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ACADEMIA DE MARINHA
Sessões Culturais
Sessões Culturais
entro da programação cultural da Academia de Marinha, A oradora, na sua exposição, recordou que com a expulsão dos fran-
realizou-se no passado dia 27 de Fevereiro uma sessão ceses do Maranhão e a fundação da cidade de Santa Maria de Belém
Dcultural, na qual a Drª Anete Costa do Grão Pará, se iniciou o domínio e a ocupa-
Ferreira, convidada da Academia, proferiu ção portuguesa da região da Amazónia.
uma comunicação com o título “Evocando Explicou as várias fases por que passou a
os 370 anos da Expedição de Pedro Teixeira vida de Pedro Teixeira, português nascido
à Amazónia”. em Cantanhede (distrito de Coimbra) que
Na mesa, presidida pelo Presidente da chegou ao Brasil em 1607, em pleno domí-
Academia de Marinha, VALM Ferraz Sac- nio filipino e que se foi distinguindo em
chetti, encontravam-se, ainda, a Profª Dou- inúmeros recontros, antes de iniciar a sua
tora Raquel Soeiro de Brito e o Prof. Dou- famosa expedição em Outubro de 1637, na
tor Contente Domingues, estes dois últimos viagem que daria ao Brasil a sua mais ex-
Vice-Presidentes. tensa região e que regressou ao fim de 26
O Presidente abriu a sessão, fazendo a meses de viagem, a Belém do Pará, em De-
apresentação da oradora diplomada em zembro de 1639.
Ciên cias Humanas pela Universidade da Esta expedição permitiu que os portugue-
Amazónia e que cursou a Escola Superior ses, talvez pela primeira vez, ficassem mais
de Guerra (Brasil), sendo membro de vá- cientes da imensa riqueza que constituía o
rias instituições culturais brasileiras e ten- facto de a Amazónia passar a pertencer a
do exercido, além disso, a docência sobre a Dr.ª Anete Costa Ferreira. Portugal.
Amazónia em universidades portuguesas e sido galardoada com A exposição oral foi acompanhada dum documentário da Freeze
diplomas e medalhas pelas autoridades portuguesas, brasileiras Filmes, do produtor José Borges, reproduzindo o roteiro da notável
e americanas. empresa, na Amazónia, no séc. XVII.
eve lugar no passado É o que sucedeu com a
dia 6 de Março uma entrega da Praça de Tân-
Tcomunicação do aca- ger a Carlos II de Inglater-
démico Dr. Rui Miguel da ra, como dote da sua futura
Costa Pinto intitulada “A en- mulher, a Infanta D. Catari-
trega da praça de Tânger e na, filha de D. João IV.
suas consequências”. Presi- Foi salientada “a impe-
diu à sessão a Vice -Presidente riosa necessidade de Por-
Professora Doutora Raquel tugal receber ajuda exterior
Soeiro de Brito, por impossi- que lhe permitisse garantir
bilidade do Presidente VALM a posse das suas colónias e
Ferraz Sacchetti. proteger o seu comércio”,
O orador expôs o tema além dos mercadores ingle-
com largo trecho de porme- ses recearem uma eventual
nores relacionados, não só união ibérica contrária aos
com a difícil e delicada situa- seus interesses e, ainda, o
A mesa que presidiu à Sessão.
ção político-militar de Portu- facto de Tânger reunir as
gal face à Espanha, mas também com o choque de interesses entre condições de um porto de abrigo.
ingleses e espanhóis nesta área do Mediterrâneo. No Algarve, a vida dos portugueses que voluntariamente re-
A vida política, econó- gressaram de Tânger apresentou-se cheia de dificuldades, algu-
mica e militar do nosso mas insuperáveis, a respeito das promessas de auxílio do poder
País após a Restauração central em Lisboa, o que tornou ainda mais sombria a lembrança
de 1640 não foi nada fá- de Tânger e do seu passado como domínio português.
cil e apresentou aspec- Os ocupantes ingleses sofreram muitas dificuldades e vicissi-
tos múltiplos que, ainda tudes naquela praça, umas de ordem local e outras fruto da com-
hoje, não são do conhe- plicada política interna inglesa, a ponto de, depois de grandes
cimento corrente. esforços em homens e dinheiro para conservarem esta posição na
Alguns deles são co- costa africana, terem decidido abandoná-la ao fim de uma pre-
nhecidos só parcial- sença de 22 anos, o que parece que “não teve grandes repercus-
mente, impondo-se a sões emocionais em Inglaterra”.
realização de estudos O orador utilizou projecções de quadros e gravuras alusivos
abrangentes que facili- aos factos expostos e esclareceu uma série de questões que, após
tem uma visão global e a comunicação, lhe foram suscitadas por diversas pessoas da as-
o respectivo enquadra- sistência.
mento na política euro- Z
Dr. Rui Miguel da Costa Pinto. peia da época. (Colaboração da Academia de Marinha)
22 JUNHO 2007 U REVISTA DA ARMADA