Page 197 - Revista da Armada
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Câmara, Dr. Manuel Coelho Carvalho. O Almirante Melo Gomes agradeceu o convi-
te para a comemoração do Dia da Marinha na terra que viu nascer Vasco da Gama,
salientando as gratas memórias que a baía e o porto trazem a todos os marinheiros.
De seguida dirigiu-se a todos os que servem na Marinha, explicando a importância
das riquezas contidas no mar, hoje “espaço de circulação e fonte de recursos bioló-
gicos” a que se acrescenta o papel de “reservatório de energia e minerais, espaço de
lazer e, infelizmente, também receptáculo de poluição”. É sobre esse mar que – na
dimensão nacional adequada – a Marinha terá de desenvolver os seus esforços de
forma a garantir a segurança indispensável “à prossecução” dos interesses nacionais.
Explicou, no entanto, que a nossa missão não se limita “às missões clássicas das ma-
rinhas militares e guardas costeiras: em primeiro lugar, “ a renovação da esquadra é
um estímulo sustentado para a indústria nacional”; para além disso cabe-lhe o estu-
do e desenvolvimento “no âmbito das ciências do mar”, de que distinguiu a acção
do Instituto Hidrográfico, como “casa de excelência que os portugueses conhecem”;
e, por fim realçou as actividades de âmbito cultural, onde impera a necessidade de
preservar “um valioso património de muitos séculos”. No seu conjunto – sintetizou
o CEMA – “a Marinha está presente em praticamente todos os sectores da vida na-
cional ligados ao mar”. Não deixou de chamar a atenção para o problema da pre-
servação da dimensão oceânica da Marinha – ou da prossecução da renovação dos
meios – de forma a que possam garantir-se sempre os “empenhamentos no mar e a
partir do mar, onde, e quando o país precise”. “Com efeito, as marinhas não se im-
provisam” – disse o almirante Melo Gomes – “são mais fáceis e baratas de manter do
que de edificar”. E prosseguiu abordando o delicado problema da gestão de pessoal,
e da complexidade específica que apresenta no vasto mundo que é a Administração
Pública. É fundamental “encontrar soluções integradas e com visão de futuro, sendo
imperativo que a anunciada revisão de carreiras contribua para solucionar ou, pelo
menos, minimizar as assimetrias existentes”. Dirigindo-se directamente ao Ministro
da Defesa Nacional, o CEMA afirmou a sua confiança nas capacidades dos homens
e mulheres que comanda. Os marinheiros estão habituados a sacrifícios, são solidá-
rios na adversidade e nunca regatearam esforços pelo país, “tudo fazendo para me-
recer a sua confiança”.
Terminado o discurso do Chefe do Estado-Maior da Armada, procedeu-se à ho-
menagem aos militares, militarizados e civis da Marinha, já falecidos, a que seguiu
a imposição de condecorações militares. A cerimónia terminou cerca das 12h30,
encerrando com o desfile das Forças em Parada, evoluindo de forma a passar em
frente à tribuna prestando continência ao Ministro da Defesa Nacional. Duran-
te esse desfile, o local foi sobrevoado por dois helicópteros Linx provenientes do
NRP “Corte-Real”.
A população de Sines acorreu ao local em número significativo, e terminada que
foi a cerimónia militar acorreu ao passeio da Avenida Vasco da Gama de forma a as-
sistir à demonstração naval que teve lugar na praia e na baía de Sines. Constou essa
demonstração de actividades levadas a cabo pelo Destacamento de Acções Especiais
(DAE), de um Destacamento de Mergulhadores da Armada, do Pelotão de Reconhe-
cimento da Companhia de Apoio de Fogos do Corpo de Fuzileiros, da Unidade de
Meios de Desembarque e de dois helicópteros da Esquadrilha de Helicópteros da
Marinha. Foram efectuadas demonstrações de acções de infiltração, de transporte
de carga, de evoluções com botes de assalto e um desembarque na praia Vasco da
Gama. A autoridade Marítima teve também ocasião de mostrar algumas das suas ac-
tividades, utilizando os meios aquáticos à sua disposição. Terminou a demonstração
com um conjunto de manobras e evoluções de voo de um helicóptero Linx que, na
sua forma peculiar, saudou todos os presentes.
Z
J. Semedo de Matos
CFR FZ
REVISTA DA ARMADA U JUNHO 2006 15