Page 196 - Revista da Armada
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(praticamente) em estreia, é a prova de que algo: complexa de interpretação, a exigir
         uma enorme maturidade da banda, transporta-nos numa viagem telúrica que cons-
         titui um verdadeiro hino à vida. Jorge Salgueiro já nos habituara a uma forma própria
         de sensualidade que só é ingénua na aparência. Nesta obra essa sensualidade oscila
         entre as delícias da harmonia e a brutalidade de ritmos surpreendentes que parecem
         vir do interior da terra. Tão surpreendentes quanto a natureza e a vida, que me pare-
         cem ser as suas verdadeiras musas inspiradoras. Entendi esta peça como o momento
         culminante do concerto e por isso a coloco como referência. A apresentação anterior
         da Fanfarra e Hino pela Paz de Março Somadossi, e o Decennium, de Erc Swinggers,
         prepararam-nos para a Primavera, de Jorge Salgueiro. Confesso que não conhecia
         nenhuma delas – gostei particularmente da segunda – e achei que espelharam a já
         referida marca inovadora do nosso novo maestro. A abertura da segunda parte com
         Porto Covo de Rui Veloso e Carlos Tê (arranjo de Jorge Salgueiro) foi a homenagem
         prestada à cidade de Sines, que se completou, naturalmente, com o Caminho para
         a Índia, de Samuel Pascoal, que fechava o programa. Entre as duas ficou a surpreen-
         dente 2ª suite de Jazz de Dmitri Shostakovich. O critério da escolha deu à segunda
         parte um sentido ondulatório que deixou uma agradável sensação de bem estar e a
         convicção de que a Banda da Armada renasce para um novo percurso.

         O DIA 20 DE MAIO
           O dia 20 de Maio – o Dia da Marinha – começou com uma missa de sufrágio aos
         militares, militarizados e civis da Marinha já falecidos, na Igreja do Santíssimo Sal-
         vador - Igreja Matriz de Sines. Celebrada sob a presidência de D. António Vitalino
         Fernandes Dantas, Bispo de Beja, acolitado pelo Capelão-Chefe da Marinha, Antó-
         nio Beltrão, e os capelães Ilídio Costa e Licínio Silva. No início, foi lida pelo cape-
         lão Beltrão uma mensagem de D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Arma-
         das, onde apresentava cumprimentos ao Chefe do Estado-Maior da Armada e a todo
         o pessoal da Marinha, saudou o Bispo de Beja, agradecendo a sua disponibilidade
         para a celebração e, dirigindo-se a todos nós, afirmou que “O Dia da Marinha con-
         grega pessoas e História, aspirações e esforços, amizade mútua e saudade pelos que
         nos deixaram”. É verdade.
           De seguida, o CEMA, Almirante Melo Gomes, acompanhado de outras entida-
         des presentes e convidados, depositou uma coroa de flores na base do monumen-
         to dedicado a Vasco da Gama.
           Cerca das 10h30 dava-se início à cerimónia militar, que teve lugar na Avenida
         Vasco da Gama, em frente à praia do mesmo nome e por debaixo da falésia que
         sustenta o castelo e o centro histórico da cidade de Sines. As Forças em Parada,
         comandadas pelo CMG Gouveia e Melo, eram constituídas por um bloco de 15
         estandartes de unidades e organismos da Marinha, escoltados por um pelotão de
         cadetes da Escola Naval, Banda e Fanfarra da Marinha, uma companhia de cade-
         tes da Escola Naval, uma companhia de alunos da Escola de Tecnologias Navais,
         um batalhão de fuzileiros a duas companhias e uma força motorizada da Direcção-
         -Geral da Autoridade Marítima. Encontravam-se fundeados no porto de Sines o NRP
         “Corte-Real”, o NRP “Comandante Sacadura Cabral” e o NRP “Bérrio”. Atracados
         em diferentes cais, estavam ainda o Navio Escola “Sagres”, o Navio de Treino de Mar
         “Crioula”, o submarino “Barracuda”, o NRP “João Roby”, o NRP Baptista de Andra-
         de, o NRP “D. Carlos”, o NRP “Pégaso”, o NRP “Sagitário”, o NRP “Polar” e o NRP
         “Vega”. Presidiu ao evento o Ministro da Defesa Nacional, Dr Luís Filipe Marques
         Amado, a quem foram prestadas as honras militares devidas pelas Forças em para-
         da e saudado com uma salva de 19 tiros, efectuada pelo NRP “Corte-Real” estan-
         do presentes ainda os Secretários de Estado da Defesa e Assuntos do Mar, do Planea-
         mento e dos Transportes.
           Após a integração do bloco de estandartes, o Almirante CEMA proferiu uma alocu-
         ção. As suas primeiras palavras foram para a cidade de Sines e para o seu Presidente da





















         14  JUNHO 2006 U REVISTA DA ARMADA
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