Page 13 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 487

Os arrastões de pesca Portisham e Portaferry, para a Suécia, o       mente, bem se fez, permitindo manter, mesmo, após uma longa
petroleiro Hector (o casco), o iate Donapila II, projecto do arqui-  vida operacional, elevados níveis de disponibilidade e operacio-
tecto português Jorge de Almeida Araújo, e, após o 25 de Abril,      nalidade dos navios da Marinha, em condições de segurança e
os dois cascos para navios de carga refrigerada, o Dzieci-Polskie e  habitabilidade, como foi o caso dos submarinos e das corvetas.
o Zyrardów, destinados à Polónia, são exemplos de encomendas
realizadas para armadores estrangeiros.                                No presente, novos e difíceis desafios se apresentam, so-
                                                                     bejamente conhecidos e discutidos, mas o estaleiro tem pro-
  Como não podia deixar de ser, também a construção para a           curado enfrentá-los de modo a assegurar a sua continuidade
Marinha constituiu uma actividade relevante no estaleiro, sen-       mantendo as capacidades essenciais ao prosseguimento da
do de salientar o navio balizador Schultz Xavier, as lanchas de      sua Missão. O presente é de esperança, na medida em que
desembarque grandes (LDG) Alabarda e Bombarda, várias LDM,           a recente aproximação a outras marinhas amigas poderá ate-
vedetas de transporte de passageiros, as lanchas de Fiscalização     nuar os efeitos que lhe têm sido impostos pelas restrições or-
da classe Albatroz, duas Lanchas Hidrográficas, a Andrómeda e a       çamentais vigentes. É essencial assegurar a sua continuidade
Auriga, as LFR classes Argos e Centauro, duas lanchas salva-vidas    até que soluções mais duradouras e sustentáveis sejam deci-
e duas lanchas para a Polícia Marítima, da classe Bolina. O res-     didas e implementadas pelas tutelas e para isso o estaleiro,
tauro da fragata D. Fernando II e Glória, a última nau construída    agora AA, SA, lançou mão do seu património mais valioso, os
na Índia, foi um projecto de grande relevo, que não se tem dú-       seus trabalhadores, que motivados pelo orgulho da pertença
vidas em afirmar que muito dificilmente teria sido concretizável       a uma casa com 75 anos de História, de boa e prestigiada His-
em qualquer outro estaleiro nacional, com o grau de apuro e o        tória, servem diariamente, com esforço e sacrifício, a empre-
cuidado com o detalhe e rigor histórico conseguidos.                 sa, a Marinha e o País.

  Não se podia também deixar de referir a capacidade de pro-                                                          Cunha Salvado
jecto e de engenharia que o estaleiro deteve durante todos estes                                                            CALM ECN
anos e de que ainda retém um núcleo significativo. Foi este esta-
leiro capaz de projectar embarcações de diversos tipos, resolver     N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico
complexos problemas de engenharia, alguns dos quais interna-
cionalmente reconhecidos pelo seu carácter inovador e, por ve-
zes, pioneiro. Ao longo destes 75 anos muito se fez mas principal-

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