido regulamento não definisse duas extremidades sobrantes. Posterior- «marinheiros da armada»», que consti-
como deveria ser feita a gravação do mente, entre 1893 e 1911, este passou tui a primeira referência à inscrição
nome do navio na fita do boné, os exem- a ser feito à guisa de botão localizado de dizeres na fita dos bonés das pra-
plares que dessa época chegaram aos por sobre a orelha esquerda, voltando, ças na nossa Marinha.
nossos dias mostram que as respectivas depois daquela data, à parte traseira do Em 1886, um diploma de 8 de Ou-
letras eram pintadas à mão, em maiús- boné, agora com as duas extremidades tubro veio regulamentar as dimen-
culas de apreciável dimensão, pelos pró- pendentes com igual comprimento, que sões da fita e respectivas letras, além
prios marinheiros, com o da forma como esta
objectivo de, em terra e Museu de Marinha deveria ser colocada
entre os demais, se iden- no boné. No artigo
tificar o navio a que cada 18.º desse documen-
um pertencia. to pode ler-se que «o
Em Fevereiro de 1858, distinctivo de classe das
quando foi introduzida a praças de marinhagem
bordadura com fio metá- será uma fita de seda
lico dourado, o mesmo preta lisa de 0m,02 de
que era utilizado na ma- largura, tendo em letras
nufactura de galões dos douradas de 0m,018 de
oficiais, o comandante do altura a legenda «Ma-
HMS Waterwitch, Com- rinheiros da armada».
mander P. R. Sharpe, ad- Esta fita será collocada
quiriu as primeiras fitas no chapéu ou bonet, dan-
inscritas com esta técni- do laço que ficará para a
ca, na casa Thomas Ste- parte posterior da cabe-
vens, em Coventry, que ça». Relativamente ao
depois vendeu aos seus O antigo boné de pano azul, na transição do século XIX para o século XX. «uniforme das praças

marinheiros por um xelim1 cada. Nesse não podia exceder as duas polegadas, ou avulsas», o artigo 29.º daquele diplo-
mesmo ano, outras casas manufactu- seja, cerca de cinco centímetros. ma refere que «o bonet será como o dos
reiras inglesas de têxteis apresentaram Com o início da Grande Guerra (1914- sargentos, sem galão nem emblema, tendo
propostas de inscrição na fita dos bonés 1918), a Royal Navy tomou um conjunto apenas a correia».
das praças, nomeadamente bordadas a de medidas no sentido de ocultar a loca- A 12 de Agosto de 1897, devido à
fio de seda amarelo. No entanto, a Royal lização dos seus navios, razão pela qual, necessidade de melhor clarificar e re-
Navy acabaria por eleger as fitas com as em Dezembro de 1914, foi proibido o uso gulamentar o uso da fita no boné das
letras tecidas em fio metálico dourado, de fitas exibindo o respectivo nome, nas praças, para dessa forma se identifi-
que, inicialmente, devido ao seu preço ocasiões em que os marinheiros se des- car o navio a que cada um pertencia,
elevado, apenas eram distribuídas aos locavam a terra de licença. Na Segunda é a Secretaria do Almirantado que,
marinheiros embarcados nos navios Guerra Mundial (1939-1945), e com o por decisão régia, publica a portaria
de maior porte, bem como àqueles que mesmo propósito, as fitas dos bonés que abaixo se transcreve. De realçar
partiam em comissão para as longínquas das praças da Marinha Inglesa apenas a referência que é feita ao seu uso nas
possessões britânicas ultramarinas. ostentavam a famosa sigla HMS (Her/ marinhas estrangeiras, o que, face ao
Relativamente às dimensões, o pará- His Majesty’s Ship) ou, em alternativa, exposto supra, terá começado umas
grafo n.º 44 do Regulamento de 1890 HM Destroyers ou HM Submarines, sen- quatro décadas antes. A referida por-
refere que, por essa altura, a fita do boné do omisso o nome do respectivo navio. taria acrescenta ainda que a fita do
(cap ribbon) deveria ter as seguintes car- Em Portugal, a primeira alusão que co- boné das «praças desembarcadas»
acterísticas: «to be of black silk ribbon, 1 1/8 nhecemos, no que respeita à fita do boné deveria manter a anterior designa-
inches broad, 45 inches long; the name of the das praças, data de 29 de Maio de 1884. ção, isto é, Marinheiros da Armada.

18 SETEMBRO/OUTUBRO 2011 • REVISTA DA ARMADA