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REVISTA DA ARMADA | 487
NRP BARTOLOMEU DIAS
DO GOLFO DA GUINÉ A LISBOA
PARTE 2
Com a ilha de Santiago a desaparecer no horizonte, o navio rumou lho junto ao porto de São Tomé. Os dias seguintes foram preenchi-
para as águas do Golfo da Guiné. Aguardava-nos um trânsito de dos fazendo uso das valências da guarnição, tendo a generalidade
uma semana, tempo para preparar a visita a São Tomé e Príncipe. das ações sido focada no treino de vistoria e abordagem, procedi-
O treino interno integrou a rotina diária do navio, adaptado agora à mento radiotelefónico e manutenção de motores fora-de-borda.
grande alteração climática que rapidamente se fez sentir com a apro-
ximação às latitudes do equador térmico e às borrascas associadas. Concluídas as ações em terra, o programa de cooperação foi com-
plementado com o embarque de uma equipa da GC para uma ação
Na manhã do dia 5 de abril avista-se a ilha de São Tomé. Ver- de fiscalização de dois dias nas águas territoriais do arquipélago. Não
dejante e isolada, caracterizou-se de imediato pelo seu contraste obstante o curto período, este embarque permitiu não só o funda-
paisagístico com as ilhas do arquipélago de Cabo Verde. A che- mental treino de mar, como também a integração e o trabalho em
gada ao fundeadouro da Baía Ana Chaves revela a hospitalidade equipa com alguns militares santomenses que posteriormente viriam
do povo santomense com a aproximação de diversas pirogas que a embarcar no navio durante o exercício OBANGAME EXPRESS 14.
interromperam a faina de pesca para saudar a Bartolomeu Dias.
Esta baía, abraçada pela capital São Tomé, acolhe vários navios APOIO À COMUNIDADE DA ROÇA MONTE CAFÉ
mercantes que fazem a sua faina com o auxílio de pequenas em-
barcações em trânsito contínuo para o porto. Aproveitando a visita do navio a São Tomé, foi também promovi-
da, à semelhança do efetuado em Cabo Verde, uma ação de apoio à
Organizadas as bordadas, foram iniciados os trânsitos das “embar- população, tendo para o efeito o navio contado com o apoio das au-
cações de licença” com a bordada de folga a fazer fila junto ao portaló. toridades locais e de uma organização não-governamental, a Helpo,
A curiosidade despertada pela beleza da paisagem observada do mar na identificação de uma localidade alvo. Escolhida a comunidade
refletia-se no rosto dos elementos da guarnição, elevando a expeta- da Roça Monte Café, situada no centro da ilha, no distrito de Mé-
tiva para visitar a Ilha “Chocolate”, cognome que recebeu no início Zochi, foram realizados trabalhos de beneficiação na escola primá-
do século XX por ter o cacau como a sua principal produção agrícola. ria e no jardim-de-infância, os quais inevitavelmente foram segui-
dos com a natural curiosidade e inocência das dezenas de crianças
A INICIATIVA MAR ABERTO 2014 EM SÃO TOMÉ que ali iniciam o seu percurso escolar. Paralelamente e com grande
adesão de toda a comunidade, foram também realizadas consultas
E PRÍNCIPE de rastreio médico, direcionadas para a deteção de hipertensão ar-
terial, atenta a prevalência desta doença crónica na ilha.
As atividades associadas à Iniciativa Mar Aberto iniciaram-se com
uma reunião de coordenação nas instalações da Guarda Costeira Contando com o apoio das autoridades de São Tomé e Prín-
de São Tomé e Príncipe – STP-GC, onde foram agendadas as ações cipe, foi ainda entregue à Santa Casa da Misericórdia material
a realizar durante o período de estadia do navio no arquipélago. escolar e vestuário diverso, doado por elementos da guarnição e
pelas instituições escolares do concelho de Almada, colégio Cam-
Conforme planeado, as ações de cooperação tiveram o seu iní- po de Flores e escola Fernão Mendes Pinto.
cio com a visita ao navio de alguns elementos da GC e com a reali-
zação de uma instrução teórica e prática de operações de mergu-
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