Page 93 - Revista da Armada
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seu a sua valiosíssima da Marinha e mais tar-
colecção de temática Foto SAJ T Sá de como Presidente da
naval e marítima. A co- República.
lecção estava avaliada, Colecção do CALM Roque Martins A inauguração das
à data, em 15.000 con- novas instalações teve
tos(4), e ocupava nove lugar em 15 de Agosto
salas e uma galeria na de 1962, em expressi-
sua residência na Rua va cerimónia presidi-
D. Estefânia. Era fun- da pelo Chefe do Es-
damentalmente cons- tado, precisamente o
tituída por cerca de Almirante Américo
20.000 chapas fotográ- Thomaz, um homem
ficas, que vão desde do mar, à semelhança
finais de séc. XIX até à do seu fundador – o
década de 1940, e por Medalha Comemorativa da Inauguração das Novas Instalações – Álvaro de Brée – 1962. Rei Marinheiro.
aproximadamente 300 Desde então, o Mu-
modelos de navios da Marinha de Guerra, de mitiva designação de Museu de Marinha. Na seu tem vindo a conhecer um significativo
embarcações de pesca e tráfego local, de embar- mesma data é promulgado o respectivo Regu- progresso e uma crescente divulgação no país
cações de recreio e por um apreciável número lamento, e fixada a lotação de sargentos e pra- e no estrangeiro, que o guindaram já a uma
de gravuras, nacionais e estrangeiras, aguare- ças. Pela primeira vez o Museu era dotado com posição de relevo que muito honra a Marinha
las, cópias fotográficas e centenas de desenhos e uma verdadeira estrutura orgânica. e o próprio País.
planos de navios e embarcações. Foram muitos os oficiais de Mari-
Esta colecção ainda constitui, nha e estudiosos que devotadamen-
presentemente, uma parte impor- PLANETÁRIO MUSEU DE MARINHA te contribuíram para que o Museu de
tantíssima do acervo do Museu. GULBENKIAN LOCALIZAÇÃO E PLANTA DAS INSTALAÇÕES Marinha viesse a ser uma realidade,
Como o testamento incluísse a coleccionando os restos materiais da
clausula de o legado ser retirado no nossa grandiosa acção marítima e
prazo de três meses após o seu faleci- 1º ANDAR reunindo valiosos elementos. Não
mento, tornou-se necessário procurar 3 - Sala da Marinha de Recreio pretendendo ser exaustivo nem es-
4 - Sala da Marinha Mercante
um imóvel onde a colecção pudesse 5 - Sala da Construção Naval quecer todos quantos participaram
instalar-se convenientemente. no importante projecto, considera-se
Após exaustiva pesquisa do mer- de justiça realçar a acção do Coman-
cado imobiliário em Lisboa que se dante Jaime do Inso, a quem o Museu
PLANETÁRIO
revelou infrutífera pela dificuldade GULBENKIAN de Marinha muito deve. Presidiu à
em encontrar edifício adaptável às primeira organização do Museu, ten-
exigências da colecção, apenas em do sido seu Director durante cerca de
1948, foi o próprio Estado, através dezanove anos, de 1948 a 1967.
RÉS DO CHÃO
do Ministério das Finanças, quem 1 - Sala da Entrada É igualmente justo registar a ac-
2 - Sala do Oriente
disponibilizou o Palácio do Conde 6 - Sala dos Descobrimentos ção de outros oficiais de Marinha:
7 - Sala do Século XVIII
de Farrobo, nas Laranjeiras, para nele 8 - Sala dos Séculos XIX e XX o Almirante Brás de Oliveira, antigo
9 - Sala Henrique Maufroy de Seixas
se instalar, de novo a título provisó- 10 - Sala do Tráfego Fluvial professor da Escola Naval, artista e
11 - Sala da Pesca Longínqua
rio, o Museu de Marinha. Finalmen- 12 - Sala da Pesca Costeira arqueólogo; o Comandante Fontou-
13 - Sala das Camarinhas Reais
14 - Galeria
te em Dezembro de 1948 começou a 15 - Pavilhão das Galeotas ra da Costa, também professor da
16 - Cafetaria e Loja
Colecção Seixas a ser transportada Escola Naval, investigador erudito e
para aquele Palácio onde ficou ins- Planta das instalações. que muito contribuiu para os estudos
talada em Abril de 1949. O Museu náuticos e Descobrimentos Portugue-
abriria pela primeira vez ao público em finais O Museu conservou-se no Palácio do Conde ses; o Comandante Quirino da Fonseca, que
do mesmo ano. de Farrobo até ser possível realizar a sua trans- se evidenciou como investigador e arqueólogo
Em 1954 foi nomeada uma comissão mis- ferência para as actuais instalações, o que acon- tendo sido Director do Museu, de 1936 a 1939;
ta – Ministério da Marinha, das Obras Públi- teceu sobretudo devido ao grande empenho Eduardo Couto Lupi, 1º Tenente da Reserva da
cas e Comunicações, e da Educação Nacional posto na resolução do assunto pelo Almiran- Armada, escritor, Director do Museu, de 1940
– para estudar e resolver os problemas susci- te Américo Thomaz, primeiro como Ministro a 1948, e que esteve na génese da transferência
tados pela prevista (enfim!) ins- do Museu para Belém.
talação do Museu na ala oeste do Presentemente, o Museu dis-
Mosteiro dos Jerónimos. põe de um acervo de cerca de
A comissão foi dissolvida, sen- 16.900 peças enfichadas e catalo-
do-lhe “manifestado o muito apre- gadas em quarenta e quatro cate-
ço que mereceu e o inegável acerto gorias, das quais se destacam pela
com que trabalhou e se desempe- sua especial importância: o Arma-
nhou da sua incumbência”. mento (com referência para as oi-
Em 1956 foi nomeada outra tenta e quatro Peças de Artilharia
comissão mista (Ministério da dos séc. XVI, XVII, XVIII e XIX);
Marinha, das Obras Públicas e a Cartografia (cerca de 1.290 car-
da Educação Nacional) para de- tas náuticas datadas desde o séc.
finir o programa da instalação do XII a XX, com especial relevância
Museu de Marinha na ala poente para as nove originais repartidas
do Mosteiro dos Jerónimos. pelos séc. XVI, XVII e XVIII e para
Em 1959 dá-se a reorganização o Atlas do Visconde de Santarém
do Museu, passando a ter a pri- Sala de Entrada. que constitui a primeira colecção
REVISTA DA ARMADA U MARÇO 2004 19