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REVISTA DA ARMADA | 487

ARSENAL DO ALFEITE

75 ANOS

No passado dia 3 de Maio cumpriram-se 75 anos desde que foi          em Dezembro de 1937, sendo formalmente inaugurado ano e
     inaugurado, nesse mesmo dia de 1939, o estaleiro Arsenal do     meio depois, para funcionar, de acordo com o diploma orgânico
Alfeite, na margem oposta ao local onde funcionara, até então, o     que o criou, conforme as regras da indústria, na busca de produ-
Arsenal de Marinha, construído sobre as ruínas dos antigos esta-     tividade e rentabilidade económica semelhantes às do restante
leiros da Ribeira das Naus após o terramoto de 1755.                 sector naval. Moderno, bem equipado e de dimensão apreciá-
                                                                     vel para a época, o AA foi, e ainda é, uma empresa respeitada
   75 anos de inestimáveis serviços prestados à Marinha e ao         no ramo.
país, contribuindo decisivamente para a sustentação e operacio-
nalidade da esquadra e formando gerações de excelentes profis-          Desde logo se iniciaram reparações em navios de guerra, ten-
sionais. É sabido que, desde 2009, mudou a sua natureza jurídica     do o contratorpedeiro Dão sido o primeiro. Iniciou-se também
tendo a instituição Arsenal do Alfeite sido extinta dando lugar a    uma importante actividade de construção com o assentamento
uma sociedade anónima de capitais públicos. Contudo, perma-          da quilha do primeiro navio a ser ali construído: o navio hidrográ-
necem a infra-estrutura, o conhecimento, muitas das pessoas e,       fico D. João de Castro. Muitos e variados navios se seguiram, de
mais importante, a Missão, na qual se reafirma o enfoque do es-       diversa dimensão e variados tipos, quer militares quer de comér-
taleiro na satisfação das necessidades da Marinha nos domínios       cio. Salienta-se a construção do petroleiro Sam Brás, o primeiro a
da reparação, manutenção e construção naval. Não pode por isso       ser construído no nosso país.
a AA, SA deixar de se associar a esta data, já que é a continuadora
do espírito de bem servir e a depositária das competências e tec-      No âmbito do reapetrechamento da Marinha Mercante Nacio-
nologias necessárias à continuidade desse desígnio. Neste artigo     nal também o Arsenal foi chamado a dar o seu contributo, tendo
tentar-se-á, de forma muito sintética, evocar um pouco da his-       construído os petroleiros Sameiro, S. Mamede, Erati e Gerês, este
tória recente do estaleiro. Pretende-se, desta forma, assinalar a    último com um comprimento de 191.7 m e deslocando 35.625
efeméride e relembrar alguns acontecimentos, que alguns ainda        ton (leve), o maior navio ali construído. Mas não foram apenas
lembrarão mas que os mais novos terão tendência para ir esque-       petroleiros que se construíram no AA durante as primeiras déca-
cendo, para que a memória do Arsenal do Alfeite possa perdurar       das da sua existência. A lista de construções regista rebocadores,
e ser inspiradora.                                                   vedetas, batelões e mesmo um casco para um cargueiro, o Beira,
                                                                     para a Companhia Nacional de Navegação.
   Iniciada a sua construção em 1928, com dinheiros provenien-
tes das indemnizações alemãs da Grande Guerra, foi concluído           Também os armadores estrangeiros procuraram o AA, de-
                                                                     monstração de que o seu prestígio se estendeu além fronteiras.

12 JULHO 2014
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