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REVISTA DA ARMADA | 487

Foto CAB T Carvalho                                                  lelo com a fase de treino em terra, direcionada para as equipas de
                                                                     abordagem africanas. Com um número de participantes de países da
ATÉ UM DIA SÃO TOMÉ                                                  região bastante elevado, este período permitiu promover também a
                                                                     troca de experiências e naturalmente o fomento de laços de camara-
  Terminado o último período de licenças na véspera do navio         dagem com outras marinhas, concorrendo para a fácil integração dos
suspender, as histórias e as experiências vividas nesta paradisíaca  meios e das equipas que se veio a verificar na fase de mar.
ilha equatorial avolumam-se nos corredores do navio, revelando
uma visita que certamente permanecerá na memória de todos.             Terminada a fase de terra, e na companhia do NPO Apa (BR),
A afabilidade e hospitalidade do povo santomense assim como          BS Godetia (BE), NP La Benoue (CM), NP Jabane (CM) e NP Man-
a importância dada à presença do navio ficou patente quer em          goye (GA), a Bartolomeu Dias, com uma equipa de dezoito ele-
terra quer nas diversas visitas recebidas, destacando-se, entre      mentos da GC-STP embarcada, largou na manhã do dia 19 de
outras, o embarque do Primeiro-Ministro de São Tomé e Prínci-        abril para uma área de exercício entre os Camarões e a ilha de
pe acompanhado pela Embaixadora de Portugal em São Tomé e            Bioko. Tendo como principal objetivo desenvolver as capacidades
Príncipe, Dr.ª Maria Paula Cepeda, durante a ação de fiscalização     dos países da região na luta contra as atividades ilícitas no mar,
no arquipélago.                                                      esta fase consistiu num programa seriado de três dias, com foco
                                                                     no treino de vistoria e abordagem, num cenário de operações de
  Já na companhia do NPO Apa, da marinha brasileira, que se          interdição marítima. Com equipas de abordagem africanas em-
juntou ao navio no fundeadouro da Baía de Ana Chaves, pros-          barcadas em todos os navios, este período permitiu partilhar co-
seguimos a nossa missão no dia 13 de abril rumo aos Camarões,        nhecimentos e experiências com as marinhas e guardas-costeiras
preparando a participação no próximo exercício através de um         dos países da região. Salienta-se também nesta fase, a participa-
programa de treino com o navio brasileiro.                           ção de um P3-C da Força Aérea Portuguesa, com o seu essencial
                                                                     contributo na ação de vigilância e reconhecimento marítimo e na
O EXERCÍCIO OBANGAME EXPRESS 2014 –OE14                              passagem de informação para o Centro Multinacional de Opera-
                                                                     ções Marítimas de Douala, entidade coordenadora do exercício.
  Depois de dois dias de trânsito, a grandeza do Pico Basilé na
ilha de Bioko a bombordo e a imponência do Monte Camarões              Concluída a participação no OE14, e rumando agora para
pela proa, saúdam a chegada do navio à foz do rio Wouri, outro-      águas angolanas, a tirada ficou marcada pela passagem da linha
ra batizado pelos portugueses como rio Camarões. A entrada no        do Equador na manhã do dia 22 de abril. Cumprindo a tradição,
estuário, com uma elevada intensidade de tráfego e navios fun-       o navio e a guarnição enfrentaram a ira do Rei Neptuno e o “im-
deados, faz-se sob o olhar atento da equipa de pilotagem, identi-    piedoso” julgamento pela sua Corte.
ficando marcas até então só conhecidas nas páginas dos roteiros.
                                                                     A INICIATIVA MAR ABERTO 2014 EM ANGOLA
  Após cerca de duas horas de trânsito, avistam-se as primeiras
infraestruturas do porto de Douala. Este porto, principal ligação      A primeira paragem pela costa angolana foi ao largo do Ambriz,
dos Camarões ao Golfo da Guiné e porta fundamental para o co-        a 26 de abril, onde o navio embarcou uma equipa do Batalhão de
mércio externo do país, caracteriza-se pela sua grande extensão      Fuzileiros Navais (BFN) da Marinha de Guerra Angolana (MGA),
e um elevado movimento portuário.                                    acompanhada pelo diretor técnico do Projeto 8 – Cooperação téc-
                                                                     nico-militar (CTM) em Angola e pelo chefe de estado-maior do
  Marcada por uma elevada recetividade por parte de todas as         BFN. Deram-se assim início às ações de cooperação com a MGA
autoridades locais, a presença do navio no porto mereceu um          através do treino e instrução de vistoria e abordagem durante o
constante cuidado de segurança, evidenciado pela presença per-       trânsito para o Lobito, onde o navio atracaria no dia seguinte.
manente de uma equipa de guarda armada junto ao navio e nos
autocarros utilizados para as licenças da guarnição.                   Ao dobrar a língua da Restinga, a traça da arquitetura portu-
                                                                     guesa ainda ali existente mistura-se com o crescimento em curso
  As reuniões de coordenação para o exercício OBANGAME EXPRESS
14 decorreram durante três dias na Base Naval de Douala em para-

10 JULHO 2014
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